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Ucrânia denuncia casos de estupros

JEAN-CHISTOPHER BOTT/POOL VIA REUTERS

Médicos forenses que re­alizam exames póstumos nos corpos encontrados em valas comuns ao norte de Kiev di­zem ter encontrado evidên­cias de que algumas mulheres foram estupradas antes de se­rem mortas pelas forças russas, segundo reportagem do jornal The Guardian. As evidências foram vistas em dezenas de autópsias de moradoras de Bu­cha, Irpin e Borodianka, cida­des que ficaram sob ocupação russa por cerca de um mês.

Os detalhes das autópsias não foram revelados porque os médicos forenses ainda coletam dados e centenas de corpos ainda serão examina­dos. Uma equipe liderada pelo médico forense Vladislav Pe­rovski para realizar autópsias na região examina cerca de 15 corpos por dias, e muitos deles estão mutilados. “Há muitos corpos queimados e corpos fortemente desfigurados que são simplesmente impossí­veis de identificar”, disse ele ao Guardian.

“O rosto pode ser esmaga­do em pedaços, você não pode montá-lo novamente, às vezes não há cabeça nenhuma.” Ele acrescentou que os corpos de algumas mulheres que exami­naram mostravam sinais de que as vítimas foram mortas por tiros automáticos, com mais de seis buracos de bala encontrados nas costas.

O promotor sênior da re­gião de Kiev, Oleh Tkalenko, disse ao Guardian que detalhes de supostos estupros foram encaminhados ao seu escritó­rio, que investiga circunstân­cias como locais e idades das vítimas. “Os casos de estupro são um assunto muito delicado e sensível”, afirmou. “Os médi­cos forenses têm uma tarefa es­pecífica de verificar a genitália das vítimas do sexo feminino e procurar sinais.”

Também há relatos de al­guns corpos tão decompostos que dificulta encontrar sinais de estupros e abusos. Outra evidên­cia dos crimes é o depoimento de dezenas de mulheres à polí­cia, à mídia e a organizações de direitos humanos sobre as atro­cidades que dizem ter sofrido nas mãos de soldados russos. Depois que os russos saíram das cidades, os investigadores ouviram testemunhos de estu­pros coletivos, assaltos à mão armada e estupros cometidos na frente de crianças.

A comissária de direitos humanos da Ucrânia, Liud­mila Denisova, documentou oficialmente os casos de 25 mulheres que foram mantidas em um porão e estupradas sistematicamente em Bucha, uma cidade hoje sinônimo de crimes de guerra russos. As autoridades alertaram que es­ses casos podem ser a ponta do iceberg e acusaram as tropas russas de usar o estupro como instrumento de guerra.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também disse em um comunicado na semana passada que centenas de mulheres foram estupra­das por soldados russos. As autoridades ucranianas se recusaram a fornecer núme­ros exatos ou detalhes sobre onde os estupros ocorreram ou as idades das vítimas.

A Rússia tem negado re­petidamente alvejar civis du­rante a guerra, mesmo quando as evidências em contrário se acumulam. Muitas das provas recolhidas pelos procuradores ucranianos serão em breve en­viadas ao Tribunal Penal Inter­nacional (TPI), que iniciou uma investigação sobre possíveis crimes de guerra e crimes con­tra a humanidade na Ucrânia.

Terceira Guerra
Na segunda-feira, 25 de abril, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou que tanto a possibilidade de um novo conflito em escala global quanto a de uma guerra nu­clear não deve ser subestima­da. Em entrevista à televisão russa, o chanceler declarou que “o perigo (de uma guerra mundial) é grave, é real, não pode ser subestimado”.

O novo recrudescimento na retórica russa ao Ocidente ocorre após a visita do secre­tário de Estado dos EUA, An­tony Blinken, e do secretário de Defesa, Lloyd Austin, a Kiev no domingo (24). Após uma reunião de cerca de três horas com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Austin disse a jornalistas que a Ucrâ­nia poderia vencer a guerra com “o equipamento certo” e “o apoio adequado”.

Durante a viagem, as autori­dades americanas anunciaram um pacote de ajuda militar adi­cional a Kiev estimado em US$ 700 milhões (R$ 3,4 bilhões). Na manhã desta terça-feira (26), o ministro das Forças Armadas do Reino Unido, James Hea­ppey, classificou as declarações de Lavrov como “bravata” e que a chance da Rússia usar ar­mas nucleares de forma tática na Ucrânia é mínima.

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