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O exemplo de Jacinda Ardern

Com o início do BBB-23 e dos campeonatos regionais de futebol, os integrantes de grupos virtuais de familiares e amigos possuem novas razões para brigar que não seja a polarizada política nacional. O judiciário volta do recesso e profissionais de várias áreas que optaram por férias em janeiro já preparam o re­torno às atividades. Quem sobreviveu aos pagamentos de IPTU, IPVA, anuidades dos conselhos de classe e às listas de material escolar deve levantar as mãos para o céu em sinal de agrade­cimento. Parece que estamos retomando a rotina, mas sempre surgem fatos que merecem nossa reflexão.

No cenário mundial, uma das notícias mais surpreendentes da semana foi a renúncia de Jacinda Ardern ao cargo de primei­ra-ministra da Nova Zelândia. Ela que foi eleita em 2017, aos 37 anos e se tornou a chefe de governo mais jovem do mundo, du­rante o anúncio, deu mais uma lição de consciência e cidadania, lembrando que cada um deve ter a responsabilidade de saber quando é a pessoa certa para liderar e também quando não.

Ardern que foi uma das referências no combate à covid-19, afirmou “Eu sou humana, os políticos são humanos. Damos tudo o que podemos pelo tempo que pudermos. E para mim, está na hora” e completou “Espero deixar os neozelandeses com a crença de que você pode ser gentil, mas forte; empático, mas decisivo; otimista, mas focado. E que você pode ser seu próprio tipo de líder – alguém que sabe quando é hora de ir embora”.

O eleitor em geral e o brasileiro em especial se agarra a pesso­as e as transformam em ídolos, deuses ou mitos. Geralmente os líderes políticos prometem uma transformação geral e desprezo ao passado em uma ruptura capaz de trazer novas práticas éticas e morais. Para não citar os atuais vamos lembrar de Getúlio Vargas e Fernando Collor. Com o advento da internet e das redes sociais, propagou-se de forma nunca vista, a ideia do político divindade ou Pop-star.

Vários deles passam mais tempo nas redes e mídias do que nos gabinetes ou nos plenários. Por sua vez o eleitor acompanha o que gostam de fazer, vestir ou comer e se esquecem de acom­panhar os projetos que votam. Há políticos capazes de envolver emocionalmente e arrastar multidões iludidas de que as soluções são personalíssimas e individualizadas. Na política, nos parla­mentos e no governo, existem algumas máximas, entre as quais, que ninguém faz política sozinho e os grandes problemas sociais e econômicos não são resolvidos por mágica ou milagre.

Embora muitos dos chamados “cristãos” tenham esquecido, ninguém deve ser endeusado. Assim como os cegos curados por Jesus, devemos abrir os olhos para a realidade a nossa volta e passar a realizar nossas escolhas sobre os melhores, mais prepa­rados e mais comprometidos com os princípios que fundamen­tam nossa nação entre os quais: Estado Democrático de Direito, Soberania Popular, Cidadania, Dignidade da Pessoa Humana, Valorização do Trabalho, Livre iniciativa e Pluralismo Político.

Em 1º de fevereiro teremos o início da nova Legislatura do Congresso Nacional, oportunidade de um novo relacionamento do eleitorado com seus representantes, deixando o endeusa­mento político e o clientelismo para uma visão mais pragmática diante dos graves problemas que o país experimenta.

É claro que a gestão de Jacinda Ardern não foi perfeita e contou com dificuldades, mas sua capacidade de análise de cenário e de despojamento deveria ser imitada por todos os políticos que priori­zam a vaidade, o amor pelo cargo e suas benesses em detrimento ao que seria melhor para todos. Por sua vez o eleitor precisa compre­ender que não existem salvadores da pátria e que a responsabilidade pelo sucesso de um país depende do empenho individual e coletivo.

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