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O Brasil precisa de um novo contrato social! III

A luta do bem contra o mal coloca os cristãos “conserva­dores” ao lado do bem, e protegidos por Deus, e a partir dessa premissa todas as ideias e opiniões que contrariem os dogmas estabelecidos passam a ser o mal, e, portanto, tem que ser combatido com todas as armas possíveis e imagináveis que a mente humana possa conceber, dedicam o seu tempo para combater demônios imaginários como se fossem reais, e essa teoria conspiratória elegeu o comunismo como seu maior inimigo, mesmo que até hoje a teoria comunista tenha ficado no papel, mas para essa gente de “bem” o comunismo é um demônio real que quer acabar com a vida na Terra, e, portan­to, tem que ser exterminado.

No início dos anos 1960, acirraram-se as discussões sobre as reformas que deveriam ser feitas para que o Brasil deixasse de ser um país de terceiro mundo, e começasse a trilhar o ca­minho para se tornar uma Nação evoluída, no entanto a velha aristocracia rural e urbana, com fortes raízes escravocratas, não aceitou o resultado do Plebiscito, que deu plenos pode­res ao Presidente João Goulart, e começaram feito cupins a trabalhar na penumbra para derrubar o Presidente. Quando no dia 13 de março de 1964, uma sexta-feira, o Presidente João Goulart fez o famoso comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, onde cerca de duzentas mil pessoas assistiram entusiasmadas o Presidente defender as reformas de base, que eram reformas dentro do sistema capitalista, a canalhada entrou em ação alicerçando o golpe que se avisinhava.

A reação ao discurso do Presidente na Central do Brasil foi imediata. A Igreja Católica, associada a outras denomina­ções religiosas organizaram uma marcha para se contrapor às reformas de bases, reforma essa que achavam ser coisa de co­munista. E no dia 9 de março, uma semana após o evento da Central do Brasil, a tradicional família brasileira, defensora contumaz dos valores criatãos conservadores, como gostam de ser chamados, com um público estimado de quinhentas mil pessoas, a primeira marcha da família com Deus pela liberdade saiu pelas ruas do centro de São Paulo gritando palavras de ordem contra o Governo Federal, como: “reforma sim, comunismo não” evocavam preceitos da Constituição de 1946, que falava de democracia liberal, e a favor da inter­ferência estrangeira na economia brasileira, contra a reforma agrária e a favor da propriedade privada, coisas sagradas que segundo a visão míope dessa gente estavam sendo ameaçadas pelas reformas de base.

O efeito desta marcha foi devastador, pois a população brasileira majoritariamente cristã, e na época o catolicismo era dominante, e sua associação com outras igrejas formou uma linha de frente contra uma suposta invasão comunista, e a maioria da população que acreditava em suas igrejas aceitaram com compassividade as palavras dos seus líderes, e o caminho para o golpe cívico-militar ficou livre. E no dia 31 de março de 1964 se fez o golpe, e a milicada junto com a elite podre assal­tou o poder. Quem ganhou e quem perdeu? Quem ganhou foi o grande capital brasileiro associado ao capital alienígena, que nadaram de braçadas sobre as riquezas do território brasilei­ro, pois o grande capital não tem ideologia, tudo é permitido, mas tudo mesmo, pois em nome do máximo lucro, as vidas humanas ficam sempre no final da fila, principalmente a vida das populações pobres, porque para haver os bilionários tem que haver a miséria extrema. Quem perdeu foram os traba­lhadores e as populações periféricas, e o resultado vemos nos dias de hoje… Continua…

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