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Termina o restauro da maria-fumaça ‘Amália’

ALFREDO RISK/ARQUIVO

A locomotiva alemã Bor­sig que foi retirada da praça Francisco Schmidt, na ave­nida Jerônimo Gonçalves, na divisa do Centro Velho com a Vila Tibério, Zona Oeste, em 18 de julho do ano passado, para ser restaurada, será ins­talada no Parque Maurílio Biagi quando retornar para Ribeirão Preto, em janeiro.

Segundo nota da prefeitura de Ribeirão Preto, o restauro da maria-fumaça já foi concluído, mas a locomotiva só retornará para a cidade quando a obra no local onde será instalada, numa área no Parque Mau­rílio Biagi, estiver pronta. A última previsão anunciada pela administração – a quar­ta data – era para a primeira quinzena deste mês.

De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura e Turis­mo, a área onde a maria-fu­maça será instalada está sendo adequada. “O restauro da loco­motiva já foi concluído. Assim que o projeto da estrutura que irá abrigar a locomotiva estiver pronto, com a finalização da cobertura nas próximas sema­nas, a locomotiva será instala­da no Parque Maurílio Biagi, próximo à Câmara”, diz a nota.

Na tarde desta quinta-fei­ra, 27 de janeiro, a equipe do Tribuna esteve no parque para fotografar o local onde a maria-fumaça será insta­lada, mas não havia nenhu­ma obra em andamento. Os guardas civis metropolitanos que atuam no local também não foram informados sobre o início dos trabalhos.

O prazo de doze meses para restauração previsto no contrato venceu em julho. Depois, passou para outu­bro. A previsão seguinte seria para o final de novembro e, depois, a Secretaria Muni­cipal de Cultura e Turismo anunciou que a conclusão se­ria em janeiro de 2022, quan­do a locomotiva retornaria para Ribeirão Preto, mas isso deve ocorrer em fevereiro.

A locomotiva – batizada de “Amália” por causa da usina a que pertencia antes de ser do­ada ao município, o nome está gravado nas laterais do equipa­mento – ficará no parque por ser um lugar público, mas livre de depredação e vandalismo, além de oferecer segurança aos visitantes e ser de fácil acesso.

Na praça Francisco Schmi­dt, na área da “cracolândia”, a maria-fumaça acumulava lixo e tinha virado abrigo para ra­tos, além de ser alvo de furtos de peças de cobre, ferro e aço nos últimos 47 anos. A partir dos trilhos principalmente da Companhia Mogiana de Es­tradas de Ferro, foi possível transportar mais rapidamente o café produzido na região na segunda metade do século 19.

Com isso, ela contribuiu para o enriquecimento e a fama de barões do café como Henrique Dumont (1832- 1892), pai do aviador Alberto Santos Dumont (1873-1932), e Francisco Schmidt (1850- 1924), que dá nome à praça em que a locomotiva alemã Borsig fabricada em 1912 es­tava exposta desde 1973.

A maria-fumaça “Amália” é tombada pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac). Os trabalhos de restauração da locomotiva es­tão sob a responsabilidade da Associação Brasileira de Pre­servação Ferroviária (ABPF). A prefeitura de Ribeirão Pre­to abriu licitação, em maio do ano passado, no valor de R$ 808,33 mil, mas o serviço ha­via sido contratado por cerca de R$ 805 mil e agora baixou para R$ 749 mil.

Os recursos para o restauro da locomotiva são oriundos do empréstimo de R$ 75 milhões feito pelo município por meio do Programa de Financiamen­to à Infraestrutura e ao Sane­amento (Finisa) do Banco do Brasil, que contempla outras obras. A recuperação da ma­ria-fumaça obedeceu a várias etapas que incluíram desde a retirada da locomotiva do lo­cal, com a ajuda de guincho e caminhão munck, para ser restaurada em ambiente apro­priado, em Campinas.

Todos os componentes da locomotiva foram restaurados ou substituídos, quando não foi possível a recuperação. O trabalho também foi acom­panhado por um profissional especializado em patrimônio cultural e ferroviário. A loco­motiva Phantom, popular­mente conhecida como ma­ria-fumaça, pertencia à Usina Amália e em 1912 foi doada para Ribeirão Preto pelas In­dústrias Matarazzo.

O modelo é uma das três remanescentes da fabricante alemã Borsig no Brasil. As ou­tras duas estão em Itapetininga e Jaguariúna. Abandonada, a ribeirão-pretana serviu duran­te muito tempo como dormi­tório de pessoas em situação de rua e também de abrigo para usuários de drogas.

Ribeirão Preto tem outra maria-fumaça, a “Mogiana”, instalada na antiga Esta­ção Ferroviária Mogiana, na Zona Norte. A Câmara pediu e o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto aprovou seu tombamento e duas entida­des querem usar as duas lo­comotivas para projetos de “trem turístico”.

A locomotiva e os quatro metros de trilho que a susten­tavam são os últimos resquí­cios da Estação Ribeirão Preto na Vila Tibério, que funcionou a partir de 1885 e foi demoli­da em 1968. Naquele trecho existiu no passado a gare (pla­taforma) de embarque e de­sembarque por onde milhares de imigrantes passaram para trabalhar nas lavouras de café.

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