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Rússia avança para o leste da Ucrânia

ALEXANDER ERMOCHENKO/REUTERS

A Rússia lançou sua ofensi­va em larga escala para assumir o controle do leste da Ucrânia, anunciou o presidente ucrania­no, Volodymyr Zelensky, nesta segunda-feira, 18 de abril. “Ago­ra já podemos afirmar que as tropas russas iniciaram a batalha por Donbas, para a qual estão se preparando há muito tempo”, disse o presidente em um dis­curso em vídeo.

Zelensky afirmou que “uma parte significativa de todo o exército russo está agora focada nesta ofensiva”. Donbas é o cora­ção industrial da Ucrânia locali­zado no leste do país, com uma população majoritariamente de língua russa, e onde os separa­tistas apoiados por Moscou luta­ram contra as forças ucranianas nos últimos oito anos.

Eles declararam duas repú­blicas independentes que foram reconhecidas pela Rússia. Há al­gumas semanas, o Kremlin de­clarou que a captura de Donbas era o principal objetivo da guer­ra, depois de ter fracassado em sua tentativa de chegar a Kiev.

“Vamos lutar”
Depois de se retirar da ca­pital, o exército começou a se reagrupar e reforçar suas tropas terrestres no leste para o que poderia ser uma batalha aberta. “Não importa quantas tropas russas sejam levadas para lá, va­mos lutar”, prometeu Zelensky. “Vamos nos defender. Faremos isso todos os dias”, disse.

Enquanto isso, a Rússia bombardeou a cidade ocidental de Lviv e vários alvos em toda a Ucrânia, em uma aparente ten­tativa de dizimar as defesas do país. Pelo menos sete pessoas fo­ram mortas na ofensiva de mís­seis em Lviv, uma cidade perto da fronteira polonesa que sofreu apenas ataques esporádicos nos quase dois meses de conflito e se tornou um refúgio para civis que fogem de combates em outras partes do país.

Civis
Para crescente aborrecimen­to do Kremlin, Lviv também se tornou um importante canal para o fornecimento de armas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A agên­cia de direitos humanos das Nações Unidas registrou um total de 1.982 mortes de civis na Ucrânia desde 24 de fevereiro, quando começou o conflito, até 14 de abril.

A guerra com a Rússia entra em seu 55º dia nesta terça-feira (19). Os dados foram publicados em comunicado no site oficial da entidade, que ainda alerta que os números reais podem ser muito maiores já que o recebimento de informações de alguns locais onde ocorreram confrontos foi adiado e muitos relatórios ainda aguardam confirmação.

O Escritório do Alto Comis­sariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNU­DH, na sigla em inglês) disse em nota que pelo menos 2.651 pessoas ficaram feridas em igual período analisado. No mesmo relatório, a agência pontua que a maioria das mortes e dos feri­mentos aos civis foi causada pelo uso de armas explosivas com uma ampla área de impacto.

“Incluindo bombardeios de artilharia pesada e sistemas de foguetes de lançamento múl­tiplo, mísseis e ataques aéreos”, afirma. De acordo com análise feita pelo governo da Ucrânia até as 7h30 do dia 15 de abril, desde o início da guerra, pelo menos 2.700 civis foram mortos, in­cluindo mulheres e crianças. Em período semelhante, o órgão re­gistra mortes de 198 crianças.

Mais mortes
As autoridades regionais de Lugansk anunciaram, nesta segunda-feira (18), o início de grande ofensiva russa no leste da Ucrânia. Quatro civis foram mortos a tiro quando tenta­vam fugir de carro da cidade de Kreminna, na região leste de Lugansk, que já está sob controle russo.

Duas pessoas morreram e quatro ficaram feridas em Zolo­te, enquanto sete foram retiradas dos escombros de um prédio destruído em Rubizhne. Novos ataques com mísseis russos na cidade de Kramators, bem como em outras cidades em Donet­sk, como Vugledar, Marinka e Gradiv, foram relatados duran­te a noite no leste da Ucrânia.

Os russos têm tentado que­brar a resistência ucraniana em Kreminna e numa série de vilas e cidades em Lugansk, en­quanto avançam para a região de Donbass. Os corpos de mais de 900 civis foram descobertos na região de Kiev após a reti­rada de forças russas, segundo o chefe da força policial local, Andriy Nebytov. Haviam sido abandonados nas ruas ou en­terrados de forma provisória. Dados policiais indicam que 95% das mortes foram causa­das por atiradores de elite ou ferimentos de bala.

Mariupol
A situação não mudou em Mariupol, cidade portuária si­tiada que o comando russo exortou à rendição no domingo. Milhares de civis em Mariupol, na costa do Mar de Azov, resis­tem ao bombardeio contínuo das tropas russas abrigadas nas instalações da Siderúrgica Azo­vstal, antiga fábrica metalúrgica da década de 1930.

O ultimato imposto por Moscou expirou ao meio-dia de domingo, sem que a resistência ucraniana depusesse as armas. Estima-se que cerca de 2.500 soldados também estejam en­trincheirados na antiga siderúr­gica, que seria a última defesa do lado ucraniano da cidade.

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