Juntar um dinheiro durante o ano inteiro para poder desfrutar de algo bom no final de ano. Muita gente tem essa ideia. Alguns começam e não conseguem terminar, seja por falta de determinação ou mesmo por necessidade de usar as economias em alguma emergência. Alguns guardam para comprar algum bem material ou fazer uma viagem. Já o mecânico de motocicletas e instrutor de armamento e tiro, Renan Marcel Mischiati, de 39 anos, morador em Ribeirão Preto, faz para poder comemorar com sua família. O local, um dos cartões postais da cidade, a Choperia Pinguim.
Foi o que aconteceu neste ano. Renan, a esposa Larissa e os filhos passaram um dia inteiro comemorando, sem se preocupar com a conta. Ele fala que começou a guardar dinheiro durante o ano, em 2017. “Comecei fazendo um cofre pra guardar dinheiro pra comprar fogos de artifícios para o final de ano, e assim foi até o ano de 2020”, diz.
“É uma tarefa conjunta de todos aqui em casa. Sempre que sobra qualquer troco de qualquer coisa, vai pro cofre. Desde moedas até cédulas”, ressalta. Ele lembra que no primeiro ano conseguiu juntar cerca de R$ 800,00. “Compramos tudo em fogos na Saldanha Marinho e brincamos no Réveillon. Assim foi 2018, 2019 e sempre aumentando o montante a cada ano”.
“Quando chegou em 2020, eu comentei com minha esposa Larissa, que quando criança saía do Mousinho [escola] pra passear no Centro. E quase sempre encontrava o Dr. Sócrates no Pinguim lendo alguma coisa. Eu brincava com ele que eu preferia o Raí”, ri, ao contar.
Renan disse que a esposa comentou com ele que o pai e tios haviam trabalhado no Pinguim. “Como estava em evidência uma lei a respeito de proibição de fogos de artifício com estampido, nós decidimos que aquele ano, usaríamos o dinheiro do cofre para irmos ao Pinguim, já que ambos somos nascidos e criados aqui e nunca havíamos ido ao ponto turístico mais famoso da cidade. Assim surgiu a ideia de ser o Pinguim”, comenta.
Naquele ano a data escolhida foi o último domingo antes do Natal, que coincidiu com a apresentação do Coral dos Meninos Cantores, mas que em 2020 não aconteceu devido a pandemia de covid-19. “Porém com o troco de lá, ao chegar em casa, já começamos uma nova reserva no cofre e assim o cofre se tornou o cofre do Pinguim 2021”, brinca.
Estratégia para engordar o cofre
O mecânico diz que no decorrer do ano, ele e o filho de 12 anos, que trabalha com ele na oficina, criaram uma estratégia para aumentar os valores no cofre. “Por exemplo, ir abastecer o carro em dinheiro e sempre colocar R$ 5 a menos, pra esses R$ 5 ir para o cofre. Na moto, a mesma coisa. Vou ao posto com vintão e falo pro frentista abastecer R$ 18,00”.
Renan lembra outro exemplo que aconteceu em seu aniversário. “Havia combinado de ir comemorar numa churrascaria, porém ao anoitecer estava um frio do cão, aí ao invés de sair de casa e passar frio, eu pedi uma pizza, cantamos parabéns e os R$ 300 que havia separado pra churrascaria, advinha pra onde foi!”, ri.
Sobre a possibilidade de usar o dinheiro em outra finalidade, Renan conta que uma vez brincou para ver a reação da família. “Todos não concordaram. Realmente aconteceu como eu queria, uma coisa que fosse cultivada e amada por todos”.
Na hora de abrir
“No sábado antes do dia de ir, nos juntamos em família e abrimos o cofre e fazemos a contagem. Aí a ansiedade vai a mil mesmo. Aqui em casa não tomamos bebidas alcoólicas. É uma atitude que deixamos somente para o dia do Pinguim”.
Em 2021 o valor guardado foi de R$ 1.343,15. Neste ano a quantia aumentou para R$ 1.580,00. “Esse ano chegamos às 15h e saímos às 22h30. No Pinguim a conta dá entre R$ 600 e R$ 700. A gente vai de Uber, come e bebe tudo o que quiser até fechar. O restante que sobra do cofre a gente passeia pela cidade na semana entre o Natal e o Ano Novo, que aí junta mais o meu 13º salário e a festa tá completa”, explica.
“As únicas regras são, não passar vontade de nada e não sobrar dinheiro desse para o próximo ano”, finaliza.