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Bebidas alcoólicas: entre o uso e o abuso

A época de festas se aproxima. Com ela vão chegar tam­bém, como em todos os anos, notícias sobre violências e mor­tes, muitas delas ligadas ao uso abusivo de bebidas alcoólicas.

Digo sempre que o álcool, ingerido abundantemente, é um “tóxico consentido”. Contra ele não se vê uma cam­panha tão firme quanto a observada para outras substân­cias perigosas. No entanto, as bebidas alcoólicas, quando ingeridas abusivamente, podem levar à destruição física, psicológica e social. Seus efeitos podem ser terríveis.

Entre as muitas concessões feitas à excessiva ingestão alcoólica chama atenção a elasticidade do conceito de “be­bedor social” já que a definição fica por conta de cada um, e nem sempre é imparcial. Muitos se definem “bebedores sociais” por só beberem em festas, mas não percebem que participam de festas quase todos os dias e que, em cada uma delas, bebem grandes volumes.

Outra interessante concessão é feita à cerveja. A tal ponto que muitos, ao serem proibidos pelo médico de consumirem bebidas alcoólicas, fazem candidamente um misto de pergunta e afirmação: “mas, cerveja pode, não é?”. Pensam e agem como se cerveja não fosse bebida alco­ólica. No entanto, se é verdade que a cerveja tem um nível alcoólico até dez vezes menor que o das bebidas destila­das, como a aguardente cana, não é menos verdade que o volume que se ingere é muito maior. Quem bebe volume mais de dez vezes maior de cerveja que de aguardente, está ingerindo mais álcool.

Por sinal, a propósito da aguardente ou pinga, o Bra­sil ostenta o vergonhoso título de campeão mundial no consumo de bebidas alcoólicas destiladas, graças à grande produção de “pinga” e seu consumo, principalmente pela população mais pobre.

As informações prestadas acima não pretendem ser moralistas. O consumo do álcool faz parte da sociedade humana e suas origens se confundem com as raízes da história. O que se procura é dar subsídios para que, equili­bradamente, se possa distinguir os limites da utilização de uma bebida, separando o efeito estimulante e agradável, do efeito tóxico, maléfico e perigoso.

O alcoolismo se associa a um aumento de duas a seis vezes na taxa de mortalidade. Repetindo, em uma popu­lação de bebedores imoderados a média de mortalidade é de duas a seis vezes maior que a média de mortalidade da mesma população com igual distribuição de sexo e idade. Essa mortalidade aumentada corre por conta de doenças graves determinadas pelo alcoolismo, como a cirrose hepática e a pancreatite, consequências da ingestão de álcool por longo tempo, e pelos acidentes, violências e suicídios que a inges­tão aguda e abusiva de bebidas alcoólicas pode induzir.

Dentre as obrigações do médico e do cidadão para com sua comunidade está a de orientar na busca de uma vida saudável. Quanto à utilização de bebidas alcoólicas é fundamental que se tenha sempre em mente os limites entre uma ingestão equilibrada e associada a prazer e alegria da ingestão abusiva e continuada, ligada ao sofrimento e a dor.

A distância entre o uso e o abuso precisa ser conhecida, sob pena de, na busca de prazer, achar a doença, o deses­pero e até a morte.

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