Mais de 2,5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira, 11 de março. A Polônia tem sido o principal destino de quem foge da guerra.
“O número de refugiados procedentes da Ucrânia chegou tragicamente a 2,5 milhões hoje (ontem). Também consideramos que dois milhões de pessoas estão deslocadas dentro da Ucrânia”, tuitou o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.
“Milhões de pessoas se veem obrigadas a deixarem suas casas por esta guerra sem sentido”, acrescenta Grandi. De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), dos 2,5 milhões de pessoas que fugiram da Ucrânia, 116.000 eram cidadãos de terceiros países.
A Polônia acolhe, de longe, o maior número de refugiados, com 1,5 milhão de pessoas tendo entrado no país desde 24 de fevereiro, segundo os guardas de fronteira poloneses. As Nações Unidas planejam suas necessidades humanitárias com base no pressuposto de que cerca de quatro milhões de refugiados ucranianos buscariam segurança no exterior.
No entanto, com cerca de 200.000 pessoas fugindo para países vizinhos somente nas últimas 24 horas, um funcionário da ONU para refugiados disse que talvez seja necessário revisar esse número para cima, segundo a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) perto da fronteira com a Polônia.
As agências humanitárias estão se esforçando para fornecer instalações de aquecimento para milhares de refugiados que esperam em temperaturas congelantes nas passagens de fronteira, disse ele. Enquanto isso, caminhões estão levando milhares de cobertores e colchões térmicos na outra direção.
Bombardeios russos impediram novamente que refugiados deixassem a cidade portuária ucraniana de Mariupol, nesta sexta-feira, enquanto em outras áreas forças russas também pararam alguns ônibus com pessoas que tentavam fugir da região de Kiev, disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.
Em um discurso em vídeo, Vereshchuk disse que algumas retiradas foram bem-sucedidas, incluindo 1.000 pessoas que saíram de Vorzel, na região de Kiev. As forças russas sitiaram Mariupol. A Ucrânia diz que 1.582 civis morreram desde o começo da invasão.
A Casa Branca alerta que a Rússia enfrentará “severas consequências” se utilizar armas químicas na campanha militar que empreende atualmente na Ucrânia. A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, diz que a Rússia pode estar planejando usar armar químicas e agentes biológicos na ofensiva militar em andamento.
Durante sessão do Conselho de Emergência convocada pelos russos, a diplomata negou que os ucranianos tenham um programa de armamentos químicos. Vasily Nebenzya, embaixador da Rússia na ONU, afirmou no início da tarde no conselho que há 30 laboratórios biológicos experimentais perigosos na Ucrânia para criar patógenos como a cólera e a leptospirose, financiados pelos Estados Unidos.
Pela primeira vez, o exército russo bombardeou as cidades ucranianas de Dnipro e Lutsk, enquanto concentrava militares próximo ao aeroporto de Kiev. No dia em que se admite a abertura de novos corredores humanitários, as primeiras horas foram de ataques que, em Dnipro, tiveram como alvo áreas civis. O governo de Kiev diz que a guerra já provocou mais mortes de civis ucranianos do que de militares.
Enquanto forças russas continuavam a bombardear a cidade portuária de Mariupol, fotos de satélite mostraram que um enorme comboio que estava nos arredores da capital ucraniana se dividiu e se espalhou em cidades e florestas perto de Kiev, com peças de artilharia movidas para posições de tiro.
Imagens de satélite da Maxar Technologies mostram que um comboio de 64 quilômetros de veículos blindados, tanques e artilharia se desfez e foi redistribuído, disse a empresa. Unidades blindadas foram vistas em cidades próximas ao Aeroporto Antonov ao norte da cidade. Alguns dos veículos foram deslocados para áreas de floresta, informou a empresa, com obuses rebocados nas proximidades em posição de abrir fogo.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, indicou, nesta sexta-feira, que houve avanços nas negociações com a Ucrânia por uma solução diplomática para o conflito atualmente em curso entre os dois países. “Há alguns desdobramentos positivos lá, como nossos negociadores me relataram”, disse, durante encontro com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, um de seus principais aliados no cenário internacional, sem fornecer mais detalhes.