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Palavras misteriosas

As palavras são tecidos pelos quais a verdade veste-se para ma­nifestar a realidade ou a irrealidade da vida humana. Mas invariavel­mente é com ela que melhor se veste a história do homem.

Um grande escritor judeu afastou-se da Alemanha, fixando residência em Istambul, para defender-se contra a estúpida e vergonhosa perseguição dos nazistas. Ali se debruçou sobre os livros para revelar uma verdade oculta: quase todos os livros antigos documentam a vida das pessoas ricas; um somente fala sobre pessoas pobres: o Evangelho de Cristo.

Estive em um pequeno museu em Istambul e fui atendido por um senhor de muitas idades. Perguntei se não havia nada ali sobre o deus Hermes, que então me chamava atenção. Levou-me até uma estátua de pedra de uma donzela com a saia levantada, também de pedra. Exibia o seu órgão sexual que, espantosamente era masculino.

Perguntei ao meu guia o que tinha aquela estátua com o deus Her­mes. Imediatamente me respondeu que se tratava da filha de Hermes com a Afrodite que se chamava portanto “Hermafrodita”. No século XX era o vocábulo usado por nós para dizer “homossexual”. O deus Hermes todas as noites visita a minha casa para trancar as portas que assim ficam “hermeticamente” fechadas.

Os portugueses descobriram o mundo para o mundo. Traziam da Ásia chá especialmente para vender para os ingleses. A mercadoria vinha empacotada exibindo a seguinte expressão: “transporte de espe­ciarias asiáticas”. Segundo eles, os ingleses retiraram as primeiras letras daquelas palavras, ou seja, “t”, “e” e “a”, e criaram a palavra “tea” que na sua língua significa “chá”.

Durante a guerra pela soberania de Portugal, as pessoas nascidas na cidade do Porto enviavam as carnes dos animais para os seus solda­dos e se alimentavam com suas tripas. Até hoje quem nasce no Porto é qualificado como “tripeiro”, com inescondível orgulho.

Naquele passado remoto, os portuguesas traziam peças de por­celana da China para vender na Europa. Os chineses, até então, não sabiam usar o verniz e as estampas de suas peças ficavam borradas. Atendendo às reclamações, os chineses encontraram meios de enver­nizar as peças sem borrar. Os “borrões” foram jogados fora e substitu­ídos pelas novas porcelanas. Hoje os “borrões” valem muito mais do que aquelas novas porcelanas.

Quem nasce na cidade do Rio de Janeiro é apelidado de “carioca”. Ao contrário, quem nasce no Estado do Rio e não na sua capital, é conhecido como “papa-goiaba”. Não saberia dizer qual é a origem da expressão. Hoje todos os dois são conhecidos como “fluminenses”. A palavra “flumen” em latim significa “rio”. “Fluminense” é aquele que nasce na beira do rio.

Afirma-se que um senhor viajando pelas bandas mineiras, parou num bar da estrada para tomar um café. Para seu espanto, no meio do salão, um gato tomava leite posto num “borrão”. Deduziu que a dona do bar não sabia o valor do “borrão”. Mas, pensou ele, se digo que quero comprar aquele prato sujo, com certeza dirá que não. Saiu pela tangência.

– Minha senhora, gostei daquele gato. A senhora não quer vendê-lo?

– Sim, por dez reais.

– Por favor, disse ele pagando, mande colocar o gato no meu carro. Mas noto que o gato vai sentir muita falta daquele prato sujo que é a sua mamadeira. Ponha um preço que levo o prato também.

– Moço – respondeu a dona do bar – o prato eu não vendo. Se eu ven­der o prato, nunca mais vou conseguir vender gato nenhum neste bar.

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