Cresce o número de trabalhadores por conta própria na economia brasileira. Mais importante é que o número de profissionais autônomos com Ensino Superior vem crescendo mais que os menos escolarizados. O número de trabalhadores com pouca formação acadêmica neste grupo vem caindo. Os trabalhadores com Ensino Médio ainda são maioria dentre os que decidiram trabalhar para si, mas as pesquisas já registram que o maior percentual de crescimento nesta modalidade está entre os que cursaram uma faculdade.
Os trabalhadores por conta própria já são quase 1/3 da população ocupada no país: no terceiro trimestre de 2021, foram contabilizados 25,5 milhões de profissionais, segundo a PNAD-Contínua do IBGE, o que representa 27,4% da população ocupada.
As atividades por conta-própria foram reduzidas com a pandemia do coronavírus em quase todos os segmentos da economia – com exceção dos trabalhos na agricultura e serviços modernos (que compreende atividades nas áreas de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais), que registraram aumento de 0,4%.
Segundo o levantamento, as perdas nos índices de trabalhadores por conta própria em atividade durante a pandemia começaram a ser compensadas com a retomada da economia e quase todos os segmentos econômicos já apresentam aumento superior ao período pré-pandemia, com um crescimento total de 5,2%.
Segundo a consultoria IDados, a recuperação econômica desde 2021 começou a ser puxada majoritariamente por trabalhos por conta própria e empregos informais.
Desde o início da série histórica sobre a população ocupada por conta própria, em 2012, houve aumento de 171% de trabalhadores com ensino superior nesse modelo de trabalho. Por outro lado, houve queda de 25% entre o grupo menos escolarizado, com Ensino Fundamental incompleto.
Este cenário mudou recentemente, pois até 2019, as pessoas com Fundamental completo ou incompleto eram a maioria dentre o grupo de trabalhadores por conta própria.
Os trabalhadores com Ensino Médio completo representam o maior grupo neste modelo de trabalho, mas o crescimento maior de pessoas que decidem trabalhar por conta é no grupo dos que têm Ensino Superior.
O maior número de Conta Própria, como também são chamados, se encontra nas regiões Sul e Sudeste do país. E o estudo também mostra crescimento importante de autônomos com CNPJ, o que mostra intenção de sair da informalidade.
Os rendimentos dos trabalhadores que optam por esta carreira solo ou por serem seus próprios patrões podem ser maiores em comparação com os trabalhadores informais. Mas há mais algumas vantagens que esta autonomia oferece, como a liberdade de horários, decisões sobre o negócio, possibilidade de criar ou mudar seus projetos, menor custo com tributação para quem sabe se planejar, além de possibilidade de planejar com mais liberdade seus projetos de vida.
Os riscos são o investimento inicial sem garantia de prazo de retorno ou mesmo de retorno, incerteza sobre o tempo para conquistar credibilidade e retorno do mercado, incerteza para planejar férias, por exemplo. Mas o dado positivo é que a atividade está sendo ocupada por mais profissionais com ensino superior e isso é um diferencial importante para se vencer os obstáculos.
O aumento do número de trabalhadores por conta própria certamente está sendo puxado pelos profissionais que já estão voltando para as atividades interrompidas pelo isolamento social durante os períodos mais difíceis da pandemia, também pelos que decidiram empreender frente ao aumento do desemprego no país, mas pode incluir, ainda, muitos profissionais que não querem voltar aos modelos tradicionais de trabalho.
O empreendedorismo é salutar para a economia do país e é possível que vejamos novas transformações nas relações de trabalho daqui para frente.