Tribuna Ribeirão
Geral

Quatro semáforos param após furtos

ALFREDO RISK

A Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribei­rão Preto (Transerp) informou nesta segunda-feira, 11 de abril, que semáforos instalados em pelo menos quatro cruza­mentos da avenida Saudade, nos Campos Elíseos, Zona Norte, ficaram inoperantes na manhã de ontem por causa de furto de fiação elétrica. Gradu­almente, os equipamentos vol­taram a funcionar.

O furto ocorreu na esqui­na com a rua Amazonas em uma caixa de controle dos semáforos. Foram afetados os equipamentos dos cruzamen­tos da avenida Saudade com as ruas Ceará, Anita Garibal­di, Amazonas e Goiás. Agen­tes de trânsito da Transerp permaneceram no local para orientar os motoristas duran­te a manhã. Também foi im­plantada sinalização provisó­ria com cavaletes.

Este tipo de crime se tor­nou recorrente em Ribeirão Preto neste início de ano. Em 7 de março, semáforos instalados em oito cruzamentos da cidade ficaram inoperantes novamen­te por causa de furto de fiação elétrica. O mesmo problema já havia ocorrido anteriormente, entre os dias 2 e 3 de março, em 25 cruzamentos do Centro e da Zona Sul.

Em todas essas ocasiões houve lentidão no tráfego de veículos. Não há informações sobre prisão ou identificação dos suspeitos pelos furtos. Em alguns casos os ladrões subi­ram em árvores nos canteiros e às margens das avenidas para cortar cabos de energia elétri­ca, TV a cabo, telefonia e de aparelhos semafóricos.

A Polícia Civil informa que, nos últimos três anos, apreendeu 50 toneladas de fio de cobre e prendeu 67 pessoas envolvidas com furtos ou re­ceptação do material. A Secre­taria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) também investiga o caso, mas até o momento ninguém foi preso ou identificado.

“A Transerp lamenta por essas ocorrências consecutivas que podem comprometer a se­gurança do trânsito na cidade. Caso qualquer cidadão verificar alguma suspeita de furto de ca­bos de semáforos, orientamos a ligar para a Polícia Militar no 190”, diz a empresa em nota.

No comunicado enviado ao Tribuna, a Transerp infor­ma que tem registrado bole­tins de ocorrência na Polícia Civil sobre a referida situação que afeta o funcionamento dos semáforos. Desde 1° de janeiro e até 7 de março, foram furta­dos 1.245 metros de cabos se­mafóricos furtados na cidade, em um total de 26 ocorrências.

O prejuízo neste ano já pas­sa de R$ 14.940 com reparos. As regiões com mais registros são as zonas Sul, Central e Oes­te. As informações de março e abril ainda não foram con­solidadas. No ano passado, foram furtados 3.418 metros de cabos semafóricos, em um total de 65 ocorrências, ge­rando gastos com reparos na ordem de R$ 27.344.

São 90 boletins de ocorrên­cia em pouco mais de um ano. O Setor Semafórico da Em­presa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto des­taca que diante dos furtos tem desenvolvido uma técnica para inibir a ação dos bandidos, com o uso de arames de aço.

Caso qualquer cidadão verificar alguma suspeita de furto de cabos de semáforos a orientação é denunciar e ligar para a Polícia Militar no tele­fone 190. Por fim, a Transerp lamenta tais ocorrências que podem comprometer a segu­rança dos usuários do trânsi­to na cidade. No ano passado, os bandidos roubaram a fia­ção de postes de 54 praças do município, um prejuízo supe­rior a R$ 350 mil.

A Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Pre­to (Acirp) pretende reunir as polícias Civil e Militar, a Comissão de Segurança Pública da Câmara – presi­dida por Renato Zucoloto (PP) – e o presidente do Le­gislativo, Alesandro Maraca (MDB), para discutir a ela­boração de um Plano Muni­cipal de Segurança Pública.

Além de serem afetados indiretamente com o furto de fiação semafórica, os comer­ciantes também são alvos dos bandidos. A prefeitura de Ri­beirão Preto diz que a Guarda Civil Metropolitana tem feito rondas constantes para evitar esse tipo de crime na cidade.

Venda de fios de cobre é lucrativa
Pesquisador da Fundação Getu­lio Vargas (FGV), Rafael Alcadi­pani afirma que o furto de fiação é “bastante lucrativo”. “Muitos desses fios possuem cobre, um minério que aumentou muito seu valor, principalmente após a pandemia”, explica. “Se surge um mercado informal de compra de peças que estimula este tipo de furto, as pessoas que estão no desespero vão tender a entrar nesse mercado”, afirma Jacque­line Sinhoretto.

Ela é coordenadora do Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ainda segun­do Alcadipani, esses crimes dificilmente são orquestrados por facções. “Via de regra, são criminosos mais comuns, mui­tas vezes usuários de droga”, diz ele, que também associa a alta à crise socioeconômica.

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