Na última terça feira (15/02), o TSE formalizou a parceria com oito redes sociais com o objetivo de combater a desinformação sobre as próximas eleições. Sem dúvida, uma ótima notícia para a democracia enfrentar as hordas milicianas bolsonaristas. Entraram no acordo Facebook, TikTok, Instagram, Twitter, WhatsApp, Kwai, Google e Youtube. Quem ficou de fora? Só podia ser… o nosso já conhecido Telegram! O mesmo que já foi bloqueado ou restringido em 11 países. Alguns dos motivos são a disseminação de desinformação e discurso de ódio, além da falta de fornecimento de dados.
Foram assinados memorandos que listam medidas a serem desenvolvidas em conjunto pelo TSE e as plataformas, de acordo com as especificidades de cada uma. Uma das principais linhas de atuação é a remoção de conteúdos considerados danosos ao processo eleitoral. Nesta linha, plataformas como TikTok, Facebook e Instagram, anunciaram que seguirão com a exclusão de publicações que forem julgadas nocivas. E que fique bem claro: não se trata de nenhuma restrição àliberdade de expressão, mas exatamente uma excelente iniciativa em defesa dela! Não deve existir liberdade para divulgar mentiras que confundem as pessoas!
O ministro do STF Luís Roberto Barroso falou de uma possível suspensão do Telegram no Brasil. “Eu penso que uma plataforma, qualquer que seja, que não queira se submeter às leis brasileiras deva ser simplesmente suspensa”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo. E disse mais: “Brasil não é casa da sogra para ter aplicativos que façam apologia ao nazismo, ao terrorismo, terreno fértil para fake-news, venda de drogas e notas falsas, que vendam armas ou que sejam sede de ataques à democracia que a nossa geração lutou tanto para construir”. Esta plataforma é um verdadeiro covil de criminosos.
Atualmente, o Telegram está instalado em 53% dos smartphones no Brasil, taxa que era de apenas 15% em 2018, segundo levantamento do site MobileTime. A rede permite grupos com 200 mil pessoas, além de compartilhamento irrestrito. Em poucas horas, navegando por essas águas turvas, é possível encontrar até compartilhamento de pornografia infantil. Apologia ao nazismo, comércio ilegal de imagens e desinformações sobre a vacina contra a covid-19 também proliferam — mais de 50 mil grupos foram formados na plataforma com essas finalidades. Verdadeiros crimes que correm soltos!
Nos EUA, o grupo supremacista branco Proud Boys e outros extremistas que exploram a teoria conspiratória QAnon, possuem canais de dezenas de seguidores. Aqui no Brasil, o Telegram se transformou em refúgio da extrema-direita e de seus representantes que sofreram sanções em outras plataformas digitais, o que já acontece em vários países. E por quê? Exatamente porque esta rede atua sem nenhum controle e se recusa a qualquer diálogo e entendimento com as autoridades. Terreno fértil para os apoiadores de Bolsonaro continuarem fazendo o que fizeram na última eleição presidencial e durante todo o seu desgoverno.
Recentemente o Telegram ultrapassou a marca de meio bilhão de usuários em todo o mundo, em parte atraídos por políticos e personalidades punidos ou insatisfeitos com ações e políticas adotadas em outras redes. Em 72 horas, na segunda semana de janeiro de 2021, a plataforma ganhou 25 milhões de novos usuários, logo depois do ex-presidente dos EUA Donald Trump ser expulso do Twitter e suspenso do Facebook por incitar atos antidemocráticos contra o Congresso norte-americano. Percebe-se que esta rede tem sido utilizada com claros objetivos políticos. E perversos!
Em uma rápida passagem pelo Telegram, descobre-se alguns grupos e canais do Brasil, cujos criadores e fomentadores são personagens bastante conhecidos entre nós: carlazambellioficial, biakicisoficial, Bolsonaro_APB, eusoudedireita, bolsonarocarlos, allandossantos, bkuster e vários outros. Podem estar com os dias contados. Concordo com Barroso: não podemos ser casa da sogra! E se alguém acredita que pode transformar o processo eleitoral desse ano em um mar de desinformação e mentiras, pode já ir tirando o cavalo da chuva!