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Pacote de R$ 97 mi não recebe parecer

ALLAN S. RIBEIRO/CÂMARA

A Comissão de Constitui­ção, Justiça e Redação (CCJ) da Câmara de Vereadores não emitiu parecer e o projeto de lei da prefeitura de Ribeirão Preto que prevê financiamento de R$ 97 milhões junto à Cai­xa Econômica Federal não foi levado a plenário para votação.

A informação de bastidores do Palácio Antônio Machado Sant’Anna diz que o projeto não foi votado porque dois vereadores da base governista não estavam na sessão: Mau­rício Gasparini (PSDB) e An­dré Rodini (Novo). A prefei­tura tem pressa em aprovar o empréstimo.

O projeto havia entrado na pauta desta quinta-feira, 31 de março, devido a um pedido de urgência feito por Renato Zu­coloto (PP) e aprovado na ter­ça-feira (29). O dinheiro será usado para tirar 26 projetos do papel e foi protocolado no Le­gislativo em 17 de março.

De acordo com a propos­ta, a linha de crédito, caso seja aprovada pelos vereadores, será proveniente do programa Financiamento à Infraestrutu­ra e ao Saneamento (Finisa). A Caixa Econômica Federal já liberou R$ 75 milhões do Finisa para outros projetos da prefeitura, entre eles a futura reforma do Palácio Rio Branco e as obras do Programa Ribei­rão Mobilidade.

O novo empréstimo terá prazo de carência de 24 meses e de 96 para quitação, ou seja, oito anos. O prefeito Duar­te Nogueira (PSDB) deixará o Palácio Rio Branco em 31 de dezembro de 2024. A taxa de juros total anual será de 14,02%, de acordo com o cro­nograma financeiro.

Como garantia para o fi­nanciamento, a prefeitura pro­põe ceder ou vincular as co­tas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ou do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) a que tem direito, recursos provenientes, respectivamente, dos governos federal e estadual. Ao projeto, a prefeitura anexou estudo de impacto financeiro.

Entre as obras previstas a serem realizadas com parte dos R$ 97 milhões está a im­plantação do corredor de ôni­bus da avenida Costábile Ro­mano, na Zona Leste, no valor de R$ 11 milhões, do Jardim Castelo Branco (Leste/Oeste), no valor de R$ 6,6 milhões, e do corredor da região Central, estimado em R$ 5,5 milhões.

Também está prevista a construção da nova unidade do restaurante Bom Prato do Centro, na rua Lafaiete, no valor de R$ 5,5 milhões, e a reforma do prédio da Casa da Cultura Juscelino Kubitschek para a implantação do projeto Fábrica de Cultura, com custo estimado de R$ 12 milhões.

Prevê ainda as obras de re­forma e adequação do Com­plexo Esportivo Elba de Pádua Lima (Tim) – a popular Cava do Bosque – para obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). O valor estimado pela prefeitura de Ri­beirão Preto é de R$ 500 mil.

Quando receber parecer favorável da CCJ – que tem poder para barrar a proposta –, será levado para votação em plenário e precisará de maioria absoluta para ser aprovado, ou seja, doze dos 22 votos pos­síveis. No setor de transporte coletivo, o governo municipal também pretende construir um terminal urbano na região Central da cidade.

O Tribuna apurou que o equipamento deverá ser cons­truído em um terreno na rua Mariana Junqueira, entre as ruas Álvares Cabral e Tibiriçá. Atualmente, um estaciona­mento de veículos atende no local, mas até o início dos anos 2000 era ocupado pela CPFL Paulista.

Do total de R$ 97 milhões, R$ 4.594.778 seriam reser­vados para a desapropriação da área e R$ 7 milhões para a construção do novo terminal. De acordo com a apuração fei­ta pelo Tribuna, o local é con­siderado estratégico por ficar perto da avenida Doutor Fran­cisco Junqueira.

Levantamento feito pelo vereador Lincoln Fernandes (PDT), junto à Secretaria Mu­nicipal da Fazenda, revela que a dívida fundada do município de Ribeirão Preto é de R$ 717 mi­lhões, 19,2% de todo o orçamen­to da cidade para este ano, de R$ 3.726.647.052, valor recorde.

Boa parte deste endivida­mento – envolve os compro­missos de pagamento com prazos superiores a doze meses –, segundo os dados da Fazen­da Municipal, tem relação com o fato de a gestão do prefeito Duarte Nogueira contrair, nos últimos quatro anos, emprésti­mos de quase R$ 442 milhões.

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