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SP quer comprar vacina infantil

ERIC SEALS/REUTERS

O governador de São Pau­lo, João Doria (PSDB), auto­rizou o Estado a iniciar ne­gociação com a farmacêutica Pfizer para adquirir a vacina contra covid-19 destinada a crianças de 5 a 11 anos. Ape­sar de ter o mesmo princípio ativo dos imunizantes aplica­dos em adultos, a formulação pediátrica tem uma dosagem menor e deve atender a ou­tras especificações.

O início da vacinação de crianças, portanto, fica condi­cionado à entrega de vacinas adaptadas, mas ainda não há previsão de quando isso irá ocorrer. Na manhã de quin­ta-feira, 16 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da vacina da Pfizer no público de 5 a 11 anos.

A inclusão do novo grupo foi publicada no Diário Oficial da União na tarde do mesmo dia. Com esse registro, o Mi­nistério da Saúde está libera­do para iniciar a aplicação de imunizantes em crianças – o que já é feito em grande parte dos países. O ministério, no entanto, ainda não deu prazo para começar a imunização dessa faixa etária.

Com isso, sob autorização de Doria, a Secretaria da Saú­de do Estado de São Paulo encaminhou ofício à Pfizer comunicando o interesse do governo do Estado em adqui­rir as doses e agilizar o pro­cesso. A gestão paulista en­viou ainda outro ofício, desta vez ao Ministério da Saúde, solicitando liberação e dispo­nibilização imediata de doses para imunização de crianças.

O envio dos documentos aconteceu após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ter afirmado que não haverá vacinação para crianças em 2021. Segundo ele, até agora não há reserva de doses nem previsão de data para início da imunização do grupo. “É preciso ser feita uma análise”, disse Queiroga.

O Brasil ainda não tem em solo nacional as chamadas doses pediátricas da vacina da Pfizer, uma vez que a vaci­nação de crianças não estava aprovada pela Anvisa até en­tão. Ainda assim, a farmacêuti­ca explicou que o terceiro con­trato firmado com o governo brasileiro, que permitirá o for­necimento de 100 milhões de imunizantes anticovid no ano de 2022, inclui a possibilidade de entrega de versões para di­ferentes faixas etárias.

A vacina da Pfizer está re­gistrada no país desde 23 de fe­vereiro deste ano. Inicialmen­te, o imunizante foi autorizado para pessoas com mais de 16 anos. Em 11 de junho, a An­visa liberou a inclusão da faixa etária de 12 a 15 anos. A dis­ponibilização depende do que for solicitado pelo Ministério da Saúde. Apesar de ter apoio do Conselho Nacional de Se­cretários de Saúde (Conass) e de outros especialistas, o tema enfrenta a resistência do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores.

Repúdio
A Anvisa emitiu nota nesta sexta-feira (17) na qual repu­dia o que chama de “ameaças” feitas pelo presidente Jair Bol­sonaro (PL) anteontem em transmissão ao vivo nas redes sociais. O chefe do Executivo co­brou publicamente a divulgação dos nomes dos servidores que aprovaram a aplicação da vaci­na da Pfizer contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.

“A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qual­quer ameaça, explícita ou vela­da que venha constranger, inti­midar ou comprometer o livre exercício das atividades regu­latórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso traba­lho, que é proteger a saúde do cidadão”, diz o órgão em nota assinada pelos diretores e pelo presidente Antonio Barra Tor­res, indicado por Bolsonaro, mas rompido com o governo.

“Ativismo violento”
De acordo com a Anvisa, a agência está no “foco e no alvo do ativismo político violento”. Os servidores já relataram à polícia ameaças de morte por grupos antivacina antes mes­mo da aprovação do imuni­zante para crianças. “O servi­ço público aqui realizado, no que se refere à análise vacinal, é pautado na ciência”, lembra o órgão, que garante um am­biente de trabalho “isento de pressões internas e avesso a pressões externas”.

A Anvisa ainda ressalta que todas as suas resoluções estão direta ou indiretamen­te atreladas ao nome de todos os nossos servidores. Como a vacina da Pfizer já tem registro definitivo no Brasil, a amplia­ção do público-alvo é feita pela área técnica, e não apenas pe­los diretores comumente mais expostos na mídia.

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