A 13ª edição da pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) e Sebrae para medir o impacto da pandemia nos pequenos negócios mostrou que pelo menos 54% das micro e pequenas empresas (MPE) e empreendedores individuais (MEI) têm custos comprometidos com dívidas e pagamentos de empréstimos. Entre os MPE, cerca de 45% afirmaram ter dívidas para pagar. Já entre os MEI, o percentual foi de 62%. A pesquisa foi realizada entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 2021 e divulgada agora em janeiro.
Entre os endividados, 28% afirmaram ter saldo em aberto e boletos em atraso. O resultado das entrevistas também mostrou que desde a segunda edição da pesquisa, realizada em 2020, o percentual de empresas que passaram a buscar empréstimo para manter o negócio funcionando passou de 30% para 50%. Historicamente, as MPE sempre tiveram dificuldade em obter crédito, mas os dados da FGV mostraram que aumentou em 70% o número de negócios que solicitaram e conseguiram empréstimo em 2021.
A analista financeira Camila Carvalho, especializada em administração de empresas e finanças, explica que pedir empréstimos não é uma má ideia e pode ajudar a desenvolver o negócio. Entretanto, o pagamento do empréstimo não pode comprometer mais que 35% do lucro da empresa. ‘Quanto menor o número, melhor. O negócio parecerá bom em relação à sua receita se for 35% ou menos, e a dívida será administrável. Depois de pagar suas despesas, a empresa provavelmente terá dinheiro sobrando para economizar ou investir’, informa.
Ela complementa que se o lucro da empresa estiver comprometido com 36% a 49% para o pagamento de empréstimos, é possível gerenciar adequadamente, buscando a redução desse percentual. Entretanto, com mais de 50% comprometido, é hora de agir, pois a empresa fica limitada para economizar ou investir com o necessário. ‘Com mais da metade da renda destinada ao pagamento de dívidas, você pode não ter muito dinheiro para economizar, investir ou lidar com despesas imprevistas’, complementa.