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A bola e seus causos

A bola sempre esteve presente em resenhas de músicos. Todos têm seu time do coração. Por outro lado, não conheço boleiro que não goste de música. Futebol e música têm lá suas magias que muitas vezes não se explicam. Aqui em Ribeirão Preto há canto­res e músicos tão talentosos que colocam no chinelo muitos que “estouraram” no mercado.

Também conheci craques da bola que não aconteceram, fizeram su­cesso, sim, sem dever nada aos que aí estão. Mas, fico perguntando porque não aconteceram? Depois caio na real e me lembro do que sempre digo para os amigos: “Deus escolhe a estrela que tem de brilhar”.

As duas profissões são maravilhosas, mas têm lá seus prazos de validade. O cantor tem seu tempo maior que o futebolista, embora o tempo lhe roube o sucesso, nada o impede de soltar o gogó. Já o corpo do boleiro, quando passa de 30 anos, lhe manda sinais de que tem de parar. De joelhos estropiados, resta-lhe as peladas com amigos, cam­peonatos de clubes recreativos e por aí vai.

Nos meus bate-papos com Sócrates, ele não escondia sua preocu­pação com alguns jogadores que foram seus parceiros nos clubes por que passou. Ligava muito para o Leandro, lateral do Flamengo, que tem pousada em Cabo Frio, mas para o Ataliba, que jogou no Timão com ele, telefonava demais.

Muitas vezes ouvi dele: “Buenão, imagine uma coisa, eu vim de um berço privilegiado, meu pai era fiscal de renda, alto salário, estudei em bons colégios, sou médico, mas a maioria não, Buenão, muitos vieram de uma vida difícil e de repente estava jogando em grandes times, onde era coberto de mimos, viagens de avião, hotéis 5 estrelas e muita mordomia. Tudo isso passa muito rápido, no máximo dez anos. Se não estiver preparado, vai amargar uma vida difícil”.

Sempre concordei com ele.

Vamos aos causos do futebol. Castor de Andrade, esse era liso!!! Os mais antigos lembram fácil dele. Numa época em que o jogo do bi­cho era só jogo do bicho, Castor reinava em Bangu, bairro carioca, era presidente do time que levava o nome do bairro e patrono da escola de samba Mocidade Independente.

Nessa época, o América de Rio Preto revelou Marinho, um ponta de drible fácil e muito rápido. Castor, de olho no lance, o contratou. Marinho deitou e rolou no Campeonato Carioca, tanto que Telê San­tana o convocou. Na Toca da Raposa, Sócrates viu Marinho preocupa­do e perguntou o que estava acontecendo.

Ele disse que a esposa foi passar uns dias com a mãe em Rio Preto, e ao retornar, percebeu que ladrões levaram tudo de sua casa. Sócrates perguntou: “Marinho, quem é o presidente do seu time?” “O doutor Castor, Sócrates”, respondeu o ponta. Magrão, rindo, disse: “Tá resolvido, amigo, ligue agora pro Castor, ele dará um jeito. Ao saber do ocorrido, o cartola bicheiro disse: “Marinho, em três dias, tudo será devolvido”.

Botou seu exército na captura e cumpriu o prometido. Tudo estava de volta. Castor ligou pro Marinho e disse orgulhoso que, pela primei­ra vez, um jogador seu era convocado para a seleção, e que era pra ele ficar tranquilo e representar bem seu Bangu. Já tinha colocado dois seguranças na casa dele, dia e noite, até o ponta voltar.

Outra do Castor: ele foi visitar um amigo em outro bairro, as famílias estavam festejando quando três ladrões invadiram a casa. Um ficou na rua dando cobertura e dois colocaram o maior terror nas duas famílias, encheram duas mochilas de joias, relógios e muito dinheiro.

Como estavam demorando, o ladrão que dava cobertura entrou na casa e deu de cara com Castor de Andrade. Ao reconhecê-lo, o malan­dro tremeu na base e gritou: “Dr. Castor!!!
Desculpe, doutor”. E falou pros comparsas: “Devolvam tudo, peçam desculpas e beijem a mão do Dr. Castor”. Vazaram em disparada. Castor e os amigos, depois do susto, caíram na risada.

Sexta conto mais.

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