O Conselho Regional de Psicologia do Estado de São Paulo (CRP-SP) promoveu na noite desta quinta-feira, 31 de março, em Ribeirão Preto, na avenida Treze de Maio, no Jardim Paulista, Zona Leste de Ribeirão Preto, projeções de frases e imagens coletadas de pacientes da área de saúde mental.
As frases foram escolhidas e elaboradas por profissionais e usuários dos serviços especializados em saúde mental da cidade. A ação ocorreu entre 19 e 21 horas, e as mensagens foram projetadas na fachada do Condomínio Edifício Casa Blanca. A ideia é reforçar o cuidado psicológico em liberdade, fora dos manicômios.
A iniciativa tem sido realizada em várias cidades do Brasil com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a importância de discutir temas relacionados a esta área da medicina, diz o coordenador de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde, Marcus Vinicius Santos.
Segundo ele, as frases projetadas representam os anseios, desejos e experiências dos usuários e profissionais de saúde mental do município. “É um momento especial para dar visibilidade a toda a sociedade sobre a importância do cuidado com a saúde mental de todos, principalmente daqueles que vivem em situações de maior vulnerabilidade”, explica.
A ação marca o início da campanha oficial de 2022, do CRP-SP, pela Luta Antimanicomial, seguindo o mote “Saúde Mental se faz com o povo! Por um SUS antimanicomial!”. A instalação foi o caminho encontrado para levar à sociedade reflexões sobre o cuidado em liberdade e a construção de uma saúde pública que esteja em defesa da saúde mental e seus equipamentos assistenciais.
A instalação vai percorrer todo o Estado de São Paulo, passando pelas onze subsedes que compõem o CRP-SP e culminando com uma grande projeção na capital paulista, em 18 de maio, data oficial da Luta Antimanicomial. As próximas projeções serão realizadas nas cidades de Assis e Santos e seguirão pelas regiões de Sorocaba e São Paulo.
A Luta Antimanicomial é um processo histórico das pessoas em sofrimento mental e das/ dos profissionais da saúde pela garantia dos Direitos Humanos e sociais e pelo cuidado em liberdade. Esse movimento nasce da necessidade de banir o modelo institucionalizado de atenção à saúde mental, pautado por práticas violentas e excludentes.
Com a evolução do movimento e as profundas discussões respaldadas pela Ciência, tem início, no Brasil, em meados dos anos 1980, a reforma psiquiátrica, com o objetivo de denunciar as violações de direitos e principalmente de construir uma política pública de cuidado em liberdade, consolidada por uma rede de serviços e estratégias comunitárias pautadas pela solidariedade e inclusão.
No ano passado, a prefeitura de Ribeirão Preto desativou o pronto-atendimento da Unidade Básica e Distrital de Saúde Doutor João Baptista Quartin, a UBDS Central, para transformá-la em Centro de Atenção Psicossocial IV (Caps IV), com atendimento 24 horas.
O investimento no Centro de Atenção Psicossocial IV é estimado em aproximadamente R$ 700 mil. Os recursos orçamentários para custeio estão estimados em R$ 1,5 milhão por mês, sendo que R$ 400 mil serão custeados pelo Ministério da Saúde e o restante pelo município. A prefeitura quer inaugurar o Caps em 2022.
Segundo dados levantados pela literatura internacional, a prevalência de transtornos mentais na população geral gira em torno de 8% a 12%, entre casos moderados a graves. Em Ribeirão Preto, tal prevalência indicaria a necessidade de atendimento de uma população em torno de 70 mil pacientes, se levada em consideração a proposta de cobertura universal.