O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HC-FMRP/ USP) anunciou nesta terça-feira, 26 de abril, a suspensão do atendimento de regulação de novos pacientes na Unidade de Emergência, o HC Centro, na rua Bernardino de Campos, devido à superlotação de leitos.
Um ofício foi enviado às secretarias municipais de Saúde dos 26 municípios que fazem parte do 13º Departamento Regional de Saúde (DRS-XIII), à Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) e à 13ª Rede de Atenção à Saúde (RAS-13), que envolve cidades das regiões de São Carlos, Araraquara e Franca.
Além disso, mensagens via WhatsApp foram enviadas no Grupo de Urgência e Emergência. O ofício é assinado pelo diretor de Atenção à Saúde da UE, José Paulo Pintya; pela assessora técnica de Saúde Pública, Eliane Emiko Takita; e pelo coordenador administrativo da Unidade de Emergência, Carlos Henrique Miranda.
No texto, dizem que a situação da unidade é “calamitosa”. “Compreendemos que estas medidas são extremas, porém, se não adotadas, levarão a consequências imensuráveis e irreversíveis à saúde de pacientes. Solicitamos que os atendimentos sejam direcionados a outros hospitais da rede ou mesmo que haja a contratação de serviço da rede privada, em caráter extraordinário”, citam.
Na tarde de ontem, seis pacientes aguardavam vagas em ambulâncias que estavam no pátio do hospital, antes de a administração da Unidade de Emergência fechar o portão de acesso aos veículos. No comunicado distribuído à imprensa, o HC diz que a ocupação na sala de urgência adulta era de 314%, o maior índice da história de 66 anos da UE.
A ala tem 24 leitos, mas mantinha 75 pacientes nesta terça-feira. Além disso, a recepção da Unidade de Emergência passou a operar como setor para medicação. Várias macas foram instaladas no local. Porém, o hospital alega que mesmo assim muitos pacientes foram regulados na condição de vaga zero, ou seja, em caso de urgência, conforme regulação de 2014 do Conselho Federal de Medicina (CFM).
A situação fez com que pacientes ficassem espalhados por alas da unidade, inclusive na recepção. Depois, a ocupação caiu para 204%, com 48 pacientes em atendimento. Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo diz que mantém diálogo com os gestores regionais e auxilia a regional de Saúde buscando soluções para atendimento de toda a população.
“Em dezembro de 2021, a pasta estadual repassou ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto R$ 33 milhões para contratações de 416 profissionais de saúde e ampliação da assistência na região. A autorização/habilitação de leitos de UTI não é prerrogativa exclusiva do Estado, mas também do Ministério da Saúde e municípios”, informa a pasta no comunicado.
Inaugurado em 1956, o HC Centro é uma unidade especializada em urgências e emergências desde 1970, após a construção da segunda unidade no campus da USP, na Vila Monte Alegre, na Zona Oeste. Em 2002, a UE operava com 162 leitos e, hoje, 20 anos depois, o número subiu para apenas 176. Sessenta por cento dos atendimentos são de Ribeirão Preto e 40% da macrorregião.
Prefeito pede nova unidade ao Estado
Em 12 de abril, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) encaminhou ofício ao governador Rodrigo Garcia (PSDB) pedindo a construção de uma nova Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto. A notícia foi publicada na edição do Tribuna do dia 13.
Com base na publicação, a deputada estadual Maria Izabel Azevedo Noronha, a Professora Bebel (PT), apresentou, à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), indicação ao governador reforçando o pedido de Duarte Nogueira. “Por ser a cidade central das regionais, permite também a implantação do transporte aeromédico (helicóptero) de emergências na região”, diz o prefeito de Ribeirão Preto.
O projeto ainda contempla a proposta de área em que pode ser construído o novo hospital, pertencente ao governo do Estado, localizada próximo ao 13º Departamento Regional de Saúde (DRS-XIII) de Ribeirão Preto. Tem área total aproximada de 111.156 metros quadrados e fica entre as avenidas Independência e Adelmo Perdizza.
Com 956 funcionários, o hospital realiza cirurgias e atendimentos de pacientes graves e crônicos como em casos de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), enfartes e traumas, e, em alguns casos, é a principal referência em exames como tomografias computadorizadas, hemodinâmicas e procedimentos vasculares.
Junto ao ofício enviado a Rodrigo Garcia por Nogueira também consta a proposta do projeto de construção da nova unidade.
Tem dimensões de oito a dez vezes maiores do que as atuais. O documento é assinado também por professores da USP de Ribeirão Preto. Entre eles estão o superintendente do HCFMRP, Benedito Carlos Maciel, os diretores, Antonio Pazin Filho, Carlos Henrique Miranda, José Paulo Pintya, Maurício Godinho e o ex-secretário municipal de Saúde e atual chefe da Divisão de Cirurgia de Urgência do HC, Sandro Scarpelini.