O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Ribeirão Preto decidiu adiar pela segunda vez o depoimento de Duda Hidalgo (PT) e das nove testemunhas arroladas pela petista para rebater a denúncia de uso indevido de veículo oficial. As oitivas estavam marcadas para esta segunda-feira, 7 de fevereiro, e agora serão realizadas na quarta-feira (9).
Duda Hidalgo foi notificada sobre a reunião de ontem por meio de publicação no Diário Oficial do Município (DOM) de sexta-feira (4). Ela é acusada pelo munícipe Nilton Antonio Custódio de ter usado o veículo oficial a que tem direito – um Renault Fluence placas EHE 3406 – para participar de eventos particulares e partidários em outras cidades paulistas.
De acordo com a denúncia, o carro teria sido visto entre os dias 14 e 21 do mês de setembro nas cidades de Jundiaí, Sorocaba, Mauá, Diadema e São Bernardo do Campo. Nos documentos protocolados o denunciante teria anexado cópia da planilha de deslocamento do veículo da parlamentar, nos referidos dias, assinada por ela e que comprovariam o deslocamento para estes locais.
A data limite para conclusão do caso pelo colegiado é de 90 dias contados da data da notificação. No caso da parlamentar, notificada no dia 25 de novembro, a conclusão tem que ser feita até 22 de fevereiro. Apesar do cancelamento das oitivas, o Conselho de Ética e a própria Duda Hidalgo participaram de uma reunião nesta segunda-feira.
Os depoimentos foram remarcados para possibilitar que a vereadora e sua defesa tenham acesso às imagens de monitoramento do Sistema Detecta da Polícia Militar, enviadas para a Câmara na noite de sexta-feira (4). As gravações teriam revelado que o veículo oficial da vereadora foi flagrado pelas câmeras nas rodovias das cidades citadas nas denúncias, segundo o Tribuna apurou.
A reunião de ontem foi híbrida e também teve a participação do advogado de Duda Hidalgo, Ernesto Paulino, e de seus assessores, por teleconferência. Já os vereadores do colegiado participaram presencialmente no plenário Jornalista Orlando Vitaliano, no Palácio Antônio Machado Sant’Anna, sede do Legislativo. Tanto, a parlamentar quanto sua equipe estão em isolamento por suspeita de covid-19.
Eles tiveram contato com o advogado que testou positivo para a doença. O relator do processo no Conselho de Ètica é Renato Zucoloto (PP), também vice-presidente. O colegiado conta ainda com a participação de Maurício Vila Abranches (PSDB, presidente), Ramon Faustino (Psol, do Coletivo Todas as Vozes), André Rodini (Novo) e Judeti Zilli (PT, do Coletivo Popular).
Vereadores ouvidos pelo Tribuna disseram que os sucessivos adiamentos solicitados pela vereadora são uma manobra para deixar o processo parado até o prazo de 90 dias terminar e o caso ser arquivado. Legalmente, se o prazo vencer e o Conselho de Ética continuar com as investigações, será considerado nulo pela Justiça.
Entretanto, afirmam que caso as investigações não sejam concluídas neste período, o conselho poderá arquivar o atual processo e abrir outro. Neste caso, o novo prazo começaria a ser contado do zero. O suplente de Duda Hidalgo na Câmara de Ribeirão Preto é o médico e ex-vereador petista Jorge Parada.
Em nota, a vereadora já negou a utilização indevida do carro, afirmou ao Tribuna que as acusações são infundadas e que se trata de um evidente caso de perseguição política, mais especificamente de violência política contra uma mulher legitimamente eleita.
“Tenho plena segurança da licitude de minhas ações e minha defesa provará isso no processo. Ressalto que não serei intimidada e seguirei atuando como sempre atuei: um mandato combativo a serviço do povo ribeirão-pretano”, disse Duda Hidalgo.