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Faltam remédios no estado de São Paulo

IMAGEM ILUSTRATIVA

Hospitais e farmácias de São Paulo e de outros Esta­dos, das redes pública e pri­vada, têm relatado falta de alguns medicamentos: de produtos básicos, como an­tibióticos e dipirona injetá­vel, a remédios de alto custo, para doenças como lúpus, Guillain-Barré e Crohn.

Entre os motivos, dizem se­cretarias de Saúde e entidades do setor, estão problemas no fornecimento pelo Ministé­rio da Saúde e dificuldades de importação de insumos, por causa da guerra na Ucrânia, do lockdown na China e movi­mentos de protesto de funcio­nários em portos e aeroportos.

Gestores admitem a ne­cessidade até de interromper tratamentos e adiar cirurgias eletivas (não urgentes). Con­forme a Secretaria da Saúde de São Paulo, dos 134 medica­mentos distribuídos pela pasta federal, 22 estão em falta no Estado (17% do total).

Nesta semana, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e La­boratórios do Estado de São Paulo alertou para estoques críticos na rede privada. Es­tão em falta a dipirona inje­tável, aminoglicosídeos (ami­cacina e gentamicina) – são bactericidas – e imunoglobi­na humana.

Também estão em falta ne­ostigmina – relaxante mus­cular que ajuda pacientes a se recuperarem da anestesia –, Novamox 400mg, Amoxi­cilina pediátrica, principal­mente de 250mg, Deposteron 200mg e Noripurum 100mg. Segundo o sindicato, as quei­xas mais frequentes incluem falta de dipirona injetável, que tem ação analgésica.

A lista traz ainda a ocitoci­na, usada em partos, e a neos­tigmina, reversor de bloqueio neuromuscular usado em anestesias gerais. Também es­tão na lista de faltas os amino­glicosídeos (amicacina e genta­micina), que são bactericidas, e imunoglobina humana, usa­da no controle de desordens imunológicas e inflamató­rias específicas, incluindo as síndromes de Kawasaki e de Guillain-Barré.

Em fevereiro, a secretaria paulista e o Conselho de Secre­tários Municipais de Saúde do Estado (Cosems-SP) já haviam enviado documento ao minis­tério sobre o abastecimento ir­regular. No último relatório da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (Ceaf) da pasta estadual, de 12 de abril, cons­tavam 19 medicamentos com estoque irregular, além de dois oncológicos em falta.

Conforme o Consems-SP, havia previsão de que fosse normalizado em abril o for­necimento dos oncológicos. A Secretaria da Saúde pau­lista diz que cobra o gover­no federal. Acrescenta que o Estado “apenas redistribui os medicamentos e comunica os pacientes assim que o órgão federal realiza as entregas e as farmácias são abastecidas”.

Unidades de saúde parti­culares em São Paulo relatam adiar cirurgias por causa da falta de medicamentos como a neostigmina, relaxante mus­cular que ajuda pacientes a se recuperarem da anestesia. A Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), que auxilia pacien­tes e familiares, participa do Movimento Medicamento no Tempo Certo.

O grupo se dedica a ma­pear a distribuição de medi­camentos nas farmácias de alto custo. De 1º de janeiro a 28 de fevereiro, o movimento recebeu 2.801 relatos de pa­cientes e cuidadores, repor­tando a falta de 63 medica­mentos nas farmácias de alto custo em 21 Estados.

Assessor jurídico do Sin­dicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de São Paulo (Sincofarma-SP), Rafael Espinhel diz que alguns medicamentos, como amo­xicilina e paracetamol, estão com falta de matéria-prima porque a demanda global está maior que a capacidade dos fa­bricantes da China e da Índia.

O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) informa não ter recebido, até agora, ne­nhum relato das indústrias farmacêuticas associadas so­bre problemas na produção e distribuição dos medicamen­tos citados na reportagem. Procurado, o ministério ain­da não se manifestou.

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