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Bolsonaro diz a Putin ser solidário à Rússia

MIKHAIL KLIMENTYEV/REUTERS

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrou nesta quar­ta-feira, 16 de fevereiro, no Kremlin, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ponto alto da viagem oficial ao país. Nos cumprimentos iniciais, o chefe do Executivo brasileiro destacou ao russo que é solidá­rio ao país e que deseja colabo­rar nas áreas de defesa, petró­leo, gás e agricultura.

A afirmação sobre solida­riedade vem em meio às ten­sões entre a Rússia e a Ucrânia. O presidente, no entanto, não citou diretamente o tema, mas o governo russo retirou mais tropas da fronteira ontem. “Somos solidários à Rússia e queremos muito colaborar em várias áreas, defesa, pe­tróleo e gás, agricultura. As reuniões estão acontecendo”, disse o chefe do Executivo brasileiro a Putin, com a aju­da de um intérprete.

Bolsonaro ainda agra­deceu a Putin pelo convite para a visita oficial a Moscou. “Estou muito feliz e honra­do com seu convite. Nossa passagem por aqui é retrato para o mundo de que pode­mos crescer muito em nossas relações bilaterais”. Em se­guida, agradeceu o apoio do Kremlin ao caso de um brasi­leiro preso na Rússia.

“Estamos à disposição e tenho certeza de que esse en­contro será muito produtivo para nossos povos”, finalizou, antes de seguir para a parte reservada da agenda. Já Pu­tin manifestou a Bolsonaro alegria em recebê-lo, come­morou a manutenção do co­mércio bilateral entre os pa­íses durante as restrições da pandemia e disse esperar que o encontro seja produtivo.

“Brasil é nosso principal parceiro na América Latina”, destacou o líder russo, que também mantém boas rela­ções com a Argentina. Putin afirmou que Brasil e Rússia têm posições “próximas ou coincidentes” na pauta inter­nacional. A declaração foi fei­ta no Kremlin após encontro com o presidente Jair Bolsona­ro e em meio às tensões do país com a Ucrânia.

“Posições de nossos países são próximas ou coincidentes. Temos firmes compromissos com resolução de conflitos por meios diplomáticos e políticos”, declarou o russo, acusado pe­los Estados Unidos de ter dis­posição em invadir a Ucrânia.

O presidente da Rússia também destacou o envio de “quase dez milhões de tonela­das” de fertilizantes ao Brasil. A crise dos fertilizantes é o principal interesse do país na visita oficial. Para participar da reunião, Bolsonaro teve de se submeter a um teste de covid-19 do tipo RT-PCR na manhã de ontem em seu ho­tel em Moscou.

Além disso, o encontro bilateral teve a presença ape­nas dos dois presidentes e de intérpretes. As medidas obe­decem a protocolos sanitários rígidos do Kremlin em função da pandemia. Bolsonaro tam­bém participou na manhã des­ta quarta-feira de cerimônia em homenagem a soldados do exército russo mortos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), épo­ca em que a Rússia era a co­munista União Soviética.

Ele não usava máscara de proteção contra a covid-19. Foi o primeiro compromisso ofi­cial do presidente na visita ofi­cial à Rússia. Bolsonaro fez en­trega de flores no monumento conhecido como “túmulo do soldado desconhecido”, ergui­do em nome de militares mor­tos sem identificação durante o confronto com os nazistas.

Junto aos Estados Unidos, os soldados do Exército comu­nista da União Soviética tive­ram papel decisivo para a der­rota das tropas alemãs de Adolf Hitler na Segunda Guerra. A homenagem com referências ao passado comunista da Rús­sia acontece no momento em que Bolsonaro tenta reciclar o discurso de combate à esquer­da e ao comunismo, de olho nas eleições de 2022.

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