Tribuna Ribeirão
Justiça

Imóveis de Dárcy Vera vão a leilão

ALFREDO RISK/ARQUIVO

O juiz Lúcio Alberto Ene­as da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, manteve o leilão de 16 imóveis de condenados na Operação Sevandija. Entre os itens está uma casa no bairro Ribeirânia e um apartamento na avenida do Café, na Vila Ti­bério, que pertencem à ex-pre­feita Dárcy Vera.

Uma fazenda de proprieda­de da ex-advogada do Sindica­to dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto, Maria Zuely Alves Librandi, localizado na cidade de Cajuru, também faz parte do processo. Os bens ain­da deverão ser avaliados por um perito.

Na decisão, o juiz acatou pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público de São Pau­lo (MPSP), para que os valores obtidos no leilão sejam ressar­cidos aos cofres da prefeitura de Ribeirão Preto. Deflagrada em 2016, a Operação Sevan­dija teria apurado esquema de corrupção de mais de R$ 200 milhões na prefeitura.

Em agosto de 2020, o prédio que servia de sede da Atmosphe­ra Construções e Empreendi­mentos, do empresário Marcelo Plastino, foi leiloado por R$ 490 mil, metade do valor avaliado pelo mercado imobiliário, de R$ 980 mil. O dinheiro, no entanto, não voltou ao erário e foi usado para quitar dívidas trabalhistas com os funcionários da empre­sa, demitidos depois que a Ope­ração Sevandija foi deflagrada.

O empresário cometeu suicí­dio em novembro de 2016, dois meses depois de o escândalo de corrupção vir à tona. A At­mosphera é investigada na ação que apura suposto esquema de corrupção em contratos entre a Companhia de Desenvolvi­mento Econômico (Coderp) e a empresa de Marcelo Plastino. A ex-prefeitra Dárcy Vera também é ré neste processo de apuração da Sevandija.

Outros dois leilões rende­ram R$ 1.914.030. O montan­te está numa conta judicial e, caso as denúncias sejam com­provadas e os acusados con­denados em última instância, esse dinheiro voltará aos cofres da prefeitura de Ribeirão Pre­to. O pacote com 15 carros e uma moto importada de dez pessoas investigadas na Sevan­dija rendeu R$ 1,784 milhão.

Já o leilão de 137 cabeças de gado da advogada Maria Zuely Librandi, condenada na ação dos honorários advocatícios, ge­rou mais R$ 130.030. Também foram confiscados e bloqueados pela Justiça de Ribeirão Preto R$ 20 milhões que estavam em vá­rias contas bancárias dos réus e 35 imóveis em nome dos acusa­dos ou de terceiros.

A ex-prefeita Dárcy Vera foi condenada, em 2018, a 18 anos e nove meses de prisão. Ela fi­cou presa entre maio de 2017 e dezembro de 2019. Maria Zuely também foi condenada a 18 anos, nove meses e dez dias de reclusão. Ambas sempre negaram envolvi­mento no esquema de corrupção denunciado pelo Gaeco.

Atualmente, as duas cum­prem prisão domiciliar. A ad­vogada Maria Claudia Seixas, que atua na defesa da ex-prefeita Dárcy Vera, afirma que vai re­correr da decisão. O advogado Jorge Marcos Souza, que defen­de Maria Zuely Librandi, disse que vai acionar o Superior Tri­bunal de Justiça (STJ) para ten­tar o bloqueio do leilão.

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