Tribuna Ribeirão
Economia

Inflação nas gôndolas supera a oficial

FOTO: EBC

Considerado um mês com alta no preço de alguns ali­mentos devido ao elevado consumo ocasionado pelas festas de fim de ano, dezembro apresentou inflação de 1,03% no Índice de Preços dos Su­permercados (IPS), calcula­do pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econô­micas (Fipe). No período de janeiro a dezembro, o acu­mulado foi de 10,21%.

Inflação oficial
A alta de preços nas gôn­dolas dos supermercados em 2021 ficou acima da inflação oficial, medida pelo Índice Na­cional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que em dezem­bro foi de 0,73%, ante um avan­ço de 0,95% em novembro, se­gundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, a taxa acumulada pela inflação no ano passado foi de 10,06%, maior patamar desde 2015, quando havia fica­do em 10,67%. No mês de de­zembro de 2020, o IPCA tinha sido de 1,35%.

Carnes
O aspecto positivo é a re­dução de itens que integravam uma cesta de produtos infla­cionados ao longo do ano. No caso dos derivados das carnes, ocorreu uma redução de 1,03% no mês, já que a cadeia produti­va não foi afetada pela demanda das compras das ceias natalinas e de Réveillon. Itens como pei­to de peru, presunto, toucinho defumado, empanados de fran­go e pertences de feijoada con­tribuíram para a deflação do índice geral dessa categoria.

Hortifruti
Dentre os hortifrutigran­jeiros (produtos in natura), os tubérculos tiveram redu­ção de 2,01% e de 9,07% no acumulado do ano, puxada principalmente pela batata, que deflacionou 19,62% no mês e 29,43% no ano. A que­da no preço foi provocada pela elevação da oferta, mes­mo com regiões produtoras afetadas pelas geadas ocorri­das em maio.

O IPS geral dos hortifruti­granjeiros registrou aumento de 3,16% no mês e de 4,95% de janeiro a dezembro. A in­tensa procura por frutas para as festividades de fim de ano ocasionou uma inflação de 7,22% e de 3,99% no acumu­lado do ano nessa categoria de produtos. As carnes, que vinham em desaceleração nos 3 meses anteriores a de­zembro, sofreram os impac­tos da demanda sazonal das festas de fim de ano e apre­sentaram inflação de 1,04% no mês e de 13,85% no ano.

No entanto, as projeções apontam para estabilidade no preço dos cortes bovinos em virtude do equilíbrio do cus­to de produção decorrente da acomodação dos valores das commodities internacionais e do recorde histórico de 221 milhões de cabeças alcança­do pelo setor em 2021.

Industrializados
A cesta dos industriali­zados registrou inflação de 1,25% em dezembro e de 14,36 % em 2021, influenciada prin­cipalmente pelos produtos derivados do leite, panifica­dos e café. Os itens panifica­dos pesaram no alto índice da categoria, uma vez que parte do trigo utilizado na produ­ção é importado. Essa eleva­ção no custo produtivo por conta dos efeitos cambiais causou uma alta de 0,25% em dezembro e de 10,68% no acumulado do ano.

Bebidas
Bebidas não alcoólicas apresentaram inflação de 0,67% no mês e de 7,52% no acumulado do ano. Um dos principais itens da cesta que contribuiu para a elevação foi o refrigerante, que subiu 0,62% no mês passado. O preço das bebidas alcoólicas também sofreu inflação de 0,73%, influenciado pela alta da cerveja, com aumento de 1,01% em dezembro.

No ano passado, as bebidas alcoólicas acumularam alta de 3,20%. A expectativa para 2022 é de elevação para todos os produtos que dependem da cana de açúcar ou da importa­ção de outras matérias-primas. A cana de açúcar sofreu uma redução de 13,2% na safra 2021/2022.

Higiene e limpeza
A alta dos artigos de higie­ne e beleza foi de 1,41% em dezembro e de 10,10% no acu­mulado do ano. Os principais efeitos vieram do sabonete e do creme dental, que subiram 1,38% e 2,99%, respectivamen­te. Os produtos de limpeza al­cançaram inflação de 1,18% no mês e de 12,57% no ano, com destaque para o sabão em pó, o item com a taxa mais elevada no mês: 1,59%.

“A expectativa para este ano é que os preços estabili­zem com o controle gradativo e efetivo da política de controle da meta inflacionária adotada pelo Banco Central. Em alguns indicadores, como o IGP-M e o IPCA, é possível perceber os resultados dessa redução. A influência da demanda in­ternacional das commodities e a capacidade de compra das famílias também são aspectos relacionados à estabilidade econômica”, explica Diego Pe­reira, economista da Apas.

Sobre a Apas
Com 50 anos de tradição, a Associação Paulista de Super­mercados representa o essen­cial setor supermercadista no Estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abas­tecimento com a sociedade. A entidade possui três distritais na cidade de São Paulo e 13 regionais distribuídas estrate­gicamente pelo estado.

Conta hoje com 1.505 su­permercados associados que somam 4.315 lojas. A Regio­nal Ribeirão Preto emprega cerca de 31 mil pessoas que trabalham em supermerca­dos nesta região. É composta por 78 cidades e possui 116 associados em toda sua área de cobertura. O empresário Rodrigo Canesin, do Super­mercado Canesin, é o atual diretor regional da entidade.

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