Tribuna Ribeirão
Justiça

TCU manda MEC investigar pastores

© Arquivo/Leopoldo Silva/Agência Senado

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a abertura imediata de uma inspeção no Ministério da Educação (MEC) para apurar os repasses feitos pela pasta a prefeituras com interme­diação dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Eles atuavam como lobistas sob a anuência do ministro Milton Ribeiro e organizavam even­tos Brasil afora com prefeitos e o ministro, tratando da li­beração de dinheiro público na área da educação.

O ministro Walton Alen­car Rodrigues, relator do caso, afirma que “a gravidade dos fa­tos exige atuação imediata des­ta Corte”. Em seu despacho, datado desta segunda-feira, 4 de abril, o ministro determina “a realização de inspeção para a apuração de irregularida­des na gestão das transferên­cias voluntárias do MEC e do FNDE quanto à interferência indevida de agentes privados na liberação de recursos públi­cos na área da educação”.

Nos procedimentos de inspeção, os técnicos do TCU têm permissão para demandar informações dos órgãos inspe­cionados. No caso do MEC, os auditores de contas poderão requisitar, por exemplo, as ínte­gras de processos de liberação de recursos, informações sobre os critérios para realização de repasses e os dados completos de agendas do ministério.

Apesar de o TCU não fa­zer investigação criminal, tem o papel de apurar irregu­laridades na área de controle. O tribunal avalia questões financeiras e também opera­cionais e poderá determinar se houve direcionamento desproporcional para deter­minados municípios que ti­veram liberação coincidente com as visitas dos pastores.

O Ministério Público Fe­deral e a Polícia Federal estão realizando investigação em inquéritos. O TCU, diante disso, pode pedir comparti­lhamento de provas. Ao fim do processo, se julgar que houve conduta irregular de agentes públicos e privados, o tribunal poderá, em tese, tornar os responsáveis inap­tos para exercer cargo em co­missão por alguns anos.

Um dos pastores que con­trolam um gabinete paralelo no Ministério da Educação pediu pagamentos em dinhei­ro e até em ouro em troca de conseguir a liberação de recur­sos para construção de escolas e creches, disse o prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). Segundo o prefeito, o pastor Arilton Moura solicitou R$ 15 mil antecipados para protoco­lar demandas da prefeitura e mais um quilo de ouro após a liberação dos recursos.

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