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O Terceiro Homem

Andando por este mundo aprendem-se muitas lições de viver e de conviver. Em Viena, passando longe dos seus museus inesque­cíveis, percebe-se que a música é a sua marca registrada. No final da década de quarenta, os ingleses ali filmaram uma das películas mais notáveis da arte cinematográfica. O filme inesquecível recebeu o nome de “O Terceiro Homem”, que retrata texto do escritor inglês Graham Greene. Os atores principais eram Orson Welles, Joseph Cotten, e, a italiana Alida Valli. Mas não somente eles.

Numa noite, os artistas foram jantar num restaurante, onde se apresentava o músico Anton Karas, tocando um instrumento pouco conhecido no Brasil, a cítara. A música era também tão extraordiná­ria que a direção do filme adquiriu o direito de reproduzi-la na fita sonora. Foi um sucesso. Converteu-se na música mais reproduzida no início da década de cinquenta. Recebeu o nome do filme pois é conhecida como “O Terceiro Homem”. Temos guardado o disco até hoje com a reprodução feita pelo próprio compositor Anton Karas. Claro, com a sua cítara.

Os dois artistas principais representam dois antigos amigos que, após a Primeira Guerra Mundial, tomam posições políticas diversas. E o terceiro homem? Os dois amigos discutem na roda gigante de Viena, na época a maior do mundo.

No final do passeio, o malfeitor pretende converter o honesto às suas ideias, dizendo-lhe, mais ou menos o seguinte: “o mal vence sempre o bem; a Itália, no passado, quase sempre foi administrada por políticos sanguinários, como Nero, e, no entanto, gerou homens como Dante Alighieri, Caravaggio, Bellini, Michelangelo, e, muitos outros. A Itália foi sangrenta durante séculos e gerou gênios. A Suí­ça, ao contrário, foi governada apenas por governantes pacíficos. E o que a Suíça deixou para a civilização? Somente o relógio do “cuco”!

No filme, é desnecessário registrar, o malfeitor não consegue converter seu amigo honesto às suas condutas bandidas. O roman­ce, o filme e a música converteram-se em obras extraordinárias.

O romance desenvolve-se tendo como pano de fundo o final da Segunda Grande Guerra. A Áustria, naqueles dias era administrada pelas nações vencedoras, a União Soviética, os Estados Unidos e a Inglaterra que quase sempre unidos e quase sempre desunidos impõem aos austríacos o seu modo de viver.

Os seus policiais buscam prender o malfeitor que vende umre­médio falsificado para a população. No caso, tratava-se da penisuli­na, recentemente descoberta pela ciência médica. Com tal conduta, o malfeitor estava matando um grande número de austríacos, apresentando-se como uma verdadeira epidemia.

O malfeitor insiste em convencer seu amigo honesto a conver­ter-se na sua trama, argumentando que para os austríacos daquela época melhor seria morrer do que viver. E para os vencedores da guerra melhor seria ficar cada vez mais ricos do que mais pobres.

É possível encontrar, no curso da história dos homens, panos de fundo semelhantes, sustentando ser melhor atacar a bondade do que suportar o mal mesmo tendo que derrotar a boa conduta.

O romancista inglês, após o grande sucesso do filme, publicou alguns outros livros, oportunidade nas quais sem atuou defendendo o bem. É dele o romance “Nosso Homem em Havana”. Pelos seus méritos foi premiado com o Oscar nos Estados Unidos.

Releve-se que a sua obra destacou-se por enfrentar e analisar não somente questões históricas, mas também conferir a elas conclusões decisivas para o seu entendimento.

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