Apesar dos constantes apelos e alertas convocando doadores, por meio das redes sociais e apoio da imprensa, os bancos de sangue no país continuam enfrentando uma situação de queda acentuada em seus estoques sanguíneos, sob o risco de comprometer o abastecimento aos hospitais que atendem pacientes internados em diversos tratamentos e que necessitam de transfusões de sangue.
De acordo com o Banco de Sangue de Ribeirão Preto, em comparação com o mesmo período do ano passado, a demanda por transfusões de sangue aumentou 30%. “Nossos estoques nesse momento estão 54% abaixo do ideal e as doações de sangue estão 18% abaixo do mínimo ideal”, diz a médica hematologista da unidade, doutora Maria Isabel.
“Precisamos de 70 coletas por dia para equilibrarmos esse índice, o que não vem ocorrendo há muitos dias. Se esse cenário se estender por muito tempo pode haver um colapso”, explica a médica hematologista. Com o aumento dos casos de covid-19 pela variante Ômicron e da influenza, há muitos doadores que se contaminaram e tiveram que se afastar.
E há ainda as pessoas que não contraíram as doenças, mas que ficam receosas em doar sangue neste momento. A médica informa que o Ministério da Saúde estabeleceu um novo protocolo de aptidão de doação para quem teve covid-19, reduzindo de 30 para dez dias após o período de recuperação completa da doença.
“Essa informação é importante, pois o tempo de inaptidão para quem teve covid agora é menor, de apenas 10 dias. Isso é um fator positivo que poderá mobilizar mais pessoas, pois precisamos que esses doadores retornem o quanto antes”, ressalta Maria Isabel, lembrando que uma única doação pode salvar até quatro vidas.
Outro aspecto que tem influenciado na queda das doações é a desinformação das pessoas sobre o período de inaptidão em relação às vacinas, pois muitos acham que, ao se vacinarem, precisam esperar um tempo maior do que o necessário para doarem sangue. “Os doadores que recebem o imunizante contra o coronavírus se tornam inabilitados a doarem sangue por um período curto: Coronavac são 48 horas, AstraZeneca, Pfizer e Janssen são sete dias. Por isso, é importante que eles estejam atentos a esse prazo e façam a sua doação antes ou depois de se vacinarem”, enfatiza a médica.
O Banco de Sangue de Ribeirão Preto informa que o ato de doar sangue é totalmente seguro e que a instituição tem o selo “Covid Free de Excelência”, por manter as melhores práticas de prevenção e enfrentamento à pandemia de coronavírus, seguindo rigorosamente todos os protocolos de segurança contra a covid-19.
Entre outros, um dos requisitos básicos para ser um doador é ter entre 16 e 69 anos desde que a primeira doação seja realizada até os 60 anos (menores de idade precisam de autorização e presença dos pais no momento da doação). Também deve estar em boas condições de saúde, pesar no mínimo 50 quilos e não ter feito uso de bebida alcoólica nas últimas doze horas.
Na hora da doação, deve apresentar um documento oficial com foto – Registro Geral (RG, a cédula de identidade), Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e etc. – em bom estado de conservação. Após o almoço ou ingestão de alimentos gordurosos, aguardar três horas. Não é necessário estar em jejum.
O Banco de Sangue de Ribeirão Preto fica na rua Quintino Bocaiúva nº 975, no Centro, a apenas 50 metros do antigo endereço. O novo local dispõe de uma infraestrutura ampla, em um espaço exclusivo, fora de um ambiente hospitalar, para acolher o doador de sangue com o mesmo carinho, agilidade e atenção, atendendo de segunda a sábado, das sete às 18 horas.
Os potenciais doadores com diagnóstico ou suspeita de covid-19 e que apresentaram sintomas da doença, mesmo nos casos leves ou moderados, só poderão doar sangue após um período de dez dias após recuperação da doença. Antes, eram 14 dias.
Também serão consideradas inaptas as pessoas que apresentarem teste diagnóstico positivo para Sars-CoV-2, mesmo que sejam assintomáticas. Aqui, o período de proibição é de dez dias após a data da coleta do exame. Na atualização, foi retirado ainda o critério de inaptidão para doação de pessoas que tenham se deslocado ou que sejam procedentes de países com casos de covid-19.