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Justiça ainda tenta notificar Zerbinato

Parlamentar de Ribeirão Preto se defende das acusações feitas por ex-assessora de ter ficado com parte do salário dela

A Justiça de Ribeirão Preto ainda não conseguiu notificar Sérgio Zerbinato (PSB) sobre a ação judicial por improbidade administrativa que tramita na 2ª Vara da Fazenda Pública. Ele é acusado de prática de “rachadi­nha” em seu gabinete na Câma­ra de Vereadores.

De acordo com o mandado nº 506.2022/001942-3, o oficial do Fórum Estadual de Justiça de Ribeirão Preto tentou notificá-lo em cinco ocasiões em seu ende­reço no Complexo Ribeirão Ver­de, na Zona Leste da cidade, sem êxito. O Tribuna teve acesso ao documento classificado como “mandado cumprido negativo”.

No documento consta que o oficial esteve no local em 27 de janeiro (18h10), 5 de feve­reiro (8h30), 14 de fevereiro (7h10), 26 de fevereiro (10h25) e 15 de março (por volta das 7h05). “Lá estando, deixei de dar integral cumprimento ao presente mandado, uma vez que não logrei êxito em encon­trar o requerido Sérgio Zerbi­nato Rodrigues no local”, diz o oficial no documento.

“Deixei recados com nú­mero de telefone com o irmão do requerido, mas não obtive nenhum retorno. Ante o expos­to, devolvo o presente manda­do uma vez que o prazo para cumprimento já se esgotou”, afirma o oficial no documen­to. A ação está sob a jurisdição da juíza Lucilene Aparecida Canella de Melo, da 2ª Vara da Fazenda Pública, e foi proposta pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do pro­motor de Saúde Pública, Se­bastião Sérgio da Silveira.

Para tentar notificá-lo, o promotor requereu que o par­lamentar seja citado na Câmara. “Caso mantenha a clara citação de ocultação, requeiro, desde já, que seja autorizada a citação por hora certa, na forma do dis­posto no artigo 254 do Código de Processo Civil”, escreveu Silveira em despacho com data de sexta-feira, 25 de março.

O artigo 254 diz que “fei­ta a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de dez dias, contado da data da jun­tada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspon­dência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência”.

Com base em relatório da Comissão Processante, a Câ­mara de Ribeirão Preto decidiu arquivar as denúncias de práti­ca de “rachadinha” no gabinete de Zerbinato. O parecer do re­lator Franco Ferro (PRTB) foi lido em plenário na sessão de terça-feira, 29 de março. Em seguida, os vereadores vota­ram pelo arquivamento “por falta de provas contundentes” contra o parlamentar.

A Comissão Processante é composta ainda pelo presidente Igor Oliveira (MDB) e por Elizeu Rocha (PP). Foram 15 votos a favor do arquivamento e quatro abstenções. Segundo o relatório, na denúncia não foi anexada, por exemplo, a gravação de uma conversa entre o vereador Zerbi­nato e a ex-assessora parlamen­tar Ivanilde Ribeiro Rodrigues.

A situação é a mesma envol­vendo os documentos compar­tilhados pelo Ministério Público. A comissão recomenda à Câma­ra que abra um novo processo de cassação do vereador caso a Justiça decida pela condena­ção do parlamentar. Zerbinato é acusado pela ex-assessora de comandar, entre janeiro e agosto de 2021, um esquema de “racha­dinha” dentro de seu gabinete.

No Legislativo, o vereador era alvo do pedido de cassação protocolado na Câmara por dois munícipes, Rodrigo Leo­ne e Gustavo Martins Fratassi, candidato a vereador na elei­ção de 2020 pelo Patriota e que teve 225 votos – não foi eleito. A beneficiária do esquema se­ria a irmã do parlamentar, Da­lila Zerbinato.

A denunciante foi assessora parlamentar direta do vereador, cargo comissionado, com salá­rio de R$ 7.973,42. Deste total, segundo ela, R$ 3 mil seriam repassados para a irmã do par­lamentar. O acordo teria come­çado quando a mulher foi no­meada, em 4 de janeiro, e durou até o início de agosto, quando foi exonerada do cargo.

O desvio de salário de asses­sor é uma prática caracterizada pela transferência de salários dos funcionários para o parlamentar a partir de um acordo pré-es­tabelecido ou como exigência para a contratação. Caso seja condenado pela Justiça, Sérgio Zerbinato pode perder o man­dato e responder pelo crime de improbidade administrativa e peculato. Também poderá res­ponder na esfera penal.

Dalila Zerbinato também foi indiciada. Na denúncia o MP reitera que os repasses, apesar de serem feitos para a irmã do ve­reador, acabavam por beneficiar o parlamentar, uma vez que ela sempre o auxiliava nas campa­nhas eleitorais. A mulher vai res­ponder pelo recebimento ilegal de dinheiro dos cofres públicos e, como o irmão, pode ter que devolver o dinheiro recebido.

Ela foi citada em 14 de ja­neiro e também tem 30 dias pra se manifestar. Ao usar a tri­buna da Câmara, Sérgio Zerbi­nato afirmou que é inocente. O parlamentar ressalta que se ele­geu sem padrinhos políticos e com uma das campanhas vito­riosas mais baratas das eleições municipais de 2020.

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