Recentes notícias nos dão conta da tragédia sanitária dos índios Yanomamis, expondo um lado vergonhoso de nosso trato com esses brasileiros esquecidos e reafirmando minha convicção de que precisamos proteger esses povos e também sua língua, seus costumes e seu território.
É nosso dever, como cidadãos brasileiros, cuidar de nossos povos primitivos. Eles aqui chegaram há 12.000 anos, ocupando todo nosso território. Teriam vindo através da ponte congelada do Estreito de Behring e se espalhado, dando origem a várias tribos e etnias. Seriam mais de 5 milhões quando os portugueses chegaram, reunidos em aldeias que cultivavam mandioca, caçavam e pescavam.
Ao contrário de seus vizinhos incas, bastante desenvolvidos para a época, nossos silvícolas eram primitivos, em estado bem precário de desenvolvimento. Sofreram grande perseguição por parte dos brancos, que os queriam escravizar, tendo sido dizimados em grande quantidade, o que não impediu que se miscigenassem com os europeus, colaborando para a criação da etnia brasileira.
Hoje, não são mais do que 800 mil, distribuídos em torno de 300 etnias, alguns convivendo com a civilização, outros perdidos nas matas, que falam 200 línguas. A região amazônica tem a maior parcela destes índios, que ajudam a preservar a natureza, sendo detentores de muito conhecimento da floresta e das plantas, que usam como medicamentos e estão ao nosso alcance, para novas descobertas.
A Constituição de 1988 reconheceu os direitos desses povos, dentre eles o de ter território delimitado, onde poderão viver sem serem incomodados, assegurada assim a opção de se integrarem a nossa sociedade ou permanecerem em sua terra natal. Ocorre porém que as terras indígenas são férteis em riqueza mineral e constantemente invadidas por garimpeiros e bandidos, em busca de se apropriar desses recursos.
Madeireiros abatem árvores sem critério. Ao mesmo tempo que esbulham as riquezas, levam doenças, pois vivendo longe dos brancos, os índios não têm resistência imunológica a elas. Além disto, no garimpo, espalham mercúrio para purificar o ouro, matando os peixes que sustentam as tribos e inoculando o metal altamente prejudicial no organismo.
A frágil existência dos indígenas depende de forte atuação governamental, providenciando segurança, assistência sanitária e dando-lhes os meios de manter sua cultura.
Muitos dos índios atuais já se aculturaram, frequentam escolas e universidades, participam da vida política nacional, enquanto outros vivem isolados.
A região de Ribeirão Preto, desde 13 mil anos atrás, era habitada por índios caiapós, reunidos em pequenas aldeias. Dedicavam-se a uma agricultura rudimentar e pescavam e caçavam nas nossas matas. Com a chegada dos bandeirantes, que os buscavam para escravizar, sua população desapareceu. Hoje, poucos sítios arqueológicos dão testemunho de sua presença.
É preciso uma urgente política de eliminar garimpeiros, bandidos, madeireiros e aproveitadores, que ocupam importantes áreas dos indígenas, restabelecendo a integridade dos seus territórios. Respeitar a vontade de viverem fora da sociedade brasileira, mas, oferecendo a eles o apoio de saúde e segurança, bem como monitorar continuamente sua existência, para intervir em seu benefício, quando necessário.
A política do indígena é responsabilidade do Governo Federal, que estava muito omisso no cumprimento de suas obrigações, mas merece o apoio e a cobrança de todos, na defesa de seres brasileiros como nós.