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Os Desafios de Estudar a Percepção de Tempo (13): Tarefas

Quase todos nós sabemos que, se quisermos que uma tarefa seja bem-fei­ta, devemos dá-la a uma pessoa muito ocupada para fazê-lo. Aparentemente, pessoas muito ocupadas têm pouquíssimo tempo útil, de forma que necessitam serem muito eficientes, bem como, consigam fazer as coisas sem qualquer atraso. Essas pessoas provavelmente conhecem como controlar seu próprio tempo. Obviamente, essa habilidade de manejar o próprio tempo sem atraso requer, no mínimo, uma boa estimativa do tempo requerido para completar uma tarefa, além de excelente conhecimento da tarefa que tem nas mãos, para que se consiga estimar o tempo que tomará para fazer a tarefa. Entretanto, nossa estimativa de quanto tempo uma tarefa requererá para ser realizada é baseada, algumas vezes, em condições incertas, especialmente quando fazemos julgamentos retrospectivos.

Simon Grondam, em seu livro “The perception of time: your questions answe­red” (2020), descreve um estudo em que os participantes tiveram de completar cinco tarefas cognitivas, como, por exemplo, dar nomes a animais e plantas em ordem alfabética ou calcular, a partir do número 500 mil, novos números oriundos da sub­tração de 3 em 3 do mesmo. Cada uma dessas tarefas foi desempenhada em uma de cinco durações, variando de 2 a 8 minutos. Em geral, os participantes desse estudo tenderam a superestimar os intervalos curtos e a subestimar intervalos longos. No mesmo estudo, os participantes foram também solicitados, em cada tarefa, a indicar a duração mínima e a duração máxima correspondente a cada. Os resultados indicaram que a duração real situou-se na amplitude estimada em apenas 77 dos 250 casos estudados. Houve até um participante que não foi capaz de dizer que as tarefas tinham diferentes durações. Todavia, quando solicitado a fazer um julgamento da duração do experimento inteiro, apenas 10 dos 50 participantes foram hábeis em estabelecer uma amplitude cobrindo a duração real. Em outras palavras, algumas vezes, as pessoas têm muita dificuldade em estimar a duração de uma tarefa passada.

Parece-nos, assim, que a duração de ativi­dades ou eventos julgados retrospectivamente, tendem a ser superestimados se a estimativa é feita após um certo período do que imediata­mente ao período a ser estimado. Por outro lado, a duração de eventos que prova­velmente ocorrem diariamente é melhor retida quando a duração desses eventos permanece estável. Se esta duração varia, ou muda ao longo do tempo, torna-se mais difícil lembrá-la corretamente. Assim, nós relembramos muito melhor, talvez devido ao uso frequente, a duração de um ciclo normal de uma máquina de lavar do que a duração usual de uma conversação de amigos e colegas ou do tempo de espera, num dado restaurante, antes de ser servido.

Outros pesquisadores, por sua vez, investigaram a acurácia da memória em estimar a duração de eventos públicos e notaram que os erros de estimação podem, algumas vezes, ser muito grandes. Como exemplo, Grondim relata que o papado de João Paulo I, iniciado em agosto de 1978, foi estimado pelos participantes, tendo, em média, 90 dias, quando, de fato, durou apenas 30 dias. Em contraste, o valor médio das estimativas dos participantes da duração do período em que o Irã fez reféns na embaixada norte-americana, iniciado em novembro de 1979, foi de 28 dias, quando na verdade a duração real foi de 442 dias. Assim sendo, os participantes, muito frequentemente, tendem a subestimar a duração dos eventos que eles necessitam relembrar, pois as estimativas podem ser resultantes de um processo de reconstrução na memória.

Há, também, um efeito chamado falácia do planejamento, onde as pessoas tendem a acreditar que elas são hábeis em realizar uma tarefa muito mais rapidamente do que ela, de fato, ocorreu. De acordo com alguns estudiosos, esse efeito pode ser causa­do pela tendência das pessoas em considerar certos aspectos específicos da tarefa e como ela será completada, mais do que se baseando na duração que o desempenho de tarefas similares requereram. Em resumo, conhecer sobre a duração da tarefa parece desempe­nhar um papel importante na qualidade da predição temporal referente à tarefa.

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