Eleito em 25 de novembro do ano passado com 1.627 votos, o advogado Alexandre Nuti comandará a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – 12ª Subseção de Ribeirão Preto pelos próximos três anos.
Advogado militante desde 1990, graduado e mestre em Direito pela Universidade Estadual (Unesp) de Franca e professor universitário desde 2003, Nuti falou ao Tribuna sobre seus projetos à frente da entidade, as eleições deste ano e o momento político do pais.
A 12ª Subseção abrange as cidades de Ribeirão Preto, Jardinópolis, Serrana, Cravinhos, São Simão e Santa Rosa de Viterbo e representa cerca de 9,5 mil advogados.
Tribuna Ribeirão – Este ano teremos eleições para presidente governadores, deputados e senadores. A OAB tem algum projeto para acompanhamento e fiscalização das eleições?
Alexandre Nuti – Temos uma Comissão Permanente de Direito Eleitoral. Além disso, haverá uma comissão temporária de apoio para a fiscalização do andamento do período eleitoral no âmbito de competência da OAB de Ribeirão Preto.
Tribuna Ribeirão – O Brasil enfrenta um período de radicalismos. O senhor acredita que este clima, digamos, tóxico, pode atingir as eleições?
Alexandre Nuti – O radicalismo contamina negativamente a possibilidade do efetivo debate de ideias e propostas. Infelizmente, o fomento e o incremento do radicalismo têm permeando o ambiente político e eleitoral e contaminam, inclusive, as relações pessoais e sociais em vários aspectos.
Tribuna Ribeirão – O senhor comandará a OAB de Ribeirão Preto pelos próximos três anos. Quais são os desafios que vê pela frente?
Alexandre Nuti – Os desafios se transformam a cada momento. Vivemos em uma época inédita no aspecto sanitário, com naturais repercussões na atuação profissional da advocacia. A grande velocidade das transformações da rotina, ambiente de trabalho e desafios para advocacia são nítidas. Além disso, o afastamento físico compromete a interação entre colegas. A OAB deve estar atenta às necessidades da advocacia para possibilitar o pleno exercício profissional.
Tribuna Ribeirão – Quais são os projetos que a OAB tem para levar o acesso à justiça para a população mais carente?
Alexandre Nuti – Essa missão é de todo o sistema de Justiça, porém, cabe ao advogado o primeiro contato com o cidadão para conhecimento das necessidades e aconselhamento jurídico. Temos um convênio com a Defensoria Pública, que encaminha aos advogados conveniados, as questões da população mais carente que não consegue atender. Consideramos que é muito importante difundir informações jurídicas úteis para a população em geral. O conhecimento de seus direitos importa em maior e efetivo exercício da cidadania.
Tribuna Ribeirão – A OAB teve papel importante na luta pela redemocratização do país. Em sua opinião a democracia brasileira enfrenta riscos?
Alexandre Nuti – A democracia no Brasil está constantemente sendo atacada, com maior ou menor intensidade. No período mais recente, com a redemocratização, após o término do regime militar, houve ataques de várias formas, a exemplo da tentativa de controle da mídia, contaminação do processo legislativo pela contrapartida de recebimento de valores ou vantagens e incitação à desobediência institucional. Seja por ataques às instituições e até pessoais aos seus membros. Tudo permeado pela difusão de informações inverídicas para desestabilizar o regime democrático. Todos esses ataques foram suportados e rechaçados por nossas instituições. A sociedade e todas as instituições devem se manter vigilantes para a manutenção da democracia e do estado de direito.
Tribuna Ribeirão – Fala-se que os advogados são desunidos enquanto categoria. O senhor acredita nisso?
Alexandre Nuti – O advogado, até por vocação, tem e defende suas opiniões, o que é salutar para o desenvolvimento de diversos aspectos das questões profissionais e sociais. As divergências de encaminhamentos e entendimentos não devem ser consideradas como eventual desunião. A advocacia é unida em seus propósitos e objetivos essenciais, podendo haver divergências em relação a como se obterá a efetivação do que se pretende. Porém, após decidido o que poderá ou deverá ser feito, seguimos unidos nos mesmos propósitos.
Tribuna Ribeirão – Como a OAB atua para congregar a categoria?
Alexandre Nuti – O relacionamento e a integração entre colegas são essenciais para a categoria. Em tempos do início de minha carreira, essa interação ocorria de modo natural, pois a maioria dos escritórios de advocacia e os fóruns estavam no centro da cidade. A cada ida ao fórum, que eram muitas porque os processos eram físicos (de papel), havia o contato, a conversa, troca de experiências. Com a digitalização dos processos e ainda mais com a recente e rápida transmutação de todos os atos processuais, inclusive audiências para o ambiente virtual, o contato pessoal ficou rarefeito. Compreendemos que devamos realizar eventos culturais, sociais e debates de questões relevantes para a sociedade e para a advocacia.