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Invasões em Brasília: crônica de uma morte anunciada

Dois anos após a invasão ao Capitólio nos Estados Unidos por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, Brasília assiste a uma barbárie comandada por bolsonaris­tas desvairados. Conseguiram invadir sem muito esforço o Congresso Nacional, Palácio do Planalto (local de trabalho do Presidente) e o Supremo Tribunal Federal.

Os vândalos quebraram o patrimônio público e vili­pendiaram o Estado Democrático de Direito debaixo das barbas da força policial da capital brasileira. Não se pode esquecer que o comando das forças policiais de Brasília está com o ex-Ministro da Justiça Anderson Torres. Forças es­sas que estavam monitorando os movimentos dos vândalos, mas não foram “capazes” de realizar a contenção das invasões.

Vergonhosa a condução do governador do DF e do se­cretário de segurança, que foram flagrantemente lenientes no combate aos atos criminosos. Era uma crônica de uma morte anunciada. O Governador Ibaneis Rocha e o Secre­tário de Segurança Anderson Torres devem ser responsabi­lizados diante da cegueira deliberada.

A Teoria da Cegueira Deliberada é uma construção jurisprudencial originada no direito anglo-saxônico que preconiza a possibilidade de punição do indivíduo que deliberadamente se mantém em estado de ignorância em relação à natureza ilícita de seus atos. Sabiam da intenção dos golpistas e fizeram vistas grossas.

A Procuradoria da República tem que tomar providên­cias no sentido de apurar os fatos e, se demonstrada a deli­berada negligência, denunciá-los pelos crimes cometidos. Além disso, a situação demanda medidas de intervenção na segurança pública de Brasília, tal como ocorreu no Rio de Janeiro em 2018.

Pois bem, voltando à cena do crime, as forças policiais de Brasília têm a obrigação de recompor imediatamente a ordem pública e prender em flagrante todos os invasores pelo crime de “Abolição violenta do Estado Democrático de Direito” e “Golpe de Estado”, previstos, respectivamen­te, nos artigos 359-L e 359-M, ambos do Código Penal, que dispõe: “Tentar, com emprego de violência ou grave ame­aça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais” e “Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído”.

Democracia é o regime de governo cuja origem do poder vem do povo. Em um governo democrático, todos os cidadãos possuem o mesmo estatuto e têm garantido o direito à participação política. No entanto, devem respeitar os comandos constitucionais e legais, não sendo autoriza­do, sob qualquer pretexto, a utilização da força contra as instituições públicas.

A investigação sobre esses atos deve ser exauriente e todos os envolvidos severamente punidos, quer pela ação, quer pela omissão (negligência estatal), quer ainda pela incitação. O ex-presidente Bolsonaro e a cúpula do seu go­verno devem ser investigados e apurada a responsabilidade pela instigação, punidos severamente.

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