Tribuna Ribeirão
Saúde

Covid em RP – Média de mortes supera a nacional

Foto: Rawpixel/Envato Elements

O número de mortes por covid-19 em Ribeirão Preto é maior que a média do Estado de São Paulo e do país. Mais pesso­as também faleceram em decor­rência da doença na cidade em comparação com a capital pau­lista, Campinas, Franca e São José dos Campos, que tem po­pulação semelhante – 737.710 moradores, contra 720.116 de Ribeirão Preto, segundo dados de julho do ano passado divul­gados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento exclusivo foi feito pelo deputado federal Ricardo Silva (PSB-SP), com dados apurados até terça-feira, 4 de janeiro, aponta mau uso da verba recebida pela prefei­tura como uma das causas da morte de 3.020 pessoas em Ribeirão Preto até o início da semana – já são 3.025. A com­paração foi feita levando em conta o total da população em relação ao número de óbitos.

Ribeirão Preto registrou 0,42% de óbitos pela doen­ça, enquanto a média do país, com 213.317.639 habitantes, foi de 0,29%. Já a média do Estado é de 0,33% em relação aos 46.649.132 moradores. Segundo o deputado, se o mu­nicípio tivesse a mesma média do Brasil, por exemplo, seriam 2.088 mortes, em vez de 3.020, ou seja: 932 pessoas não teriam perdido a vida na cidade.

O deputado explica os nú­meros. “Primeiro, são dados oficiais, públicos. Segundo, o que fizemos é verificar o total de moradores de cada localidade e o número de óbitos pela doença, chegando ao percentual de víti­mas. Se Ribeirão tivesse dados iguais a São José dos Campos, cidade com 737.310 moradores, 1.148 pessoas a menos teriam morrido aqui”, diz.

“Lá em São José, com quase 20 mil moradores a mais que Ribeirão Preto, foram 1.980 mortes, contra 3.020 em nos­sa cidade. Se o Brasil tivesse o mesmo percentual de mortes que Ribeirão, 276.689 pessoas a mais teriam morrido no país. Isso demonstra erros do gover­no municipal para combater a doença em Ribeirão Preto”, res­salta Ricardo Silva, que enviará esses novos dados ao Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Para o deputado federal, fal­tou competência e uso eficiente do dinheiro público. “A prefeitu­ra recebeu mais de R$ 155 mi­lhões do governo federal e do es­tadual em 2020. Em 2021, foram mais R$ 40 milhões. Quase R$ 200 milhões no total. Mas com­prou apenas 800 testes rápidos só em maio de 2021, e só agora planeja comprar outros 24 mil”.

“Veja só: São José dos Cam­pos comprou 150 mil testes só no primeiro semestre de 2021. Ribeirão não comprou respira­dores, e a prefeitura desviou R$ 28,3 milhões da saúde para co­brir o caixa do IPM (Instituto de Previdência dos Municipiá­rios), que não tinha nada a ver com a doença”, relata.

“Aquela tenda instalada na UPA da Treze de Maio (Unidade de Pronto Atendimento Doutor Luis Atílio Losi Viana) não fun­cionava direito, sem contar que a prefeitura não ofereceu ajuda alguma aos comerciantes, às pessoas que ficaram desempre­gadas, aos pequenos empreen­dedores, e cobrou todos os im­postos da população, como se a vida estivesse absolutamente normal”, emenda.

“Pra alguns, pode não fazer diferença, mas pra quem per­deu seu pequeno comércio, seu emprego, ou um familiar, um pai, uma mãe, um filho, isso signifi­ca muito. É algo que não dá pra recuperar”, afirma Ricardo Silva. A prefeitura lançou o Programa Acolhe Ribeirão no ano passado. Inicialmente, a previsão era pagar R$ 600 para 20 mil famílias, totali­zando R$ 4 milhões por mês e R$ 12 milhões no total, mas 16.743 foram beneficiadas, com inves­timento total de R$ 10.045.800.

Nos últimos dias, Ribei­rão Preto tem visto aumentar a procura por postos de saúde por pessoas com sintomas de covid-19 e de síndrome gripal. Moradores relataram espera de até cinco horas para ser aten­didos. Ao longo da última ter­ça-feira, praticamente todos os veículos de imprensa noticiaram filas enormes nas unidades de saúde. Recentemente, a prefei­tura fechou a Unidade Básica e Distrital de Saúde Doutor João Baptista Quartin, a UBDS ou Pronto Socorro Central, o que diminuiu os pontos de atendi­mento no município.

O deputado Ricardo Silva cita, por fim, dados do Tribunal de Contas do Estado de São Pau­lo (TCESP), atualizados até 30 de novembro de 2021, que mostram gastos e investimentos de cada cidade no combate à covid-19. A prefeitura de Ribeirão Preto gastou R$ 857,01 por morador infectado durante o ano, enquanto São José dos Campos gastou R$ 1.451,66 por paciente. A administração ribeirão-pretana não comprou nenhum respirador ou monitor, já São José adquiriu 30 respirado­res e 30 monitores com recursos próprios, diz o parlamentar.

Sobre os gastos, a prefeitura de Ribeirão Preto informa, por meio de nota, que “o Tribunal de Contas do Estado julgou regular a utilização da administração municipal dos recursos desti­nados, tanto para enfrentamen­to diretor da pandemia quanto para a mitigação dos efeitos financeiros da pandemia com a recomposição da perda de re­ceita de Estados e municípios”. Com relação ao levantamento feito pelo deputado, adversário político e líder da oposição na cidade, a administração diz que não vai comentar.

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