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Dia da visibilidade Trans: o copo está meio cheio ou meio vazio?

O mundo corporativo tem tratado a questão da diver­sidade como estratégia de negócio, o que tem proporcio­nado resultados importantes. Em 2004, o dia 29 de janeiro foi escolhido como o Dia da Visibilidade Trans, e é neste contexto que podemos analisar a movimentação alinhada à empregabilidade trans. Ainda que o cenário esteja melhor, a porcentagem de empresas efetivamente comprometidas com a pauta das pessoas trans ainda é baixa.

É certo que um dos obstáculos para a contratação formal é a soma da evasão escolar com a exclusão social e familiar que decorrem dos preconceitos e discriminações ainda enraizados na cultura nacional.

De acordo com pesquisa de 2017, realizada pela Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil, 82% das pessoas transgêneras abandonam o Ensino Médio entre os 14 e os 18 anos. A escola, ao invés de acolher, é muitas vezes um ambiente hostil e reprodutor de exclusões. O resultado: cerca de 90% da população trans no Brasil tem a prostitui­ção como fonte de renda – segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Uma pesquisa da Fapesp, de 2020, com 528 transexu­ais em sete cidades do estado de São Paulo, constatou que apenas 13,9% das mulheres trans e travestis tinham emprego formal, e quase 70% do total dessa população vivem com algum grau de Insegurança Alimentar (IA), conforme o Guia de Cuidado e Atenção Nutricional à População LGBTQIA+ do Conselho Regional de Nutricionistas da 1ª região.

Por outro lado, em detrimento dos altos índices de violências que vivenciam, percebemos o crescimento da visibilidade social que travestis e transexuais estão con­quistando nas mídias – seja nas redes sociais, em novelas, peças publicitárias e em programas de grande audiência, como o BBB. Linn da Quebrada, artista trans, fez o Brasil ler em sua testa o pronome pelo qual quer ser chamada: ela, por favor. Linn tatuou o pronome para que ninguém tenha dúvida.

O respeito, o emprego e a renda são elementos que se constituem de dignidade. Precisamos ofertar trabalho digno que respeite a existência trans, com rendimento justo, segurança e proteção social. Em 2020, das 1.419 vagas de tra­balho disponibilizadas exclusivamente para pessoas transgê­neras no portal Transempregos, apenas 40% foram preenchi­das. Isto significa que 60% das vagas restaram vacantes.

É importante que o mercado de trabalho se proponha a contratar e acolher pessoas trans. Investir em profis­sionalização e desenvolver iniciativas que promovam a inclusão. Já está na hora de compreendermos que a escola, a família e o trabalho são direitos de cidadania. Direito de todas as pessoas.

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