Por Helba Diniz
Quando se fala em Santuário do Caraça, em Minas Gerais, logo vem à cabeça toda a histórica religiosidade do lugar. Mas para quem gosta de natureza, de desafiar trilhas e serras, a região oferece um leque fantástico de diversão. Inevitável por ali não conhecer toda a importância do lobo Guará que habita aquelas terras e é protagonista de muitas histórias. Dizem que ele pode ser visto a qualquer hora e qualquer lugar, até mesmo na igreja. A região tem a vizinha e não menos interessante Catas Altas, uma cidadezinha encravada entre estradas íngremes e morros. E é lá que o turista pode se encantar com a gastronomia típica e até uma taberna em estilo medieval.
A viagem de Belo Horizonte até o Caraça oferece uma vista interessante. Serras com vegetação diversificada, isso porque a Serra do Caraça fica numa região com Cerrado e Mata Atlântica, cada uma com as suas características e plantas típicas. Bromélias e orquídeas nas árvores, palmas e muitas outras flores exóticas podem ser vistas por todo canto.
Saindo cedinho de Belo Horizonte, pode-se parar nos diferentes pontos na estrada para um cafezinho e o inegável pão de queijo, orgulho da mineirada. E foi tudo isso que a bancária e corretora de imóveis Cláudia Couto, de Belo Horizonte, buscou nesse passeio em que reuniu 8 amigas. Elas se juntaram numa excursão, prontas para desbravar trilhas e cachoeiras.
Ao final, saiu maravilhada. “Gostei muito, quero voltar! Amei especialmente a parte histórica e achei linda a cidade de Catas Altas, e ser recebida pelo Catas Reggae [grupo de percussão formado por crianças e adolescentes resgatados de situação de vulnerabilidade] foi especial, recomendo o passeio”.
A parceria com o Instituto IYOGA BH, de Belo Horizonte, foi outro ponto destacado por Cláudia. Ao final do passeio e no alto de uma serra, a professora de Yoga, Fátima Macedo, conduziu a meditação e uma dinâmica em grupo. “Achei incrível viver aquele momento de contemplação e paz de espírito diante de um cenário espetacular”, disse Claudia.
A bancária foi na turma do guia turístico Marco Haddad, da agência Esperanza Tour eventos, que se especializou no público da terceira idade, mas leva turistas de todas as faixas etárias. Naquele final de semana ele estava com um ônibus e uma van de turistas para passar o dia conhecendo os dois lugares. Segundo Marco, o leque de atrações garante diversão para todas as idades e gostos, indo do esporte radical à simples caminhada e apreciação das belezas naturais, igrejas e museus e a tradicional comida mineira.
Para o guia, o tempo ideal para conhecer esses dois lugares vai depender da expectativa do turista, mas tanto por um dia ou com pernoite ele recomenda a contratação de um guia credenciado Cadastur para o melhor aproveitamento e qualidade nas informações.
Para quem decide se hospedar, o Santuário do Caraça possui quartos confortáveis e quartos coletivos. Já quem opta por esticar até Catas Altas, a cerca de 45 minutos de viagem, existem várias pousadas que atendem democraticamente os gostos e bolsos. Nesta pequena cidade a concepção de serviço é diferente do Santuário do Caraça, pois o objetivo é atender o turista que busca o lazer aliado à boa gastronomia, agitação nos bares e restaurantes locais.
Quem decide percorrer os quase 37 quilômetros do Caraça até Catas Altas é recebido por um dos principais cartões postais da cidade: a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. No típico estilo rococó – edificada em taipa, madeira e pedra – teve sua construção iniciada em 1729 para substituir a igreja matriz velha. E é ali, bem em frente, que o turista vai poder apreciar o trabalho social do Catas Reggae que se apresenta com muita personalidade.
Entre os bares e lanchonetes, um restaurante e choperia se destaca pelo seu estilo medieval e pelo tamanho. As jabuticabeiras enormes também impressionam. Elas tiveram o espaço respeitado durante a construção do lugar, é interessante ver galhos preservados entre espaços abertos na cobertura do La Violla.
Quem gosta de vinho não pode perder a oportunidade de experimentar novidades como o premiado vinho de jabuticaba do lugar ou outros vinhos.
O importante, segundo Marco, é não deixar de conhecer algumas das principais atrações. No Caraça ele cita a Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, biblioteca, museus e as belezas naturais da Prainha e Cascatinha no Santuário do Caraça. Cada uma dessas atrações oferece um grau de desafio. A Prainha por exemplo é recomendada para quem busca tranquilidade, mas a Cascatinha tem água mais turbulenta.
Outra dica do guia é conhecer o banho de Belchior e a Cascatona, uma cachoeira com grau de dificuldade alto. Quem fica hospedado no Santuário do Caraça pode participar do ritual de alimentação do Lobo Guará, que é feito com o acompanhamento de um responsável local, no período noturno.
Para aproveitar melhor os dois passeios, é recomendado usar calçados leves, boné e protetor solar. Uma das melhores opções é ir até Belo Horizonte, depois são 121 quilômetros de carro ou de ônibus até o Caraça.