João Augusto da Palma *
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Os mais experientes policiais dizem que o criminoso sempre volta ao local do crime – seja no crime de morte, de furto ou de outra qualquer natureza.
Na Zona Sul de Ribeirão Preto, família saiu, foi jantar e quando voltou encontrou a porta principal escancarada. A polícia foi chamada e disse que algo ocorreu que fez os ladrões saírem inesperadamente, apressadamente. Não tiveram tempo para pegar nada. Policiais dizem que é sinal da provável volta dos ladrões a qualquer dia e hora.
Numa das churrascarias, próxima aos Fóruns (da Marginal) e de uma casa de tintas, o ladrão retirou a fechadura da porta principal (de vidro, não quebrou nada), em poucos minutos, por volta das 4 horas da madrugada. As câmeras não impediram entrar, mas mostraram que era um só, que chegou numa bicicleta; poderão ajudar a investigação. Detalhe: tinha uma lanterna na testa – nem acendeu as luzes da churrascaria.
Do caixa pegou alguns trocados. Na cozinha recolheu todas as peças de carne, de vaca, de porco – o que tinha de melhor. Fugiu como veio, na bicicleta. Quer dizer, a carne – pelo preço, é hoje produto de luxo, atende as necessidades – vale a “empreitada” e os riscos futuros; mostrou habilidade e rapidez no ataque criminoso. A líder dos moradores (Dra. Maria José Barbosa) está cobrando resultado na atuação policial.
Há 200 metros da Avenida 9 de Julho, o ladrão também chegou de bicicleta, também eram 4 horas da madrugada, mostraram as câmeras da casa. Sozinho tirou toda a fiação da frente, das paredes laterais, dos fundos e as tubulações do ar condicionado. Seu objetivo eram os fios de cobre, que vende como ouro para comprar droga.
Quando os da casa acordaram, estavam no escuro, sem telefone, sem ar condicionado, sem alarme, sem internet – sem nada, ou melhor, sem tudo!
Vê-se que ladrão eficiente não precisa de um veículo equipado – basta uma tradicional “magrela” (bicicleta) e esperar as 4 horas da madrugada: neste horário todos já se deitaram e dormem, depois dos últimos filmes e jogos da mesma noite na TV.
O ladrão da bicicleta está virando pesadelo, porque espera o sono profundo e nem o alarme dos prédios impede levar carne para casa. Ele dribla as polícias (do Doria e dos moradores) e, certamente, quando preso vai dar trabalho à Justiça. Só uma prisão preventiva poderá fazer voltar a paz dos moradores dessas áreas da cidade em época de férias da família e viagem neste final de ano. Talvez uma das polícias seja mais rápida. Será mesmo? Poderá ser, este ano, o aguardado presente do “velhinho” aos moradores e comerciantes incomodados. Desde já, feliz Natal a todos.
* Advogado especialista (USP) em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, consultor de empresas, professor e escritor