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Inteligência e seus descontentes (18): Toda criança é talentosa

Uma concepção errônea sobre as diferenças individuais no cenário da educação é a crença de que toda criança é talentosa. Esta crença se apresenta de diferentes formas. Alguns afirmam que as singularida­des de cada criança e suas necessidades específicas para nutrir sua educação constituem a raiz de seu talento. Outros definem talento de forma tão ampla que se torna aparente que toda criança é talento­sa. Decorre da proposição de que todas as crianças são talentosas que abrirão os seus pacotes de habilidades em diferentes momentos. Esta crença pode ser vista frequentemente em camisetas, decorações de paredes e muros, bonés, mochilas, comerciais televisivos e em muitos outros produtos comerciais.

Entendo de outra forma, supõe-se que se uma criança parece estar atrasada em relação aos seus pares, então ela é apenas um aprendiz lento que irá revelar seus talentos e irá competir com seus pares um pouco mais tarde. Um despertar intelectualmente brilhante eventualmente pode ocorrer com o desenvolvimento, mas este fato torna-se muito raro quando a criança envelhece. Na idade de aproximadamente 10 anos, uma criança que num ambiente favorável não manifestou uma inteligência elevada é muito improvável de fazê-lo no futuro.

O que é intrigante sobre esta crença de que toda criança é talentosa é que ninguém diz o mesmo sobre os adultos. Ninguém afirma que todo adulto é talentoso ou brilhante e tem domínios em eles excedem o desempenho de muitos outros. Ninguém acredita que se uma pessoa tem dificuldades, ela achará uma área de habilidade excepcional em todo adulto. Por alguma razão, mediocridade total é permitida apenas em adultos, nunca em crianças. Sem dúvida, definindo talento de forma muito ampla significa que mais pessoas são classificadas como talentosas, especialmente se uma pessoa necessita apenas ser excelente num dado traço, habilidade ou talento para ser talentosa. Mas isto não deve ser entendido que toda criança é talentosa. Independente da preferência acerca da definição, o termo talentoso implica uma excepcionalidade e uma diferença na habilidade com­parada à população comum.

Ampliar o termo talento para que o mesmo englobe qualquer um faz o termo per­der o seu significado. Se todos são talentosos, então ninguém realmente é. A afirmação que toda criança é talentosa é realmente uma negação do talento e∕ou diferenças individuais, e é uma alegação absurda. As pessoas variam uma da outra em sua inteligência, aptidões específicas, habilidade de liderança, habilidade visual ou desempenho nas artes, habilidade psicomotora ou em qualquer outra habilidade que alguém prefira incluir em sua definição de talento.

Muito comum, a alegação de que toda criança é talentosa é uma ne­gação de que algumas pessoas são mais brilhantes que outras. Entendo que as pessoas têm boas motivações para negar as diferenças indivi­duais em inteligência. Elas podem não querer desencorajar as crianças ou podem acreditar no poder das intervenções para melhorar ou equalizar as diferenças individuais. Mas as diferenças individuais em inteligência existem, mesmo se algumas pessoas desejam que elas não ocorram. Cada pessoa tem influências genéticas e ambientais que resultam em seus níveis de inteligência, com algumas pessoas ficando no lado sor­tudo da natureza e do ambiente que as tornam brilhantes, e outras não sendo contempladas de forma tão sortuda.

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