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Dia da Mulher – País tem um estupro a cada dez minutos

MARCELO CAMARGO/AG.BR.
Brasil registrou 56.098 estupros de mulheres ao longo do ano passado: 2.451 mulheres foram assassinadas por sua condição de mulher na pandemia – © Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

O Brasil registrou 56.098 es­tupros de mulheres ao longo de 2021, de acordo com dados di­vulgados nesta segunda-feira, 7 de março, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O núme­ro do ano passado é 3,7% maior em relação ao ano anterior e equivale a um caso a cada dez minutos no país.

Os dados foram extraídos dos boletins de ocorrência das Polícias Civis das 27 unidades da federação e mostram que durante a pandemia de covid-19 (entre março de 2020 e dezem­bro de 2021) houve um aumen­to significativo dos casos de vio­lência sexual contra meninas e mulheres, chegando a um total de 100.398 registros.

Subnotificação
“Existe uma subnotificação imensa e o que conseguimos ver é a ponta do iceberg. A gen­te já imaginava que a pandemia faria crescer a violência contra a mulher, porque isso ocorreu em outros países, e também tem uma vasta literatura que mostra que em momentos de crise existe aumento da violên­cia contra a mulher”, explica Samira Bueno, diretora-exe­cutiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Isolamento social
Ela lembra que o isolamento social contribuiu para o cresci­mento dessa violência e que um grande problema é que não é possível ter noção dos números reais, porque geralmente a víti­ma está em confinamento com o agressor e isso torna mais com­plicada a denúncia. Até por isso, a especialista acredita que o número possa ser até cinco vezes maior, algo acima de meio milhão de casos de violência sexual.

“A maior parte dos estupros são em crianças e adolescentes, ou seja, até 13 anos. A pande­mia confinou essas pessoas em casa e elas ficaram sem escola, então não tinham nem acesso a um profissional da educação que poderia perceber que elas estavam sofrendo algum tipo de violência. Acredito que esse nú­mero de 100 mil casos pode ser cinco vezes maior”, desabafa.

Como o levantamento foi feito para o Dia Internacional da Mulher, os dados não incluem estupros de pessoas do sexo masculino, incluindo meninos. Samira reforça que parte desses números se referem a crianças de até 9 anos, dando a dimensão do tamanho da violência sofrida no Brasil.

Assassinatos
O Fórum Brasileiro de Se­gurança Pública mostrou tam­bém que 2.451 mulheres foram assassinadas pela sua condição de mulher desde o início da pandemia, em março de 2020. Os dados preliminares indicam 1.319 feminicídios em 2021, com uma diminuição de 2,4% em relação ao ano anterior. Mesmo assim, os especialistas apontam que é um número bem alto e que continua exi­gindo atenção das autoridades.

“Os dados divulgados apon­tam para a urgência de imple­mentação de políticas públicas de acolhimento, prevenção e en­frentamento à violência contra meninas e mulheres no Brasil. Apesar do leve recuo na inci­dência de feminicídios, os nú­meros permanecem muito ele­vados, assim como os registros de violência sexual”, diz Samira.

Em 2021, São Paulo registrou queda de 24% nos feminicídios e isso puxou a taxa nacional para baixo segundo o levantamento. Já o Estado do Tocantins teve um aumento de 144% de casos no período. “É cedo para tirar conclusões. Precisamos descon­fiar dos lugares onde a redução foi muito expressiva, pois pode ter problema de registro de in­formação”, conclui Samira.

Ribeirão Preto
Segundo as “Estatísticas da Criminalidade”, divulgadas pela Secretaria de Estado da Segu­rança Pública de São Paulo (SSP/ SP), o aumento dos casos de es­tupro preocupam em Ribeirão Preto. Foram doze em janeiro de 2022, contra oito do mesmo período de 2021, quatro a mais e alta de 50%, cerca de um a cada dois dias e meio. No ano passa­do houve aumento de 135,7%.

Foram 132 casos contra 56 de 2020, ou seja, 76 a mais. A média ficou em um a cada três dias. Em janeiro deste ano, nove vítimas eram menores de ida­de, 75% do total. Oitenta e oito crianças ou adolescentes foram vítimas deste tipo de crime no ano passado, 66,7% do total. Em 2020, em 44 das denúncias as ví­timas eram vulneráveis (78,6%).

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