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Comerciantes são contra ‘passaporte’

FOTO: THAISA COROADO/CÂMARA

Levantamento feito pela Associação Comercial e In­dustrial de Ribeirão Preto (Acirp) junto a seus associados revela que a maioria dos entre­vistados é contra a exigência do comprovante da vacinação contra a covid-19, o popular “passaporte da vacina”.

De acordo com a Acirp, 3.800 comerciantes e empresá­rios responderam ao questio­nário e, deste total, 3.116 são contrários à exigência do do­cumento para acesso a locais públicos e particulares. Este número representa 82% dos entrevistados. A entidade tem 5.600 associados e a pesquisa abrange 67,9% do total.

O resultado da pesquisa foi divulgado pelo advogado da Acirp, Igor Gomes Lupino Gonçalves, na noite de segun­da-feira, 31 de janeiro, em au­diência pública sobre o passa­porte da vacina, realizado na Câmara de Vereadores de Ri­beirão Preto.

Organizado pelo vereador André Rodini (Novo), o evento foi realizado de forma híbrida – virtual e presencial – e, além de convidados e de munícipes, contou com a participação de outros parlamentares, como Brando Veiga (Republicanos), Judeti Zilli (PT, Coletivo Po­pular), Duda Hidalgo (PT), Gláucia Berenice (DEM) e Re­nato Zucoloto (PP).

Negacionismo
Durante o evento houve muitas opiniões discordantes entre os participantes. Algu­mas negacionisrtas, defen­dendo inclusive a ineficácia das vacinas contra o corona­vírus, mesmo diante de todas as comprovações científicas. A legalidade do passaporte sani­tário e a obrigatoriedade de imunização também foram discutidas durante o evento que não chegou a nenhuma conclusão uníssona.

Na prática, o evento serviu apenas para que os participan­tes, alguns sem nenhum emba­samento científico, reafirmas­sem suas posições. Cerca de 280 pessoas acompanharam pelas redes sociais o evento. Presencialmente, cerca de 30 pessoas assistiram o evento re­alizado no plenário Jornalista Orlando Vitaliano, no Palácio Antônio Machado Sant’Anna, sede da Câmara.

Prefeitura e Câmara
Em Ribeirão Preto, o com­provante de vacinação con­tra a covid-19 é exigido pela Câmara e pela prefeitura. No caso do Legislativo, é obriga­tório para todos os vereadores, servidores e munícipes que frequentam o Palácio Antônio Machado Sant’Anna e o Edifí­cio Jornalista José Wilson Toni, onde ficam os gabinetes dos 22 parlamentares.

A Câmara tem 93 servido­res efetivos e 110 comissionados ligados aos 22 vereadores – cin­co por gabinete. Segundo o ato número 225 da Mesa Diretora, publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de segun­da-feira, os vereadores que não apresentarem o comprovante de vacinação terão o acesso negado e a ausência nas sessões ordiná­rias, extraordinárias e legislati­va extraordinária será anotada como falta injustificada.

Desconto
Desde esta terça-feira, 1º de fevereiro, parlamentar que não apresentar o comprovante de vacinação não participará das sessões e terá falta injustificada descontada do subsídio. O cal­culo é feito dividindo o valor do subsídio de R$ 10.440,67 pelas oito sessões parlamenta­res realizadas no mês. O valor do desconto por sessão será de R$ 1.305,08. A medida será re­avaliada até dia 15.

Excepcionalmente, os ser­vidores comissionados e efe­tivos e estagiários, a critério de cada vereador ou de cada coordenador, e consideradas as características do respecti­vo gabinete ou setor, poderão apresentar um comprovante de teste RT-PCR ou de antíge­no, custeado pelo interessado e feito semanalmente.

Regras mais rígidas
A prefeitura de Ribeirão Preto também decidiu endure­cer as regras para os servidores municipais da administração direta, indireta e para os tra­balhadores das empresas pres­tadoras de serviços que não se vacinarem contra a covid-19. O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) publicou, no Diário Oficial de 26 de janeiro, o de­creto número 26/2022.

Dispõe sobre a necessidade da apresentação de compro­vante de vacinação contra a co­vid-19 – o popular “passaporte da vacina”. Têm de apresentar o documento funcionários e colaboradores de empresas que prestam serviços (terceiri­zados) e fazem parte dos qua­dros das secretarias, autarquias e fundações da administração direta e da indireta.

Servidores e empregados públicos municipais com al­guma contraindicação médi­ca à vacina devem apresentar atestado médico. A cidade tem cerca de 14.970 funcio­nários públicos municipais na ativa. Quem não apresen­tar tais comprovantes não poderá acessar os edifícios públicos e será lançada falta injustificada, avisa a nota da prefeitura de Ribeirão Preto.

Terceirizados
No caso dos terceirizados, a empresa empregadora será notificada e terá o valor da falta descontado na hora do pagamento pela prestação de serviço. A empresa também será responsabilizada se o pos­to de trabalho ficar descoberto. O decreto prevê punição para quem não provar que está com a vacinação contra o coronaví­rus completa.

OAB emite nota e defende vacinação e o passaporte
A 12ª Subseção da Ordem dos Advogados de São Paulo, a OAB de Ribeirão Preto (OAB/RP), divulgou nesta terça-feira, 1º de fevereiro, nota pública sobre a audiência realizada na Câmara de Vereadores sobre o passaporte da vacina. O comunicado foi distribuído depois da postagem de um vídeo com declaração do advogado Marcos Tulio Paranhos da Costa.

Ele é da Comissão de Direito Médico, Odontológico e da Saúde da OAB/RP. O advogado participou da audiência pública e teria desta­cado em sua fala as controvérsias existentes sobre a exigência do comprovante de vacinação, o popular “passaporte da vacina”.

No documento, a entidade reafirma que é totalmente favorável à vacina­ção contra a covid-19 e todos os meios cientificamente comprovados para o combate à doença. E que só defende a não imunização em casos comprovadamente estabelecidos pela literatura médica e por profissio­nais habilitados e competentes para determinar a não vacinação.

Diz ainda ser favorável à exigência do passaporte da vacina para acesso aos locais públicos e privados estabelecidos pelas autorida­des competentes. Nos casos em que a posição individual for contrá­ria à vontade coletiva, é preciso analisar o assunto considerando que o direito coletivo se sobrepõe ao individual.

Também lamentou as mortes dos mais de 627 mil brasileiros, vítimas da doença, e que trabalha para contribuir com a erradicação da pan­demia do país. O documento é assinado pelo presidente Alexandre Nuti, pelo vice Alexandre Silveira, pela secretária-geral Thaís Buzato, pela secretária-adjunta, Viviane Rocha, e pelo tesoureiro Leandro Cesar.

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