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Dia Mundial da Água – Esgoto tratado: o Pardo agradece

FOTOS: ALFREDO RISK

Com tecnologia e inovação, a GS Inima Ambient trabalha com capacidade para tratar até 150 milhões de litros de esgoto por dia

Imagine se todo o esgoto gerado em Ribeirão Preto caísse diretamente nos córregos da cidade e posterior­mente no Rio Pardo. Não é difícil chegar a uma imagem parecida com a que acontece em São Paulo, capital, e seus rios Tietê e Pinheiros. Felizmente em Ribeirão a situação é outra. Desde 2002, os efluentes domésticos – es­goto – têm 95% de remoção de carga orgânica, antes de voltar ao ribeirão Preto que deságua no Pardo.

A responsável por todo esse tra­balho é a GS Inima Ambient, que possui duas estações de tratamento de esgoto, a Ribeirão Preto e a Cai­çara. Com tecnologia e inovação, a empresa trabalha com capacidade para tratar até 150 milhões de litros de esgoto por dia.

Todos os processos são automatiza­dos. A tecnologia utilizada permite que os efluentes domésticos passem por lo­dos ativados por aeração convencional, que resulta na remoção de 95% da carga orgânica, sem gerar odores.

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Ribeirão Preto recebe 86% do esgoto doméstico proveniente da bacia do ribeirão Preto

Essa tecnologia permite que o es­goto depois de passar por um sistema de filtração e cloração seja transfor­mado em água de reuso, para utiliza­ção interna na empresa, e em forma de efluente tratado a ser despejado no ribeirão Preto. Basicamente o sistema é assim: o esgoto chega à unidade de tratamento por tubulações e após a operação é lançado ao ribeirão Preto como água limpa (não potável).

Além do tratamento da água, os re­síduos e lodos, resultantes das operações na estação, são destinados ao aterro sa­nitário. Outro ponto importante é que cerca de 50% da energia consumida pela empresa é gerada pelo próprio sis­tema por meio de captação de gás.

O caminho do esgoto na ETE Ribeirão Preto

Hoje os mais de 700 mil habitantes de Ribeirão Preto têm 99% dos seus efluentes domésticos tratados com o emprego de tecnologia de ponta. As estações Ribeirão Preto e Caiçara têm capacidade para tratar quase 2 mil litros de esgoto doméstico por segundo.

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Ribeirão Preto recebe 86% do esgo­to doméstico proveniente da bacia do ribeirão Preto. O esgoto chega natural­mente à ETE por meio de interceptores e caem no chamado poço de grossos, que contém grades para separar sólidos grosseiros [pneus, garrafas, sacolas e outros objetos]. Depois segue por bombeamento para o pré-tratamento.

Estação tem constante investimento em tecnologia e inovação

No pré-tratamento o esgoto passa por outros gradeamentos, um intermediá­rio e outro fino. Os resíduos sólidos (pedras, folhas, galhos, e outros mate­riais) são removidos e encaminhados a um contêiner.

Após o segundo gradeamento, o esgoto é direcionado ao desarenador e desengordurador. Nesta fase são extraídos e separados a areia e gordura presentes [os trabalhos são feitos por meio de um sistema composto de uma ponte móvel, bomba vertical e separadores].

Todo resíduo retirado no pré-tratamento é transportado para disposição final no aterro sanitário. O efluente do pré-tratamento segue para o tratamento primário.

No tratamento primário é utilizado um ‘decantador com rasqueta’ (instru­mento para raspagem de resíduos) que tem por função separar sólidos em suspenção e sedimentáveis.

Processos são automatizados e funcionam 24 horas por dia

Os sólidos sedimentáveis seguem para o tratamento de lodos, pois é neces­sário engrossar a matéria para destinação ao aterro sanitário. Nesse trata­mento é utilizado um adensador, que aumenta sua concentração, ou seja, deixá-lo mais espesso, e depois é encaminhado ao digestor anaeróbio – onde as bactérias e fungos promovem a degradação do lodo e produção de gazes, entre eles o metano. É a partir deste momento que começa a produção de bioenergia (ver mais abaixo, no texto).

Já o efluente do tratamento primário segue para o reator aeróbio (um instru­mento que utiliza simplesmente, oxigênio).

Tratamento de fato

Os reatores biológicos de lodos [são cinco reatores separados na ETE] são ativados por aeração convencional. Nestes reatores os microrganismos presentes no lodo recebem oxigênio e começam a se alimentar da matéria orgânica, começando de fato o tratamento de maneira natural, sem adição de produtos químicos. O que é feito, no entanto, é dar condições para esses microrganismos se alimentarem.

Por outro lado esses microrganismos ao efetuarem o tratamento, eles se reproduzem. Com isso a massa total é aumentada em função da quantidade de matéria degradada. Após esta fase o efluente é submetido a decantação secundária. Nessa fase, o odor, antes forte no início, já é bem melhor.

Para cada reator biológico há um decantador secundário, para o esgoto, é transferido. A decantação secundária é realizada por meio de decantador de sucção contínua. O lodo é separado do esgoto. Mas parte retorna ao reator para manter a estabilidade do processo natural. O restante é descartado ao tratamento de lodos, neste caso ao flotador, que tem por função aumentar a concentração de sólidos do lodo para posteriormente seguir ao digestor.

Rotina diária de análises no laboratório da empresa

O esgoto após a decantação passa por uma câmara de cloração por medida de segurança, sem sofrer cloração que só ocorre em casos de epidemia, seguindo assim ao seu lançamento no corpo receptor, o ribeirão Preto.

Já o lodo vai ser tratado por meio de adensador e flotador, que aumenta a concentração de sólidos. Depois são misturados e encaminhados para um digestor anaeróbio para serem estabilizados.

A digestão anaeróbia com temperatura de 40ºC estabiliza o lodo com ação de dois grupos de bactérias que realizam a destruição da matéria orgânica, pela degradação ácida e conversão do gás metano em dióxido de carbono, diminuindo assim a concentração de sólidos voláteis.

Após o processo de digestão, o lodo passa por desidratação em centrífugas [uma espécie de máquina lavar gigante] que utiliza um polímero específico. Com isso, o lodo se transforma em uma massa densa que é armazenada em um silo e transportada para o aterro sanitário.

Geradores de energia e sustentabilidade

Metade da energia consumida em todo o processo é gerada pelo próprio sis­tema, desde 2011, quando foram implantados dois grupos de geradores, com capacidade total de geração de energia elétrica de 1500 kWh.

O gás biológico gerado nos digestores – que tem como principal componente o metano – tem um bom poder calorífico, fazendo com que ele possa ser utilizado como combustível para gerar energia elétrica.

Desde a implantação desses geradores a empresa deixou usar o biogás para o aquecimento do iodo. A água utilizada no resfriamento dos próprios geradores, que fica aquecida, faz esse papel. Com isso, todo o biogás é usado para a geração de energia.

Dia Mundial da Água

O Dia Mundial da Água surgiu como esforço da comunidade internacional para colocar em evidência questões essenciais que envolvem o gerenciamento responsá­vel dos recursos hídricos no planeta.

Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 22 de março de 1992, durante a Eco-92, a data lembra a im­portância da água limpa e potável como direito humano fundamental. O tema escolhido para este ano é “Águas sub­terrâneas: Tornando o invisível visível“, lembrando a importância da água no interior do solo, o que garante o abaste­cimento para sistemas de saneamento, agricultura, indústria e ecossistemas.

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