Adriana Dorazi – especial para o Tribuna
O Consórcio de Municípios da Alta Mogiana (CMM), composto por prefeitos 43 cidades da região de Ribeirão Preto, realizou nesta semana a segunda etapa de reuniões para debater a crise de leitos que está prejudicando pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente com a alta de casos de síndromes gripais neste começo de ano.
Depois de reunir prefeitos para ouvir as demandas dos gestores que reclamam de falhas no sistema de regulação de vagas entre os hospitais, no último dia 7 de janeiro, o consórcio recebeu nesta quarta, dia 12, os relatórios técnicos dos secretários de saúde dos municípios apontando os principais problemas enfrentados por eles nas rotinas de atendimento.
O médico Vinícius Castro, coordenador de saúde do CMM, prefeito de Morro Agudo, destaca que o objetivo do movimento é que seja reavaliado, junto com o governo estadual, responsável sistema CROSS de regulação de vagas, como melhorar a relação entre os municípios que precisam de vagas com aqueles que possuem vagas. “Também é fundamental criar mais vagas, otimizar o uso de bons serviços de hospitais que já existem e podem ser melhorados na região. Assim não é preciso construir nenhuma nova estrutura, utilizando de forma mais eficiente os recursos públicos, melhorando o atendimento para a nossa população”, frisou.
Os casos mais críticos, segundo alguns prefeitos, são as faltas de vagas para pacientes ortopédicos e pediátricos. Desde o início da pandemia a procura pelos atendimentos públicos teria crescido mais de 40% na média, entre todas as cidades, pela migração de quem tinha convênio médico, mas não conseguiu mais manter e passou a procurar o SUS.
Morador de Cravinhos morre por falta de vaga
O prefeito de Cravinhos, Itamar Bueno (PSDB) esteve presente na reunião. A cidade recentemente perdeu um paciente que ficou esperando vaga por horas, dentro da ambulância, na porta da Santa Casa de Ribeirão Preto, depois que o sistema o enviou para ser atendido como “vaga zero”, ou seja, um caso emergencial. Mas, chegando no hospital, não foi possível realizar o atendimento a tempo.
“Todos os municípios possuem o mesmo problema, não há nada de diferente de uma cidade para outra. Hoje na estrutura do estado tem duas regulações, uma só para atender Ribeirão Preto e outra para os municípios da região. E, além disso é feita por São Paulo e isso é a pior coisa que existe. Portanto, temos que pleitear junto ao governo do Estado para que esta regulação volte a ser feita na nossa regional”, declarou.
Ainda de acordo com o prefeito de Cravinhos, a Divisão Regional de Saúde (DRS) é quem conhece as dificuldades dos municípios, muito diferente de São Paulo, onde os atendentes do sistema Cross muitas das vezes nem sabem em qual região do estado é a demanda e qual a melhor forma de resolver.
A ata das duas reuniões, assim como os documentos enviados por cada pasta municipal, irão embasar um parecer conjunto que deverá ser entregue nos próximos dias, pessoalmente, ao governador e gestores da secretaria estadual de saúde. O atual presidente do CMM é Vinícius Magno Filgueira, prefeito de Guará.