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Vereadores desistem de assinar nova CPI

ALLAN S. RIBEIRO/CÂMARA

Os vereadores Jean Corauci e Sérgio Zerbinato, ambos do PSB, retiraram suas assinaturas do requerimento que prevê a instalação de Comissão Parla­mentar de Inquérito (CPI) para investigar descumprimento de leis, contratos e convênios por parte da administração do pre­feito Duarte Nogueira (PSDB). O número mínimo de oito ru­bricas não foi atingido.

Por isso, o requerimento não foi votado na sessão desta quin­ta-feira, 10 de março. Até o mo­mento, assinam o documento Marcos Papa (Cidadania), Lin­coln Fernandes (PDT), Luis An­tonio França (PSB), Judeti Zilli (PT, do Coletivo Popular), Duda Hidalgo (PT), Ramon Faustino (PSOL, do Coletivo Todas as Vozes) e André Rodini (Novo).

A criação da CPI dos Des­cumprimentos Legais foi pro­posta por Marcos Papa. Segun­do o parlamentar, a comissão vai apurar se o prefeito Duarte No­gueira pode ter cometido crime de responsabilidade por recusa de cumprimento de leis ou im­probidade administrativa por ato atentatório aos princípios da administração pública.

No documento, Papa elen­ca leis descumpridas pela atual administração mesmo após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) negar liminar pleiteada pela prefeitura ao ajuizar ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra legislações pro­mulgadas pela Câmara.

Papa afirma que este é o caso da lei número 14.536, de 5 de março de 2021, de autoria da Comissão Permanente de Transparência, presidida por ele. A legislação dispõe sobre a obrigatoriedade de disponibi­lização no Portal da Transpa­rência dos estudos, pareceres e outros documentos que em­basam projetos de lei e projetos de lei complementar de inicia­tiva do Executivo.

O objetivo da lei, que foi apresentada à comissão por en­tidades da sociedade organiza­da, é dar transparência às leis do prefeito, por meio da publicação dos documentos que embasa­ram os projetos. Ou seja, uma forma de a população enten­der, acompanhar e participar da elaboração de leis impor­tantes e complexas, como o Plano Plurianual (PPA) e o Orçamento Municipal (lei Or­çamentária Anual, a LOA).

O pedido de CPI cita, ainda, o descumprimento de leis mes­mo após o Tribunal de Justiça julgar o mérito e decidir pela constitucionalidade. É o caso da n° 14.020 de 7 de julho de 2017, de autoria de Papa, que dispõe sobre a divulgação de vistorias realizadas em equipamentos ur­banos, como pontes, passarelas e viadutos, no sítio oficial.

A Lei do Olhômetro, como ficou conhecida, foi julgada constitucional pela Justiça, que julgou a Adin da prefeitura im­procedente. No acórdão, o de­sembargador enfatiza que “a lei hostilizada versa sobre tema de interesse geral da população, que consiste na divulgação de informações relativas às visto­rias realizadas em equipamen­tos públicos”.

Por fim, o documento aponta matéria publicada no jornal Tribuna de 8 de março. A reportagem mostra que a prefeitura investiu menos re­cursos em educação ao longo do 2021 do que deveria, des­cumprindo o artigo 212 da Constituição Federal – prevê o investimento de, no mínimo, 25% dos valores arrecadados com impostos e transferências.

O município investiu apenas 23,45%. No ano passado, Ribei­rão Preto arrecadou, com receita própria e transferência de im­postos, R$ 2.050.587.786. Deste total, R$ 512.646.946 deveriam ser destinados à Secretaria Mu­nicipal da Educação, mas liqui­dou apenas R$ 480.823.383. Ou seja, R$ 31.823.563 a menos do que o mínimo obrigatório.

Por meio de nota, a prefei­tura de Ribeirão Preto diz que “pauta suas ações pela legalida­de estrita e a segurança jurídica. Não há nenhum tipo de des­cumprimento de leis por parte dessa gestão. Quanto ao percen­tual de investimentos na edu­cação, trata-se de questão que envolve centenas de municípios brasileiros em razão da atipici­dade causada pela pandemia”.

Informa que “este é o obje­to da PEC, Proposta de Emen­da Constitucional (13/2021), já aprovada no Senado que tramita na Câmara dos Depu­tados. Ela prevê que os recur­sos não aplicados no período sejam investidos em educação em 2022 e 2023. Com a apro­vação deste texto, a Secretaria Municipal da Educação utili­zará o recurso na construção de novas escolas, na melhoria da infraestrutura, na contra­tação de mais professores e na compra de material didático.”

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