A crença de que todas as crianças são talentosas, ou a negação total do talento acadêmico, leva algumas pessoas a proporem que classes especiais para crianças talentosas deveriam estar disponíveis para a maioria das, quando não para todas as, crianças. Embora esta suposição pareça à primeira vista interessante e simpaticamente afetiva, há consequências não intencionais provocadas por abrir classes para todas as crianças ditas talentosas. Quando estas classes se tornam menos academicamente seletivas, um entre dois cenários inevitavelmente emerge: (a) estudantes academicamente despreparados nestes cursos, ou classes, experienciam altas taxas de fracassos, ou (b) as classes devem ser niveladas por baixo para acomodar as novas crianças. Ambas as consequências ocorrem porque crianças, de modo geral, têm dificuldades em manejar cursos, ou programas avançados, que seus pares academicamente talentosos acham manejáveis.
Assim considerando, uma quantidade enorme de estudos têm revelado que quanto mais crianças têm participado das classes especiais especificamente destinadas aos talentosos, mais o escore médio do teste na maioria das classes mais atrativas tem diminuído. Portanto, permitir que os menos academicamente talentosos participem das classes especiais para talentosos tem diminuído os escores e aumentado a taxa de fracasso nos exames específicos das classes para talentosos. Um desfecho mais comum decorrente da ação de abrir classes avançadas para a população para todos os estudantes é que o rigor, e currículo, tornam-se relaxados para acomodar os estudantes menos talentosos. Embora evidências robustas sejam difíceis de serem encontradas porque, por alguma razão, não existem medidas objetivas da aprendizagem dos estudantes em classes avançadas que possam avaliá-los criteriosamente. Não obstante, as características dos estudantes com alto QI tornam inevitável que uma classe que inclui uma parcela significativa de estudantes medianos servirá aos estudantes mais brilhantes de forma mais pobre e, talvez, até inadequadamente.
Lições personalizadas para estudantes com alta inteligência serão efetivas começando dos princípios gerais, abstratos e então usando exemplos específicos para ilustrar. Estas lições serão vagamente estruturadas e incluem conexões para diferentes tópicos e matérias escolares. Se uma proporção elevada de estudantes médios está na classe, então uma lição efetiva inevitavelmente necessitará ser menos abstrata, concreta e mais cuidadosamente estruturada. Enquanto as evidências indicam que as crianças talentosas podem se beneficiar de suas próprias classes e de sua aceleração acadêmica, isto, todavia, não significa que apenas as crianças talentosas devam receber uma educação rigorosa. Todas as crianças devem ser desafiadas por um currículo e aprender alguma coisa nova todos os dias na escola. Idealmente, todas as crianças deveriam também experienciar os melhores métodos de ensino e um currículo rico e engajado que as preparem para a sua pós-vida além da escola, sejam estes a força de trabalho, o treinamento técnico ou o treinamento acadêmico. Dar o mesmo currículo e experiência educacional para todas as crianças leva a indesejáveis consequências. Algumas crianças inevitavelmente ficarão para trás, e algumas estarão meses ou anos sem aprender muito porque o currículo não é desafiador para elas. Ironicamente, tratar os estudantes do mesmo modo na escola é profundamente injusto.
Algumas crianças são talentosas e outras não. Afirmar isto não é elitista. Ao contrário, é o reconhecimento de que diferenças individuais existem e que, adaptando a realidade a essas diferenças, modelar-se há a educação que as crianças venham a ter, adequando-a para que todas sigam bem. Programas educacionais que refletem esta realidade inevitavelmente fornecem diferentes experiências educacionais aos estudantes talentosos e não-talentosos. Porque sabem que cada um tem seu ritmo e isso deve ser respeitado. Ignorar tais diferenças, entretanto, produz consequências negativas.