A 27ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) terminou nesta sexta-feira, 29 de abril, em Ribeirão Preto, com novo recorde de faturamento e de público. Segundo os organizadores da Agrishow, foram negociados R$ 11,243 bilhões em vendas de máquinas agrícolas, de irrigação e de armazenagem. O valor é 287,7% superior aos R$ 2,9 bilhões da 26ª edição, realizada em 2019 – não houve evento em 2020 e 2021 devido à pandemia de coronavírus –, acréscimo de R$ 8,343 bilhões.
O público estava com saudade da Agrishow. Neste ano, 193 mil pessoas visitaram a feira. São 34 mil visitantes a mais que os 159 mil da edição de 2019, aumento de 21,4%. O público do evento é formado, em sua grande maioria, por produtores rurais de pequenas, médias e grandes propriedades de todas as regiões do país e também do exterior.
O crescimento em 2022 surpreende porque, em 2019, o faturamento avançou 6,4% em relação ao anterior. Em 2018, as vendas na Agrishow somaram R$ 2,7 bilhões. O aporte na 26ª edição foi de R$ 200 milhões. Neste ano, a Agrishow conta com sete praças de alimentação com restaurantes, lanchonetes, grandes redes alimentícias e de food trucks. A edição de 2023 será realizada entre 1º e 5 de maio.
Com uma área total de 520 mil metros quadrados, a feira acolhe mais de 800 marcas do Brasil e do exterior, nos segmentos ligados ao agronegócio. Conta também com a participação dos principais bancos direcionados ao agro. A entrevista coletiva de ontem foi comandada pelo secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e presidente da feira, Francisco Matturro, e pelo presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Animaq), João Carlos Marchesan.
Para Marchesan, “essa foi a melhor feira da história, onde, inclusive, tivemos a oportunidade de apresentar a pujança do nosso setor e, em decorrência, as necessidades para o próximo Plano Safra. O Brasil precisa crescer e o crescimento está no agro”. Francisco Matturro ressaltou a retomadas dos eventos presenciais, suspensos durante a pandemia, quando o agronegócio serviu de alicerce para a economia nacional.
“Encerramos uma feira histórica saudando novamente a volta dos eventos presenciais, o olho no olho. A Agrishow trouxe toda a tecnologia do agro enfatizando a confiança de todos para que o Brasil siga crescendo em produtividade, sustentabilidade e como principal fornecedor de alimentos e produtos para o mundo”, afirma Matturro.
“Esses números, que são gigantescos, também tem que fazer uma comparação e uma parametrização diferente. Nós tivemos, durante três anos, uma total desorganização da cadeia de suprimentos, de componentes de máquinas agrícolas e matérias primas. Então isso elevou os custos e, consequentemente, elevam os preços”, lembra.
“Outra coisa, nós temos uma total desorganização no tráfego marítimo, que também alteram preços, e a outra ponta nós temos máquinas hoje com muito mais tecnologia embarcada que tínhamos há três anos. Quando mais componente você põe, quanto mais você adiciona, mais aumenta o preço”. Segundo o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), Pedro Estevão Barros, os recursos utilizados para as movimentações financeiras foram de outras fontes, não do Plano Safra 2021/22.
Na quinta-feira (28), O Congresso Nacional aprovou um projeto que abre crédito de R$ 2,6 bilhões para o governo federal recompor despesas obrigatórias consideradas subdimensionadas durante a tramitação do Orçamento de 2022. O projeto inicial previa recomposição de R$ 1,7 bilhão do orçamento, mas houve a ampliação em R$ 868,5 milhões no pedido de abertura de crédito para pagar despesas do plano, cuja previsão é de liberar R$ 251,2 bilhões para pequenos, médios e grandes produtores rurais.
A Agrishow é uma iniciativa das principais entidades do agronegócio no país: Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Abimaq, Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e Sociedade Rural Brasileira (SRB). É organizada pela Informa Markets.
Prefeitura de RP quer melhorar acesso à feira
O maior problema citado por grande parte dos frequentadores da 27ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) foi a falta de organização do trânsito: os visitantes levaram cerca de duas horas para cruzar 2,8 quilômetros entre a região Central de Ribeirão Preto e o local da feira. Outra dificuldade foi constatada na hora de estacionar. Das nove horas em diante foi muito difícil encontrar vaga.
A Agrishow é realizada desde 1994 no Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro-Leste, a popular “Estação Experimental”, localizada no quilômetro 321 da Rodovia Antônio Duarte Nogueira (SP-322), o Anel Viário Sul, em Ribeirão Preto.
A concessionária responsável pelo trecho, a Entrevias, montou um esquema especial de tráfego durante a Agrishow, mas não adiantou. Havia fila de veículos todas as manhãs. Levantamento feito pelo Centro de Controle Operacional (CCO) da empresa aponta um fluxo diário aproximadamente 25% maior do que em dias normais na Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, quando normalmente é de 49 mil veículos, em média.
O dia com maior volume na SP-322 foi na quarta-feira, quando cerca de 200 mil pessoas visitaram o evento. Durante a entrevista coletiva de ontem, a organização afirmou que discute com a prefeitura de Ribeirão Preto e o governo do Estado para aumentar as vias de acesso à Agrishow pelo Anel Viário Sul para a edição de 2023, que será realizada entre 1º e 5 de maio.
O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) disse que na próxima semana tem reuniões agendadas com representantes da Entrevias, da Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) para discutir soluções para o trânsito.
“Nós temos sete entradas, mas temos um funil de saída, de apenas uma saída, criou um transtorno muito grande. Trouxe desassossego por parte de muitos dos nossos visitantes, mas é um bom problema que queremos resolver para a próxima edição”, ressalta.
“A gente tem a entrada pelo Anel Viário Sul. A ideia é a gente trabalhar uma saída e entrada também pela Mário Donegá (SP-291), que poderá ser aberta e funcionará durante os cinco dias da Agrishow do ano que vem para não dar problema de trânsito”, explica Nogueira.
Ainda de acordo com o prefeito, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) informou que o setor teve aumento de 30% no movimento e no faturamento durante a Agrishow e a rede hoteleira registrou 100% de ocupação nos 17 mil leitos disponíveis.
Diz que o evento também impactou cidades vizinhas. A feira gera cerca de cinco mil empregos temporários em Ribeirão Preto e injeta R$ 40 milhões por edição na economia local. As informações são do próprio Duarte Nogueira, que participou da entrevista coletiva de ontem.