O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), apurado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), foi de 2,64% em março, o maior da série histórica para o mês. O grupo de alimentos foi um dos mais impactados pela alta das commodities, o que explica a aceleração registrada.
O IPS acumulado em doze meses chegou a 15,22%. O conflito entre Ucrânia e Rússia, a alta dos combustíveis, a desorganização das cadeias logísticas e a inflação generalizada no mundo pressionam os preços no Brasil e refletem na ponta do consumo, onde estão os supermercados e a população.
“A expectativa para o primeiro semestre deste ano é de instabilidade em muitos setores da economia, principalmente naqueles sensíveis aos preços internacionais das commodities. O processo de alta é generalizado”, explica Diego Pereira, economista da Apas.
“A inflação nos Estados Unidos já chega a 7,8%. É a maior em 40 anos. E na Zona do Euro fechou março em 7,5%. No Brasil não é diferente”, diz. Os custos dos serviços de logística, de matérias-primas e da energia elétrica tiveram elevação de 16,09% em março. Fatores climáticos também influenciaram na alta dos industrializados.
Leite e proteínas
Em março, por exemplo, o leite inflacionou 7,80% e, no acumulado, 10,13%. Os cortes suínos, na contramão das demais proteínas animais, apresentaram deflação (7,62%) pelo 12º mês seguido, beneficiados principalmente pelo aumento de produção (4,86%) em relação ao mesmo período de 2021.
A tendência, segundo Diego Pereira, é de queda no primeiro semestre. Os pescados foram impactados diretamente pelo aumento dos preços dos combustíveis para pesca selvagem e da ração para a piscicultura. Mesmo assim, essa cesta apresentou queda de 0,91% em março, apesar de aumentos pontuais, como o da pescada (4,33%).
Hortifrutigranjeiros
Os hortifrutis (produtos in natura) tiveram inflação de 8,93% em março, com acumulado de 31,58% nos últimos doze meses. Os preços foram puxados pelos legumes e verduras, que apresentaram aceleração de 18,75% e 13,77% em março, respectivamente.
O setor agrícola vem sofrendo forte pressão inflacionária causada principalmente pelo aumento dos combustíveis e pelas dificuldades da importação de fertilizantes. Os nitrogenados e fosfatados já apresentavam supervalorização desde o ano passado, tendência que se intensificou com a guerra, pois a Rússia era a principal exportadora de fertilizantes para o Brasil.
Bebidas
As bebidas alcoólicas registraram inflação de 0,35% em março e 5,17% no acumulado de doze meses, com destaque para a cerveja, que subiu 0,24% por conta dos preços ajustados pela indústria. O setor conseguiu, até 2021, absorver a elevação dos fretes marítimos, mas agora começa a repassar os preços por conta das repetidas altas na cotação do barril de petróleo.
Já as bebidas não alcoólicas tiveram alta de 0,98% e de 9,77% no acumulado dos últimos doze meses. Os refrigerantes foram o destaque, com aumento de 1,27% em março e 13,96% no acumulado dos doze meses, acompanhando a subida dos preços internacionais do açúcar.
O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O IPS é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em seis categorias.
Sobre a Apas
Com 50 anos de tradição, a Associação Paulista de Supermercados possui três distritais na cidade de São Paulo e 13 regionais distribuídas estrategicamente pelo estado. Conta hoje com 1.505 supermercados associados que somam 4.315 lojas.
A Regional Ribeirão Preto emprega cerca de 31 mil pessoas que trabalham em 325 supermercados nesta região. É composta por 78 cidades e possui 121 associados em toda sua área de cobertura. O empresário Rodrigo Canesin, do Supermercado Canesin, é o atual diretor regional da entidade.
Responde por 4,10% do faturamento do setor supermercadista no Estado de São Paulo, o que equivale a mais de R$ 1,9 bilhão. No último ano, foram criados mais de 480 novos postos de trabalho. Atualmente, o essencial setor supermercadista emprega mais de dez mil pessoas somente na cidade de Ribeirão Preto.