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Os novos voos de Suely Vilela

FOTOS: ALFREDO RISK

Nas eleições para prefeitu­ra de Ribeirão Preto, no ano passado, Suely Vilela dispu­tou o segundo turno, pelo PSB, com o então candidato a reeleição Duarte Nogueira e recebeu 90.065 votos, equiva­lentes a 36,84% do total.

Professora titular da Uni­versidade de São Paulo (USP), ela foi a primeira reitora da his­tória da universidade, ficando no cargo de 2005 a 2009.

Com doutorado em ciên­cias biológicas e tendo atuado em pesquisas nacionais e inter­nacionais nas áreas de Bioquí­mica e Farmácia, Suely preten­de alçar novos voos. Desta vez rumo à Assembleia Legislativa de São Paulo ou à Câmara de Deputados, em Brasília.

Na semana passada, dia 16 de dezembro, ela trocou o PSB do clã Rafael e Ricardo Silva, pelo PDT do vereador Lin­coln Fernandes. Ao Tribuna ela falou sobre seu novo pro­jeto político e como planeja concretizá-lo.

Tribuna Ribeirão – O que levou a senhora a se lançar como pré-candidata a deputa­da federal?
Suely Vilela – Neste mo­mento estou me filiando ao Partido Democrático Traba­lhista (PDT) após conversar com alguns partidos. Estou me colocando à disposição do partido para o que for neces­sário e eu me sentir confor­tável. Quanto à candidatura a algum cargo, devo mencionar que o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, tem me incentivado nessa direção e estou considerando essa pos­sibilidade. O PDT quer inves­tir em candidaturas no estado de São Paulo visando ao forta­lecimento do partido e acredi­to que, se eleita, posso contri­buir para esse propósito.

Tribuna Ribeirão – Nas eleições para prefeito do ano passado a senhora ficou em segundo lugar, com uma vota­ção expressiva. Essa visibilida­de política que ganhou pode lhe ajudar nas eleições do pró­ximo ano?
Suely Vilela – Considero que as eleições à prefeitura de Ribeirão Preto me proporcio­naram visibilidade e oportuni­dade de demonstrar à popula­ção o meu conhecimento sobre as principais questões que afli­giam a população de Ribeirão Preto e a formular propostas para responder a essas neces­sidades. Ressalto o fato de que iniciamos a campanha com 2% de intenção de votos e fomos crescendo até chegar ao final do primeiro turno com empate técnico com o outro candidato.

Tribuna Ribeirão – Por que a senhora decidiu trocar de partido deixando o PSB dos deputados Rafael e Ricardo Silva para o PDT?
Suely Vilela – Após as elei­ções fui procurada por alguns partidos, o que me permitiu conhecer as diferentes perspec­tivas e oportunidades de cada um deles. Identifiquei-me com os compromissos do PDT. No entanto, é preciso destacar que os deputados Ricardo e Rafael Silva sempre abriram as portas do PSB para mim.

Tribuna Ribeirão – A se­nhora foi a primeira mulher a ser reitora da Universida­de de São Paulo, uma insti­tuição marcada por reitores homens. Como avalia esse protagonismo?
Suely Vilela – Encaro essa eleição à reitoria da USP como o reconhecimento ao trabalho que desenvolvi como pró-rei­tora de pós-graduação da Uni­versidade de São Paulo, onde também fui a primeira mulher a exercer esse cargo e à minha experiência administrativa, fi­nanceira e acadêmica, adquiri­da na Universidade. Ser prota­gonista de uma universidade da importância da USP e, à época, governada por 71 anos, essen­cialmente por homens, certa­mente foi um grande desafio, possivelmente o maior deles em minha vida acadêmica. Como única mulher em um universo masculino a ascen­der à Reitoria da Universida­de, vi-me na contingência de mostrar muito mais trabalho, dedicação, liderança e criativi­dade para a solução dos pro­blemas e para a consecução dos objetivos aos quais me propus. Devo destacar o comprometi­mento que sempre demonstrei em todas as posições e cargos que exerci e a minha disposição permanente de enfrentar de­safios. Assim, com o dobro do empenho, o que normalmente acontece com mulheres, ocu­pando cargos de liderança con­sidero, que fui bem-sucedida na condução da Universidade.
Esse protagonismo, que exerci em conjunto com a co­munidade uspiana, trouxe re­percussões em nível nacional e internacional para a USP, o que muito me honra. Afinal, ter sido a primeira e única mu­lher reitora da Universidade de São Paulo nos seus 87 anos de existência é ao mesmo tempo motivo de orgulho e de grande responsabilidade.

Tribuna Ribeirão – Ao lon­go de sua existência, Ribeirão Preto teve apenas uma de­putada estadual e nenhuma federal. Sua candidatura vai usar esta falta de representa­tividade como instrumento para sensibilização do eleitor sobre a importância de se ele­ger uma deputada mulher?
Suely Vilela – Muito boa a sua colocação e uma ótima sugestão. Como mencionei an­teriormente, estou avaliando a possibilidade da candidatura. Considero importante mencio­nar que, atualmente, a própria imprensa tem ressaltado a im­portância da mulher na política e em outros cargos de lideran­ça. Ribeirão Preto necessita de representantes mulheres na política em nível municipal, estadual e nacional. É funda­mental ocupar os espaços na política e mostrar nossos va­lores e a nossa capacidade em exercer cargos de liderança, seja na Assembleia Legislativa, na Câmara Federal ou, ainda, no setor privado. Precisamos nos fortalecer como lideran­ças, pois, temos sensibilida­de aguda e comprovada para lidar com as adversidades e propor soluções criativas.

