O depoimento do secretário municipal de Administração, André Almeida Moraes, nesta terça-feira, 14 de dezembro, em sessão extraordinária na Câmara de Ribeirão Preto, não teve novidades e pouco acrescentou ao tema. Ele foi convocado para prestar esclarecimentos sobre a situação atual do contrato de concessão e os valores repassados este ano ao Consórcio PróUrbano – grupo concessionário do transporte coletivo na cidade, formado por Rápido D’Oeste (50%) e Transcorp (50%).
O secretário fez uma apresentação considerada “genérica” por vereadores ouvidos pelo Tribuna. Também citou dados de outras cidades que fizeram repasse para o transporte coletivo durante a pandemia, além de falar sobre a necessidade de revisão do pacto federativo no país como forma de o município receber mais recursos.
Negou que o contrato de concessão com o Consórcio PróUrbano esteja irregular. Sobre os serviços prestados pelo concessionário, reforçou que foram estabelecidos pela gestão da ex-prefeita Dárcy Vera e, portanto, não seria responsabilidade da gestão Duarte Nogueira (PSDB). O contrato de concessão foi assinado em maio de 2012.
As respostas genéricas do secretário provocaram irritação no vereador Marcos Papa (Cidadania). Ele afirmou categoricamente que a apresentação dos slides feita pelo secretário seria pertinente se tivesse sido feita em 2017, no primeiro ano do primeiro mandato de Nogueira e não no meio do quinto ano da gestão tucana.
Em relação à revisão do contrato de concessão, André Almeida reafirmou que a Secretaria Municipal de Administração homologou, em 3 de dezembro, a licitação para a contratação de empresa especializada que vai realizar os estudos sobre o equilíbrio econômico-financeiro do transporte coletivo urbano.
A empresa vencedora foi a Oficina – Engenheiros Consultores Associados Ltda. de São Paulo. O contrato de consultoria tem custo de R$ 457.996,00 e vigência de um ano. Segundo o secretário, do total de R$ 17 milhões repassados pela prefeitura ao PróUrbano como forma de mitigar os prejuízos causados pela pandemia do coronavírus, só faltam ser repassados R$ 2 milhões. O valor será liberado este mês.
Garantiu também que o “socorro” poderá ser descontado do consórcio na revisão do contrato. Ele foi convocado a partir de projeto de resolução da Mesa Diretora elaborado com base em requerimento de autoria de Marcos Papa, aprovado em 9 de novembro.
Nota polêmica
A proposta de Marcos Papa teve origem em nota enviada pelo consórcio à imprensa. O consórcio diz que atravessa uma crise financeira sem precedentes e não teria caixa para bancar o décimo terceiro salário dos cerca de 600 motoristas e outros funcionários. Desde o início da pandemia de coronavírus, o prejuízo chega a R$ 56.792.806,32.
Este valor não contabiliza o prejuízo anterior à crise sanitária e desconta os recursos já repassados pela prefeitura para mitigar o desequilíbrio no setor causado pela pandemia de coronavírus. A convocação foi direcionada ao secretário municipal da Administração porque a pasta é responsável pelo gerenciamento do contrato, cabendo à Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) apenas a fiscalização operacional.
Prejuízo
O PróUrbano diz que desde a assinatura do contrato de concessão, em maio de 2012, o consórcio vem sofrendo prejuízos. Foram sucessivos pedidos de reequilíbrio contratual desde 2017, acompanhados de laudos técnicos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), “comprovando a real necessidade.
Esse desequilíbrio foi ainda mais agravado pela pandemia de covid-19. O sistema de transporte foi brutalmente impactado”, ressalta. Como garantia pelo empréstimo de R$ 17 milhões, foram oferecidos 68 veículos da Rápido D’Oeste e 66 da Transcorp avaliados em a R$ 17.071.949,00.
A proposta de caução foi encaminhada para o secretário municipal de Justiça, Alessandro Hirata, após o consórcio ser notificado oficialmente pela pasta sobre a decisão liminar expedida pela juíza Lucilene Aparecida Canella de Melo, da 2ª Vara da Fazenda Pública.
Hoje a passagem de ônibus custa R$ 4,20 e está congelada desde janeiro do ano passado por decisão judicial. Ribeirão Preto possui uma frota de 354 ônibus no transporte coletivo que operam 117 linhas. Dados da Transerp indicam que houve um aumento de 132,1% no volume de passageiros em cerca de quatro meses, de aproximadamente 56 mil por dia em junho para 130 mil atualmente. São 74 mil a mais.