Tribuna Ribeirão
DestaqueGeral

A difícil limpeza do Gota D’Água

FOTO: ALFREDO RISK

A limpeza do lustre de cristal “Gota D’Água”, obra de arte de Tomie Ohtake (1913- 2015), artista plástica japonesa naturalizada brasileira, proce­dimento que encerra os traba­lhos de manutenção e reparos do Theatro Pedro II – terceiro maior teatro de ópera do Bra­sil, referência histórico-cultu­ral para a região de Ribeirão Preto –, começou nesta terça­-feira, 15 de fevereiro, e deve durar mais dois dias.

O prefeito Duarte Noguei­ra (PSDB) e o presidente da Fundação Dom Pedro II, Nica­nor Lopes, acompanharam os trabalhos. Por ser uma obra de arte importante para o teatro, todo o cuidado é pouco para a preservação da peça, por isso, o trabalho de limpeza requer a realização de uma operação que leva cerca de três dias, des­de a retirada do lustre, sua lim­peza, troca de lâmpadas e res­tauro necessários até ser içado novamente ao teto.

Este trabalho deve ser fei­to próximo do solo para evitar acidentes com os funcionários e com a peça de arte. Em 2014, a Fundação Dom Pedro II in­vestiu R$ 40 mil em uma talha elétrica para “baixar” o lustre. De acordo com Nicanor Lopes, a descida do objeto é promovi­da de forma cuidadosa, sendo limpas, uma a uma, as placas de cristal. “Todo esse trabalho con­ta com muita responsabilidade, carinho e atenção por parte dos funcionários do próprio teatro, que são especializados nessa limpeza”, destaca.

O objeto é um dos símbolos da reinauguração do Theatro Pedro II, em 19 de junho de 1996, após passar 16 anos fe­chado devido a um incêndio em julho de 1980. Desenhado por uma das principais artistas plás­ticas do Brasil, o lustre de cristal “Gota D’Água” é coberto por uma cúpula de gesso estrutural, com a fixação de lâmpadas espe­ciais que fazem suas luzes passar por entre os recortes, criando um efeito escultural único.

Com 1.400 quilos, tem 2,7 metros de altura por 2,2 metros de largura e possui cerca de 80 lâmpadas – 68 estão sendo subs­tituídas. O Pedro II é o terceiro maior teatro de ópera do Brasil e referência histórica cultural para a região, assim como para todo o país. O prédio é tombado como Patrimônio Cultural pelo Con­selho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológi­co e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e as obras são necessárias para preservação de suas características originais.

O Theatro Pedro II vai completar 92 anos em 8 de ou­tubro. É o palco principal da Orquestra Sinfônica de Ribei­rão Preto (Osrp). Foi constru­ído entre 1928 e 1930 a pedido do advogado João Alves Meira Júnior, um dos fundadores da Cia. Cervejaria Paulista.

O projeto foi elaborado pelo arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Júnior, e a parte estrutural da construção coube à empresa alemã Kemmitz. Em 15 de ju­lho de 1980, durante a exibição do filme “Os Três Mosquetei­ros Trapalhões”, um incêndio destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, incluindo-se o teto.

Na fase de reforma, a cúpu­la metálica da plateia principal foi reconstruída pela artista plástica Tomie Ohtake e a cai­xa cênica foi rebaixada em seis metros. Foi criado um subsolo com mais dois níveis: espaços para serviços de apoio artísti­co, oficina de cenário, carpin­taria e almoxarifado técnico. Os ferros retorcidos na cúpula do teatro são uma alusão às chamas do incêndio de 1980, ideia de Tomie Ohtake.

“O lustre é uma obra magní­fica, formando uma gota d’água invertida junto ao teto, que sim­boliza as chamas de fogo que acometeram o Theatro na dé­cada de 1980. Temos o símbolo do que foi uma tragédia e que hoje, para nós, é motivo de muito orgulho”, explica o pre­feito Duarte Nogueira.

Além do lustre, todo o imó­vel passa por manutenção no início do ano. São realizadas a limpeza do prédio, aspiração e calafetação do palco, reparos das varas de iluminação, varas cênicas, trocas de lâmpadas do equipamento de iluminação, marcenaria, restauração de pin­tura e boca de cena, manutenção hidráulica, revisão do sistema elétrico, entre outros serviços.

“A manutenção faz parte dos cuidados para a preservação desse patrimônio cultural que é o Theatro Pedro II. Uma ma­neira de deixar a casa em ordem para receber o público que está de volta presencialmente aos espetáculos”, informa Nicanor Lopes. As atividades em 2022 no Pedro II foram retomadas na sexta-feira (11) com o es­petáculo “Coldplay Live Ex­perience”. No domingo (20), o humorista Thiago Ventura subirá ao palco para apresentar três sessões do show de humor “Modo efetivo”. Duas estão com ingressos esgotados.

Postagens relacionadas

Temer fez intervenção pensando em se reeleger

Redação 1

Justiça aceita denúncia do MPE e contador vira réu nos atropelamentos na Via Norte

Redação

O valor previsto para o salário mínimo é de R$ 1.412 a partir de janeiro

Redação 2

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com