Tribuna Ribeirão – A se­nhora tem uma carreira pro­fissional destacada e consoli­dada no mundo acadêmico. O que a levou a se interessar pela política partidária?
Suely Vilela – A minha principal motivação é devol­ver à sociedade tudo que ela investiu em mim. Sou fruto da escola pública. Toda a minha formação, desde a educação básica até o ensino superior, foi adquirida em escolas públicas e em uma universidade pública e gratuita, como a USP. Adquiri conhecimentos, produzi co­nhecimentos em benefício da sociedade, formei pessoas em diferentes níveis, na graduação, pós-graduação e pós-douto­ramento. Exerci vários cargos acadêmicos, administrativos e de gestão em instituições e órgãos no Brasil e no exterior. Tenho, portanto, capacidade para con­tribuir com a transformação de realidades com base nesse conhecimento, contando com o apoio da população. Sei da minha capacidade de trabalho e do meu comprometimento na defesa de diferentes causas, como o emprego, a renda, a educação, a saúde, o meio am­biente e com a equidade tão es­sencial em uma democracia. Só a boa política pode transformar realidades. Como política, pos­so contribuir com a promoção da qualidade de vida da popu­lação, procurando, o mais pos­sível, vencer a injustiça provo­cada pelas grandes diferenças que afligem, de modo crônico, os mais vulneráveis.

Tribuna Ribeirão – Quais serão suas propostas caso seja eleita?
Suely Vilela – Ainda me en­contro na fase de decisão sobre a minha candidatura, portanto, as propostas serão formuladas após essa fase.

Tribuna Ribeirão – Em sua avaliação quais são os principais problemas da ci­dade e da região?
Suely Vilela – São muitos os problemas que poderia elencar, mas vou destacar dois. Em Ri­beirão Preto, a infraestrutura está muito defasada. Esse gover­no já está no controle da cidade há cinco anos e pouco. E vimos melhorar bandeiras defendi­das, ao que me parece, apenas em campanha. A qualidade do nosso asfalto, a mobilidade das pessoas e as obras tão prome­tidas no ano passado, e agora estagnadas, dão uma mostra de como Ribeirão precisa evoluir. No caso das obras, por exem­plo, além do transtorno viário que elas causam diariamente, em decorrência da falta de compromisso e competência da atual administração, nesses locais nós temos proprietá­rios de imóveis desesperados e muitas empresas quebradas. Incompetência, descaso e falta de planejamento, que estão cus­tando muito caro à cidade e aos seus moradores.
Com relação à região, as re­clamações estão direcionadas à saúde pública. As Santas Casas das cidades vizinhas a Ribeirão pedem socorro, principalmen­te por falta de pessoal, leitos e equipamentos. Muitos dos pacientes da região são enca­minhados ao Hospital das Clí­nicas, referência no tratamento especializado de diversas pato­logias. No entanto, nem sempre há vagas. Os nossos parlamen­tares precisam ser mais atuan­tes no enfrentamento efetivo dessa questão sanitária, que aflige ainda mais a população carente de nossa cidade.
A Região Metropolitana poderia ser uma importante ferramenta de trabalho, nesse sentido. Infelizmente, algo que demorou tanto para ser con­quistado, depois de quase meia década, ainda não decolou, res­tando, apenas, o uso eleitoreiro dessa conquista.

Tribuna Ribeirão – Qual avaliação a senhora faz da atu­al administração municipal de Ribeirão Preto?
Suely Vilela – Eu a classifi­co como uma administração que não pensa nas pessoas. No meu ponto de vista, o foco de uma administração tem que ser nas pessoas, na melhoria da qualidade da vida da po­pulação. Portanto, eu a consi­dero omissa e extremamente cruel com a população, espe­cialmente, quando se trata dos impostos. Aumentar o IPTU em 11%, corrigindo a inflação, é de direito do senhor prefeito. Mas será que é legítimo? Neste momento, ainda de pandemia, com altos índices de inflação, de desemprego, de falta de ren­da e de grandes desigualdades sociais, o prefeito deveria ter o mínimo de empatia pela popu­lação. Compreender as dificul­dades que as pessoas enfrentam nessa crise, sem condições de pagar pelo aumento de impos­tos, faz parte de uma gestão hu­mana, dedicada ao bem-estar da população. O dinheiro que entra nos cofres da prefeitura referente ao IPTU tira da mesa o sustento de uma família.
Adicionalmente, para pio­rar a situação da população o prefeito cria, por meio de de­creto, a taxa para a coleta de lixo, cujo valor ainda não foi definido. Essa taxa é questio­nável tanto com relação à sua legalidade quanto à respectiva moralidade. Felizmente, no dia 14 deste mês, a Câmara rejeitou a criação da referida taxa. De qualquer forma, o presente de Natal que o prefeito programou dar à população é o aumento no valor do IPTU e a nova taxa de lixo, que felizmente, neste momento, está suspensa.

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