O futuro do automóvel é objeto constante de artigos dos meios de comunicação. Debate-se, amplamente, o veículo elétrico, quer seja o híbrido – etapa transitória – ou o plugado na tomada, sua versão final. Noticiam-se também novidades nas pesquisas de motores movidos a hidrogênio, encontrado em abundância na atmosfera e que gera vapor de água não poluidor, tudo uma forma para eliminar o despejo diário de gás carbônico na atmosfera, causado pelos cerca de 2 bilhões de automóveis que circulam em nosso planeta. Governos, pressionados pela opinião pública, vão anunciando a data final para se produzir o motor a combustão, o que estimula o debate sobre o assunto.
Neste espaço já falei várias vezes sobre a matéria, suas dificuldades atuais, seus problemas, bem como especulei sobre como será o automóvel, sempre ressaltando que a opção elétrica somente será vantajosa quando pudermos produzi-la de maneira limpa e não como hoje, quando 40% da energia elétrica mundial é produzida pela queima de carvão, mais poluente do que o atual motor a combustão.
Fala-se também bastante do veículo autônomo, que certamente virá, veículo que se moverá sem necessidade de motorista, promovendo uma revolução nos transportes e aumentando a segurança no trânsito. Bilhões de dólares estão sendo gastos em pesquisas sobre o assunto, bem como surgem novos players, como a Amazon e a Sony, para ficar somente com os nomes mais conhecidos.
Revistas especializadas enchem as páginas da internet com projetos desses automóveis, todos em estilo futurista, antecipando como será a nossa visão dos veículos e comerciais leves num futuro não tão longe. A Tesla americana foi a primeira a materializar a ideia dos veículos elétricos e autônomos, mas as montadoras tradicionais acordaram e estão buscando com rapidez as suas soluções.
Fiz um tour virtual no CES – Consumer Electronic Show, o mais importante evento da eletrônica mundial, que ocorre há mais de 50 anos nos Estados Unidos. Neste ano, o evento está sendo realizado em Las Vegas e os automóveis ocupam grande parte da exposição. Com seus veículos de formas totalmente novas, encantam os olhos e estimulam a mente a imaginar o futuro.
Três assuntos me chamaram a atenção. O primeiro trata de estudos em elaboração sobre o silêncio do carro elétrico. Será que o motorista não sentirá falta do barulhinho típico do motor? As montadoras estudam um barulho criado eletronicamente ou várias opções de barulhos, os quais o motorista poderá escolher a seu gosto. Também discutem se haveria necessidade de sensores notarem a presença de pedestres e assim emitirem algum som de advertência, obviamente sem a estridência do Pour Elise das distribuidoras de gás.
A segunda pesquisa procura responder a seguinte questão: decoramos nossa casa, nosso escritório, nosso local de trabalho. Por que não podemos decorar nossos automóveis da forma que quisermos? Decoradores estão debruçados sobre o assunto, tentando achar maneira de, eletronicamente, criar um ambiente nosso, quer seja por luzes de cores e intensidades variadas, que podem ser ajustadas de acordo com o humor nosso de cada dia, bem como a projeção de fotos e paisagens em paredes laterais de vidro, sem ameaçar a segurança da viagem, paisagens estas que poderão ser modificadas de acordo com nosso gosto.
Finalmente, a terceira pesquisa é feita no sentido de que, com um simples toque, o motorista possa mudar a cor de seu veículo. Não seria genial se, para um evento solene à noite, nosso carro fosse preto, porém para um passeio à tarde, ele fosse vermelho? Tecnologia para isto já existe e está sendo aprimorada.
O novo automóvel será completamente diferente dos que estamos acostumados a ver. Algumas ideias serão implementadas, outras não. Cabe a nós acompanhar.