Em 24 de março, o mundo celebra o Dia de Controle da Tuberculose. Há exatos 140 anos, o médico Robert Koch (1843-1910) descobriu o bacilo causador da tuberculose humana – Mycobacterium tuberculosis. Mesmo depois de tantos anos, a doença continua sendo um problema de saúde muito importante.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2021 foram registrados 68.271 casos novos de tuberculose. Em 2020, foram 68.939 casos novos e 4.543 mortes pela doença. Em 2019, o número de óbitos registrados pela doença foi bem parecido com o do ano anterior, 4.532.
Os dados do ministério mostram que, na comparação com os anos anteriores da série histórica nos anos de 2020 e 2021, foi observada queda acentuada na incidência de tuberculose. O levantamento também aponta que homens com idade entre 20 a 34 anos apresentaram quase três vezes mais risco de adoecimento na comparação com mulheres na mesma faixa etária.
O balanço revela ainda um aumento de 12,9% na realização de exames para o diagnóstico de tuberculose em 2021, quando comparado a 2020 (380 mil). Segundo o Ministério da Saúde, o SUS ofereceu cerca de 90 mil tratamentos com o esquema básico para a tuberculose em 2021.
Para as pessoas que vivem com HIV, a coinfecção por tuberculose é a principal causa de óbitos. Segundo o ministério, 52.471 pessoas com a doença realizaram testagem para o HIV em 2021. Das pessoas diagnosticadas com a coinfecção, 2.631 realizam o tratamento antirretroviral.
A doença afeta principalmente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos. A forma extrapulmonar, que afeta outros órgãos que não o pulmão, ocorre mais frequentemente em pessoas vivendo com HIV, especialmente aquelas com comprometimento imunológico.
A transmissão acontece por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa, sem tratamento. A tuberculose não é transmitida por objetos compartilhados. Os sintomas incluem tosse por três semanas ou mais, febre vespertina, suor noturno e emagrecimento.
O tratamento dura no mínimo seis meses e pode ser feito com o uso de quatro medicamentos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias mais de 4,1 mil pessoas perdem a vida devido à tuberculose e cerca de 30 mil adoecem no mundo.
Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) revelam que em 2019 mais de dez milhões de pessoas desenvolveram a tuberculose e 1,2 milhão morreram. Outra informação relevante da Opas é que a pandemia de covid-19 reverteu anos de progresso global no combate à tuberculose.
Pela primeira vez, em mais de uma década, as mortes pela doença aumentaram no mundo. Em 2020, estima-se que cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram vítimas da doença (incluindo 214 mil entre pessoas que vivem com HIV).
Acesso ao diagnóstico
A infectologista do Sistema Hapvida, Silvia Fonseca, explica que devido à pandemia de covid-19 as pessoas pararam de ter acesso ao diagnóstico, ao tratamento preventivo e curativo. “Houve uma estatística menor de casos novos de tuberculose, porque as pessoas estavam com dificuldade de encontrar os serviços. E, por isso, foram registradas muito mais mortes do que na década anterior”, ressalta.
“Em 2020, sabemos que houve mais óbitos. As estatísticas ainda não foram divulgadas”, afirma Silvia Fonseca. Segundo a médica, a doença existe na humanidade há milhares de anos e sempre foi relacionada a uma mortalidade bem avançada. “Até a descoberta de um tratamento adequado, cerca de 20% de todas as mortes tinham a ver com tuberculose.
Inclusive, no Brasil, nos séculos 19 e 20, perdemos grandes artistas, escritores, dentre eles, Castro Alves, Álvares de Azevedo e o poeta Noel Rosa”, lembra.