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Câmara instala CEE da Coderp

ALLAN S. RIBEIRO/CÂMARA

A Câmara de Vereadores instalou nesta terça-feira, 8 de março, a Comissão Especial de Estudos que vai estudar, acompa­nhar e fiscalizar os procedimen­tos do processo de liquidação da Companhia de Desenvolvi­mento Econômico de Ribeirão Preto, a CEE da Coderp.

A CEE da Coderp é com­posta por André Rodini (Novo) – autor da proposta –, Renato Zucoloto (PP) e Gláucia Bereni­ce (Republicanos). Os três parla­mentares também participaram da comissão que analisou a viabi­lidade financeira da companhia e sugeriu que a empresa fosse ex­tinta, já que sempre foi deficitária.

Na reunião de ontem, os integrantes da CEE definiram que nesta quarta-feira, dia 9, irão entregar ofício ao secre­tário municipal de Governo, Antonio Daas Abboud, conten­do os questionamentos sobre o cronograma a ser desenvolvido na liquidação e esclarecimentos sobre como serão aplicados os R$ 30 milhões que a prefeitura vai repassar para a companhia, com autorização do Legislativo.

Também nesta terça-feira, teve início o processo de extinção da empresa de economia mista. A prefeitura detém 99% do con­trole acionário. Em assembleia realizada em 23 de fevereiro, fi­cou definida a composição da Comissão Liquidante (CL) res­ponsável por conduzir o caso.

Por indicação do prefeito Duarte Nogueira (PSDB), o pre­sidente será Romerio Donagio Righetti. A CL ainda tem a parti­cipação do advogado Ângelo Ro­berto Pessini Junior, ex-secretário municipal de Administração e Negócios Jurídicos, e Everaldo Oliveira Rocha, atual diretor-pre­sidente da Coderp. A ata da as­sembleia foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de quarta-feira (2).

A Diretoria Executiva e o atu­al Conselho de Administração e Fiscal da empresa encerraram suas atividades na segunda-fei­ra (7). O novo Conselho Fiscal, que funcionará durante a liqui­dação, será formado pelos secre­tários municipais Antonio Daas Abboud (Governo) e Alessandro Hirata (Justiça) e por Lourenço Porfírio Belutti Junior, da Secreta­ria da Fazenda de Ribeirão Preto.

Uma das primeiras medidas a serem tomadas para o processo de liquidação da Coderp será o levantamento do valor das ações unitárias da companhia e a con­vocação de todos os acionistas minoritários para que, sem exce­ção, devolvam suas ações. Caso não ocorra a devolução voluntá­ria, a omissão afirma que tomará as medidas legais necessárias.

A extinção da Coderp foi anunciada pelo prefeito Duarte Nogueira no dia 15 de feverei­ro. O processo de liquidação da Coderp deve levar cerca de dois a seis anos, segundo ficou defini­do na assembleia, já que a com­panhia tem dívidas trabalhistas e tributárias (passivo) de aproxi­madamente R$ 150 milhões.

Deste total, R$ 90 milhões es­tão consolidados e têm de ser pa­gos antes da extinção. A prefeitu­ra não teria como arcar com este valor de uma só vez. A previsão inicial é quitar os débitos em 24 meses. Além do repasse de R$ 30 milhões aprovado em 17 de fevereiro na Câmara, novos subsídios devem ser liberados. Para isso, novos projetos serão enviados ao legislativo.

Atualmente, a Coderp tem cerca de 130 funcionários, to­dos eles contratados pela Con­solidação das Leis do Trabalho (CLT). Para demiti-los, a com­panhia terá de pagar, além de todos os direitos trabalhistas, 40% de multa sobre o valor do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Sem recursos para rescindir o contrato de todos eles de ime­diato, o desligamento será feito de forma escalonada. A pro­posta é que num primeiro mo­mento cerca de 50 funcionários sejam demitidos e, ao final do processo de liquidação, o últi­mo funcionário seja exonerado.

A Companhia de Desenvol­vimento Econômico, empresa de economia mista, cujo prin­cipal acionista é a prefeitura de Ribeirão Preto, vai completar 50 anos em 2022. O documento aponta que, desde sua fundação em 1972, na gestão do prefeito Antônio Duarte Nogueira, o pai, a empresa sempre foi deficitária.

Segundo justificativa da prefeitura de Ribeirão Preto, a liquidação da Coderp é ne­cessária por causa das expres­sivas dívidas que a empresa acumulou e que teriam sido provocadas, em grande parte, pela corrupção durante a admi­nistração da ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido), caso inves­tigado na Operação Sevandija.

Nesta ação penal, o juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, condenou 21 pessoas, entre elas nove ex-ve­readores e quatro ex-secretários e ex-superintendentes da Co­derp, empresários, funcionários públicos e um advogado – as penas dos 21 réus variam de dois anos e oito meses a mais de 38 anos de prisão.

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